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8.26.2012

Apesar de riscos, cresce número de cirurgia vaginal estética

 Foto: Getty Images "As mulheres chegam e me dizem que não têm mais o desejo de ter relações sexuais porque nada sentem", disse Miklos
 
Médico ginecologista e cirurgião plástico de reconstrução, John Miklos, de Atlanta, nos Estados Unidos, se define como um "alfaiate médico", especializado em cirurgia para remodelar partes íntimas da mulher. O médico, atuando como cirurgião ginecologista há quase 20 anos, cita casos de pacientes que dizem ter obtido melhor desempenho sexual depois da vaginoplastia, um procedimento para apertar cirurgicamente o canal da vagina, alargada pela idade ou partos.
"As mulheres chegam e me dizem que não têm mais o desejo de ter relações sexuais porque nada sentem", disse Miklos. "Eu garanto que se um homem não sentisse nada, ele também não faria sexo." A cirurgia cosmética na genitália feminina é um pequeno segmento do mercado de cirurgia plástica nos Estados Unidos, mas está crescendo, e se estima que milhares de mulheres se submetam a essa intervenção todos os anos.
Essa expansão ocorre apesar do alerta feito em 2007 pelo Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras (Acog, na sigla em inglês), que questionou fortemente a validade médica e a segurança da cirurgia cosmética no órgão sexual feminino. No começo deste ano a entidade debateu a tendência em seu encontro anual, em San Diego, na Caligórnia. "Não foi comprovada a eficácia em nenhum desses procedimentos, e há um potencial de danos", escreveu a ginecologista Cheryl Iglesia, de Washington, ex-membro do comitê da Acog, em um editorial na publicação Obstetricia e Ginecologia, edição de junho.
"As mulheres estão sendo enganadas ou estão confusas sobre o que é normal... e sobre o que constitui uma condição para a qual podem obter ajuda por meio de tratamento", escreveu ela no artigo. Críticos dizem que a tendência é o mais recente serviço destinado a mulheres em busca de um ideal impossível de perfeição física, estimulado pela pornografia na Internet e propaganda de cirurgiões que podem não estar explicando todos os riscos, como infecções, cicatrizes, dor e perda das mesmas sensações que algumas pacientes buscam melhorar.
"Mesmo quando as mulheres são informadas sobre as potenciais complicações, como insensibilidade do clitóris, ainda assim elas podem não mudar de ideia se têm a noção de que precisam de uma aparência mais jovem ou uma vulva mais perfeita ou mais desejável", disse o psicólogo Harriet Lerner, especializado em questões femininas. Mais de 2.140 mulheres se submeteram a cirurgias de "rejuvenescimento vaginal" no ano passado nos Estados Unidos, de acordo com a Sociedade Americana para a Cirurgia Plástica Estética. Mas a Sociedade Internacional de Cirurgiões de Plástica Estética estima o total no país em 5.200 em 2010.
Especialistas dizem ainda que essas cifras não incluem muitos procedimentos feitos por ginecologistas. A Acog alerta não apenas para os riscos da cirurgia na genitália, mas também enfatiza que a resposta sexual feminina é induzida por fatores psicológicos, e não pela aparência da genitália. A entidade pediu que seus membros estejam conscientes de como podem estar influenciando uma paciente ao falar sobre a cirurgia. Nos EUA, médicos dizem que desde adolescentes a mulheres na casa dos 70 anos querem conversar sobre a intervenção cirúrgica, que pode custar entre US$ 2.500 US$ 2 mil dólares e não costuma ser coberta por planos de saúde.
"Eu digo a todas as pacientes que elas são normais do jeito que são", disse Miklos, que anualmente realiza cerca de 180 labioplastias, para cortar o excesso de pele ao redor da abertura vaginal. "Eu nunca sugeriria que elas fizessem uma (labioplastia). Qual é o tamanho certo de um nariz ou de um queixo? Isso é com cada indivíduo. É seu direito decidir", afirmou.
 

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