"Tenho andado muito pelo Brasil, reunindo-me com amigos e companheiros,
fazendo palestras, participando de debates. Recebo, aonde vou, a
solidariedade e o apoio dos que têm plena consciência de que a punição a
mim imposta por 293 deputados foi injusta e política. Não cometi nenhum
crime, não feri o decoro parlamentar, não me envolvi em negociatas.
Meus adversários políticos, que pregaram a minha cassação para
afastar-me da vida pública, não conseguiram uma só prova documental ou
testemunhal para justificar a decisão tomada pela Câmara dos Deputados.
"Mesmo sem provas, o procurador-geral da União incluiu-me na denúncia
que apresentou ao Supremo Tribunal Federal contra 40 pessoas que ele
considera envolvidas no episódio que ficou conhecido como "mensalão".
Não apenas me incluiu, entendeu que eu era o chefe do que ele denominou
"organização criminosa". Até hoje essa denúncia não foi apreciada pelo
STF, deixando-me na incômoda situação de réu sem julgamento.
"Ao lado disso, meus adversários procuraram me envolver em vários outros
episódios largamente explorados pela imprensa. Tentaram, a todo custo,
acabar com minha vida pública, construída com muita luta desde a
adolescência. Não tiveram sucesso.
"Como disse no discurso em que fiz minha própria defesa, na sessão da
Câmara em que a maioria decidiu pela cassação de meu mandato e
decretação de minha inelegibilidade por oito anos, não abandonarei a
vida pública e a luta política em nenhuma circunstância.
"Continuo militante político, embora sem mandato e sem função de direção
partidária. E continuarei lutando, sobretudo, pelo reconhecimento de
minha inocência.
"Esta publicação, preparada por amigos e companheiros que têm travado
essa luta ao meu lado, tem o objetivo de apresentar meus argumentos e
mostrar minhas razões de forma simples e direta. Agradeço a todos pela
iniciativa, um instrumento a mais para que os que ainda têm alguma
dúvida possam entender melhor a enorme injustiça cometida contra quem
nada quer além de combater a injustiça e restabelecer a verdade",
A defesa de José Dirceu de Oliveira e Silva, personagem central do
processo conhecido como 'mensalão', vai sustentar na Tribuna do Supremo
Tribunal Federal (STF) que "a história foi montada por Roberto
Jefferson" e que o esquema de compra de apoio parlamentar "não existiu".
A apenas três dias do início do julgamento, José Luís Oliveira Lima,
criminalista, defensor do ex-ministro, mira Roberto Jefferson,
ex-deputado do PTB, autor da denúncia que levou à cassação de Dirceu. A
Procuradoria-Geral da República classifica o ex-chefe da Casa Civil no
governo Lula de principal articulador da engrenagem do mensalão,
"sofisticada organização criminosa".
Oliveira Lima mantém a serenidade quando indagado sobre o desafio que o
espera. As próximas horas ele passará debruçado, como já o fez no fim de
semana, sobre os autos da ação penal 470. Aqui e ali, rastreia atalhos
para fustigar a denúncia do Ministério Público Federal, que formalmente
atribui a Dirceu formação de quadrilha e corrupção ativa.
- Foram mais de 500 depoimentos, nenhuma testemunha confirma as
acusações levantadas por Roberto Jefferson - afirmou o advogado a
jornalistas. Ele chegará a Brasília na quarta-feira.
Nas alegações finais, Oliveira Lima rechaçou o libelo da procuradoria contra seu cliente.
"Derrubando cada um dos indícios brandidos pela denúncia, a prova
judicial assegurou que José Dirceu se dedicava exclusivamente ao
governo, não comandava os atos dos dirigentes do PT, não tinha controle
nem ciência das atividades de Delúbio Soares, não decidia nomeações e
não mantinha vínculo com Marcos Valério."
Nesse documento, da página 113 e até a 144, um capítulo só para golpear Jefferson.
"As contradições e as inconsistências nas manifestações de Roberto
Jefferson sobre a imaginada compra de votos são incontáveis e se agravam
ainda mais quando se referem à suposta participação de José Dirceu.
Provou-se nesta ação penal que Roberto Jefferson estava acuado e no foco
de investigações no exato momento em que formulou a acusação de compra
de votos".
Na sexta-feira, dia 3, os ministros do Supremo e o País vão ouvir o
criminalista em sua manifestação na Corte. A ele caberá a primeira da
longa série de sustentações orais. Dele e de seus argumentos depende o
destino de José Dirceu.
Ainda segundo a defesa de Dirceu, "as alegações finais demonstram quão
frágeis são as acusações e como não há nada na minha conduta que venha a
justificar uma eventual condenação. As denúncias já foram
exaustivamente investigadas. É importante frisar: além de inquérito
policial, foram instauradas duas CPIs, houve buscas e apreensões,
quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico, requisições de
documentos e tomados inúmeros depoimentos
Solidariedade
Em seu blog, na internet, Dirceu relata suas atividades antes do julgamento no STF.
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