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7.03.2012

5 MILHÕES DE BEBÊS fertilização in vitro (FIV)


 Desde o nascimento de Louise Brown, primeiro bebê de proveta, em julho de 1978, o número de crianças nascidas por reprodução assistida foi estimado em cinco milhões, segundo cálculos baseados no número de tratamentos por fertilização in vitro (FIV) e injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI, na sigla em inglês) até 2008, com estimativas para os três anos seguintes. As contas foram feitas por um comitê internacional para apresentação, esta semana, no encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE, na sigla em inglês). No Brasil, o número estimado é de 300 mil bebês segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
— Em 24 anos de clínica temos cerca de 3.500 bebês. Extrapolando este número para o resto do país, deve chegar a 300 mil bebês — calcula o ginecologista Luiz Fernando Dale, especialista em reprodução assistida e integrante do conselho editorial da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
Para Dale, o feito de 1978 foi fantástico porque não havia muita tecnologia nesse campo, mas de lá para cá a evolução foi muito rápida e os resultados no Brasil são os mesmos do resto do mundo, com chances de cerca de 45% de gravidez por estes métodos. A diferença, segundo ele, é o investimento em pesquisas e subsídios por parte do governo: em países europeus, por exemplo, há reembolso ou financiamento em tratamentos de fertilização, explicado em parte pelo envelhecimento da população.
— Este seria um avanço porque o tratamento hoje é caro para o nosso país. Outro progresso para o futuro seria o desenvolvimento de tecnologias não invasivas de análise de embrião, que muitas vezes é danificado nesta etapa por causa do método invasivo usado — acredita.
De acordo com o ginecologista Marcelo Valle, médico do Hospital da UFRJ, hoje o Brasil faz 6% dos tratamentos que poderia por causa de fatores econômicos, mas o grande desafio do futuro seria interferir no processo de implantação do embrião para ter mais sucesso.
— Hoje conseguimos detectar se o embrião é geneticamente normal ou não, mas o endométrio é um limitador porque tem uma janela de implantação do 19º ao 23º dia do ciclo, no qual há um aumento de secreção por causa da exposição ao estrogênio e à progesterona. O problema é que isso não acontece todo mês para todo mundo e não há um marcador para aferir isso — explica.
Entre os avanços destes 24 anos, o diretor científico da SBRH, Waldemar Naves do Amaral, aponta a melhoria instrumental de tecnologia e equipamentos e a ICSI, que melhorou a questão da fertilidade masculina.
— Na década de 80 o índice de gravidez por métodos de reprodução assistida era de 15%, hoje é de 40% devido à tecnologia. A ICSI que passou a ter valor mundial a partir de 1996, também é um marco populacional que melhorou muito os índices masculinos— cita.
Outros dados levantados pelo comitê internacional indicam que cerca de 1,5 milhão de ciclos por reprodução assistida são realizados no mundo inteiro por ano, produzindo 350 mil bebês. E os números só aumentam, sendo os EUA e o Japão os países mais ativos. Na Europa, a média é de cerca de mil ciclos por milhão de habitantes, mas esse número varia entre os países e de acordo com as políticas de financiamento.
De acordo com a diretora do consórcio que monitora a FIV no ESHRE, a necessidade global é estimada em pelo menos 1.500 ciclos por milhão, realidade só vista na Dinamarca (2.726 ciclos por milhão), Bélgica (2.562 ciclos), República Checa (1.851 ciclos), Eslovênia (1.840 ciclos) e Suécia (1.800 ciclos). Entre os países muito abaixo desta meta estão a Áustria (747 ciclos por milhão), Alemanha (830 ciclos), e Itália (863 ciclos).
— Cinco milhões de bebês são uma demonstração clara de que a FIV e a ICSI são parte essencial de terapias para o tratamento de casais inférteis. Muitos aspectos mudaram desde os primeiros anos, especialmente em resultados de bebês nascidos, mas ainda há espaço para melhorias. Nosso objetivo é o nascimento de um único bebê saudável e isso pode ser atingido com melhores processos clínicos e embriológicos — avalia.
No Brasil atualmente, a lei permite a implantação de dois embriões em mulheres com menos de 35 anos, no máximo três embriões em mulheres entre 36 e 40 anos, e quatro embriões em mulheres acima de 40 anos

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