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8.25.2012

Dificuldades para os cadeirantes

 Novos trens do metrô revela desnível entre vagão e plataforma

 Diferença chega a cerca de um palmo


Na estação Maracanã, o desnível entre o piso trem e a plataforma chega a um palmo
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Na estação Maracanã, o desnível entre o piso trem e a plataforma chega a um palmo Pablo Jacob / Agência O Globo
RIO - Depois de oito meses de atraso na entrega da primeira composição, o novo trem do metrô fez sua primeira viagem nesta sexta-feira. Nela, a reportagem do GLOBO percebeu que há um desnível de 22 centímetros (o equivalente a um palmo) entre o vagão e a plataforma nas estações do Maracanã, Cidade Nova e Flamengo. A nova composição começa a funcionar em regime de operação assistida neste sábado. Nesta fase, que vai durar 30 dias, serão feitos testes com passageiros nas viagens diárias de 10h às 15h e das 21h à meia-noite.
O presidente da Metrô Rio, Flávio Almada, minimizou o problema, dizendo que há um sistema eletrônico nos trens que permite que, ao chegarem às estações, não haja o desnível. Almada acrescentou que o próprio peso dos passageiros faria os trens “cederem” e atingirem o nível da plataforma. Mas não foi isso que o O GLOBO constatou. Ao parar em algumas estações, mesmo com passageiros dentro, o desnível permaneceu.
O engenheiro mecânico e de segurança do trabalho Jaques Sherique, diretor do Clube de Engenharia, recebeu com surpresa a denúncia do GLOBO, já que na última quarta-feira ele e mais quatro engenheiros vistoriaram, a convite do Crea-RJ, o funcionamento das composições chinesas.
— É inaceitável uma distância dessa não só para cadeirantes como para pessoas idosas. Quando há muita gente na porta dos vagões, quem embarca não costuma olhar para o chão. E sabemos que 80% dos acidentes no metrô ocorrem entre a plataforma e o metrô. Com certeza, com esse desnível, teremos mais acidentes.
Sherique afirmou que o Crea aguarda um relatório das 54 plantas de todo o metrô para emitir um parecer final em até cerca de 30 dias.
Segundo a assessoria de imprensa do Metrô Rio, na operação assistida, realizada nos primeiros 30 dias a partir deste sábado, as falhas identificadas receberão os devidos ajustes, incluindo essa encontrada pelo GLOBO, já que o trem possui um sistema de regulagem, que vai nivelar a altura entre a plataforma e os vagões.
Apesar do aumento de 63% da frota, Almada admitiu que o primeiro trem não atenderá, por enquanto, ao que ele chamou de “massa crítica”, a população que usa o transporte nos horários do rush, mas disse estar otimista para os próximos meses:
— Em dezembro, já teremos dez trens em operação, quando será verão e haverá muito mais conforto. Hoje nós estamos transportando 700 mil pessoas. A partir de março, poderemos ofertar 1 milhão e 200 mil lugares. Essa oferta já é suficiente para as Olimpíadas — afirmou Almada, acrescentando que os novos trens possuem capacidade de saturação até 2025.
O governador Sérgio Cabral afirmou que este é um dos legados que o Rio precisava para os Jogos Olímpicos. Durante o evento, Cabral fez dois anúncios: a aquisição de um empréstimo com o Banco Mundial, no próximo dia 5 de setembro, no valor de 600 milhões de dólares, para a aquisição de 60 trens para a SuperVia. E o início das obras da linha 3 do metrô, que ligará Niterói a São Gonçalo, em janeiro de 2013.
— Com os BRTs da prefeitura, teremos quase 70% da população da região metropolitana andando em transporte de massa. É uma mudança radical na vida das pessoas.
Menos assentos para mais passageiros
Os carros dos novos trens têm menos assentos do que os antigos para dar mais espaço a passageiros em pé. As composições atuais possuem carros com 38 , 42 e 48 lugares. As novas contam com 38 lugares em cada vagão e capacidade para 1.800 pessoas. Apesar da quantidade menor de assentos, a capacidade total do metrô vai aumentar devido ao número de vagões. Hoje a Linha 1 funciona com 13 composições de cinco carros e a Linha 2 com 19 composições que possuem seis carros. Com os novos trens, a linha 1 terá 19 trens e a linha 2, 28 composições, todas com seis carros.
A menor quantidade de assentos incomodou a promotora de vendas Ana Maria Teixeira, de 48 anos, que foi em pé de Vicente de Carvalho até Botafogo. Para ela, com mais pessoas em pé, o desconforto nas horas do rush poderá ser maior.
— É complicado porque, quando ficar cheio, como as pessoas vão sentar? Vão ficar várias em pé, sem ter como todo mundo segurar em alguma coisa e, assim, vai ficar um passageiro “em cima” do outro.
A gaúcha Dilaine Weber, de 42 anos, está de férias no Rio e experimentou tanto o antigo quanto o novo trem nesta sexta-feira e aprovou a temperatura, em torno dos 23ºC, mas criticou a diferença na quantidade de assentos.
— Meu marido tem problema sério de coluna e está aqui, em pé. Minha mãe, que é idosa, está pegando o metrô, visitando outros bairros, e pode não encontrar lugar. Nesse sentido, acho que (o transporte) piorou.
Já para o aposentado José Carvalho Andrade, de 70 anos, o espaço maior para os passageiros torna a viagem mais confortável.
— Para esse sistema, é necessário ser dessa forma mesmo.
O presidente da concessionária afirmou que o novo layout interno dos trens - com bancos dispostos em forma longitudinal, para possibilitar mais passageiros em pé - é um padrão mundial.
— É normal você ficar 15 minutos em pé em qualquer transporte de massa. Não é para percurso curto. As pessoas realmente não ficam sentadas.
Cabral rebate críticas ao traçado da Linha 4
O governador rebateu, ainda, as críticas de especialistas na área de transporte, feitas durante o seminário X Rio de Transporte, em relação ao traçado da Linha 4, que, ligando a Ipanema à Barra da Tijuca, funcionará como uma extensão da linha 1.
— Se você for a estações de metrô do mundo inteiro, vai ver linhas maiores do que essa. Do ponto de vista técnico, econômico e social, é a grande solução. Vamos acabar com a maior concentração de veículos de passeio do Rio de Janeiro, que é exatamente nessa linha Barra da Tijuca - Zona Sul.
A assessoria de imprensa do Governo do Estado informou que não há possibilidade de o traçado da linha 4 voltar ao original, que sairia do Largo da Carioca, passando pelos bairros de Laranjeiras, Botafogo (Dona Marta), Humaitá, Jardim Botânico e Gávea.
O investimento nos 19 trens chineses foi de R$ 320 milhões, de acordo com o Metrô Rio. Segundo a concessionária, os bancos, dispostos de forma longitudinal, oferecerão mais espaço aos passageiros, que também poderão mudar de carro durante a viagem por meio das passagens sanfonadas (gangways). Todas as composições terão câmeras, e painéis de LED informarão o mapa das estações e orientarão o desembarque dos passageiros.
Com toda a frota em operação, a previsão é que os intervalos passem de seis para quatro minutos nas pontas de linha (entre Pavuna e Central, entre Saens Peña e Central e entre Ipanema/General Osório e Botafogo); e de três para dois minutos no trecho compartilhado (entre Botafogo e Central).

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