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6.02.2012

A vida melhor, mesmo com Parkinson

Medicações modernas, uso de terapias complementares e pesquisa de novos recursos possibilitam maior controle dos sintomas provocados pela doença

Monique Oliveira

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VIGOR
Josias mantém a disposição para caminhar diariamente
A cabeleireira aposentada Claudete Santiago, 70 anos, de São Paulo, ainda faz cortes de cabelo, tintura e, uma vez por semana, dança tango. O ex-bancário Josias Cassiano, 60 anos, mantém a disposição para caminhar diariamente. Os dois são portadores de Parkinson, doença neurodegenerativa caracterizada por tremores, que afeta cerca de 400 mil brasileiros. “Mas estou muito bem”, diz Claudete. “Consegui superar as dificuldades”, afirma Josias.

Os dois fazem parte de uma geração de pacientes que está conseguindo viver melhor, apesar da doença. Trata-se de uma realidade possível graças aos avanços obtidos nos últimos anos em relação ao conhecimento sobre a doença e sua consequente repercussão para o aprimoramento do tratamento. Hoje, os remédios conseguem controlar com mais sucesso os sintomas da condição – rigidez muscular e problemas de digestão e depressão, entre eles.

Além disso, o uso de terapias complementares promoveu melhora importante para a qualidade de vida dos pacientes. A fisioterapia, por exemplo, é indispensável para atenuar a rigidez muscular. Técnicas como o tai chi chuan ajudam no equilíbrio postural. Um estudo do Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA) com 195 pacientes deixou isso evidente ao mostrar que a atividade melhorou os tremores e o equilíbrio. “Em casos mais graves, aumenta-se a dose do remédio ou opta-se pela cirurgia”, diz o neurologista Egberto Barbosa, do Hospital das Clínicas de São Paulo. As alternativas cirúrgicas destinam-se a reequilibrar a atividade dos neurônios das regiões cerebrais associadas à doença (chamados dopaminérgicos). O desequilíbrio prejudica a produção e o funcionamento da dopamina, uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios, relacionada ao controle motor.

Recursos interessantes também estão em pesquisa. Um dos mais promissores é uma vacina pesquisada com financiamento da fundação do ator Michael Jay Fox, 50 anos, diagnosticado com Parkinson aos 30. Na primeira fase do estudo em humanos, o imunizante estimulou o organismo a fabricar anticorpos contra a proteína alfa-sinucleica. “Sua concentração é maior em pessoas com Parkinson”, explica o neurologista Henrique Ferraz, da Universidade Federal de São Paulo. Os cientistas acreditam que o combate à substância poderia curar ou diminuir muito os sintomas. “Em animais, observamos melhoras visíveis”, disse à ISTOÉ Walter Schmidt, diretor do laboratório responsável pelo estudo da vacina.
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ROTINA
Ligia recebeu o diagnóstico há sete anos. Mas trabalha,
cuida das filhas e ainda brinca com o sobrinho
Na Universidade da Pensilvânia (EUA), aposta-se na transformação de células nervosas em neurônios dopaminérgicos. O objetivo é tentar repor aqueles que foram perdidos por causa da degeneração. Em animais, o método cessou os sintomas da doença. Já em fase mais adiantada, uma terapia criada em sete centros de estudo americanos e testada em 45 pacientes reduziu bastante os tremores. Os cientistas usaram terapia genética para induzir, no cérebro, a fabricação de uma substância que diminui a atividade cerebral em uma área excessivamente ativada em portadores da enfermidade.

Outra frente importante é a genética. Até agora, já foram descritas mais de 18 variações vinculadas à doença. Uma delas pode explicar o surgimento da doença na fotógrafa Ligia Melo, 30 anos, diagnosticada aos 23 anos. Apesar do choque do diagnóstico tão cedo, Ligia também se beneficia dos progressos contra a doença. “Não conseguia sequer pentear o cabelo”, relata. “Hoje, trabalho, consigo segurar a câmera e cuidar das minhas filhas”, diz ela, mãe de Natália, 11 anos, Carla, 7 anos, e com disposição de sobra para brincar com o sobrinho, Murilo.
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