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8.22.2012

" Doenças que têm a raiva e irritabilidade como sintomas"

Inflamações no fígado: desde a medicina antiga, o fígado foi relacionado às emoções e ao excesso de raiva. Doenças que afetam o órgão, como a cirrose e a hepatite, podem se agravar e desencadear um distúrbio chamado encefalopatia hepática. Esta condição pode gerar distúrbios de personalidade, incluindo comportamento rude e agressividade. "Quando o fígado funciona bem, ele trata as substâncias tóxicas do corpo, aproveitando ou eliminando estes elementos. Mas quando ele está debilitado, estas substâncias entram na corrente sanguínea e podem afetar o cérebro", explicou a Dra. Sotkes-Lampard. Foto: Getty Images Algumas doenças ou medicamentos podem aumentar ou desencadear os ataques de raiva e agressividade
Ficar com raiva de alguém ou de uma situação é absolutamente normal, mas estar sempre nervoso ou mal-humorado pode ter explicações que vão além de um gênio difícil. Essas características podem ter causas médicas ou serem resultados de efeitos colaterais de certos tipos de remédios. "Surpreendentemente existe um grande número de doenças que têm a raiva e irritabilidade como sintomas", disse a Dra. Helen Stokes-Lampard, do Royal College of General Practitioners, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail. Ela completou: "certos medicamentos também podem evidenciar estes traços da personalidade".

Hipertiroidismo 
Uma das doenças mais comuns que têm a raiva como uma das condições é o hipertiroidismo, explicado quando a glândula tireoide trabalha além do necessário produzindo mais hormônio. Gritar com as crianças, com o marido e com os colegas de trabalho pode ser uma reação a esta doença, que afeta uma em cada 100 mulheres no Reino Unido. "O hormônio afeta tudo que se relaciona com o metabolismo do corpo, incluindo os batimentos cardíacos e a temperatura", informou o Dr. Neil Gittoes, endocrinologista da University Hospitals Birmingham. Segundo ele, a presença do excesso de hormônio pelo sangue afeta as atividades do cérebro e, além da irritabilidade, outros sintomas podem ser também a perda de peso, tremores e excesso de suor.  O tratamento é feito com medicações que combatem a superprodução do hormônio.

Colesterol alto 
Em torno de sete milhões de britânicos tomam remédios para reduzir os níveis de colesterol no sangue e evitar doenças cardíacas. No entanto, uma das reações deste tratamento pode ser o mau humor. Um estudo feito na University of California, nos Estados Unidos, avaliou que seis pacientes que sofriam de irritabilidade excessiva melhoraram após largar estes medicamentos. "Uma teoria é que baixos níveis de colesterol diminuem também a quantidade de serotonina no cérebro, o hormônio responsável pela alegria. Com isso, as pessoas têm maior dificuldade de controlar a raiva", afirmou Steve Bazire, professor da School of Pharmacy. Baixos níveis de serotonina no corpo são associados também à depressão e ao aumento do risco de suicídio. "O risco de depressão é maior em pessoas com baixos e altos níveis de colesterol. Então estar no meio dos dois é o mais seguro", destacou Bazire.  Como o uso dos medicamentos é inevitável, a melhor maneira é abaixar os níveis de colesterol devagar, por isso rever com o médico as dosagens dos remédios pode ajudar a controlar a raiva.

Diabetes
O baixo nível de açúcar no sangue pode causar súbitas explosões de raiva. A hipoglicemia, estado determinado por níveis de glicose inferiores ao normal, pode acontecer em pessoas que apresentam diabetes tipos 1 e 2. Quando acontece, ela afeta o cérebro e todo o corpo, causando um desbalanceamento dos componentes químicos, incluindo a serotonina. Em minutos, pode provocar agressividade, raiva, confusão, inquietação e ataques de pânico. O melhor tratamento indicado é comer ou beber alguma coisa que contenha glicose assim que possível e, provavelmente, voltará a se sentir bem em 20 minutos. "Como em alguns casos de diabetes é comum haver baixas do nível de açúcar, a raiva excessiva pode aparecer simplesmente quando a pessoa está com fome", afirmou a Dra. Stokes-Lampard.

Depressão
A depressão não é expressada somente pela tristeza, mas também pela irritabilidade. "Outros sintomas podem ser também raiva, agitação e irritação", disse o Dr. Paul Blenkiron, psiquiatra do Bootham Park Hospital. Estas características são apontados particularmente nos homens, pois eles experimentam menos os sentimentos de falta de esperança e descontentamento com si mesmos do que as mulheres. "Esta forma extrema de depressão afeta 5% das pessoas que têm a doença. Inquietação, insônia e pensamentos negativos também são outros sintomas", explicou a Dra Stokes-Lampard. Como a depressão também é relacionada aos níveis de serotonina no corpo, o tratamento envolve antidepressivos ou terapias alternativas, para tentar afastar os pensamentos negativos. Esta situação é mais difícil de ser diagnosticada, explica a médica. "Como algumas pessoas tendem mesmo a ser mais agressivas que outras, estes sintomas são tratados como características da personalidade. Nestes casos, a medicação pode ainda aumentar estes traços".

Alzheimer
De acordo com que a doença vai avançando, novos distúrbios de comportamento e situações psicológicas aparecem em 90% dos pacientes. Entre estes sintomas, está a agressividade. Segundo o Dr. Michael Gross, neurologista do Spire Bushey Hospital, "estas características  podem aparecer muitos anos após o diagnóstico. Esta doença afeta, entre outros locais do cérebro, o lobo frontal, área responsável pela personalidade".

Inflamações no fígado
Desde a medicina antiga, o fígado foi relacionado às emoções e ao excesso de raiva. Doenças que afetam o órgão, como a cirrose e a hepatite, podem se agravar e desencadear um distúrbio chamado encefalopatia hepática. Esta condição pode gerar distúrbios de personalidade, incluindo comportamento rude e agressividade. "Quando o fígado funciona bem, ele trata as substâncias tóxicas do corpo, aproveitando ou eliminando estes elementos. Mas quando ele está debilitado, estas substâncias entram na corrente sanguínea e podem afetar o cérebro", explicou a Dra. Sotkes-Lampard.

Epilepsia
Alguns pacientes têm picos de raiva após convulsões, sintoma que pode durar de poucos minutos até dias. Nestes casos, usar medicamentos específicos é a melhor solução. "As convulsões são desencadeadas por repentinas explosões químicas no cérebro. Isto causa uma interrupção na mensagem passada entre as células e, em casos mais graves, pode determinar rompantes de agressividade e perda de consciência", explicou a Dra. Hannah Cock, neurologista do St. George’s Hospital, de Londres.

Tensão Pré-Menstrual (TPM)
As mulheres sempre passam por "aqueles dias do mês" em que as emoções ficam, muitas vezes, incontroláveis, com picos de raiva e depressão, mas há uma explicação para isso. A síndrome pré-menstrual acontece quando os níveis dos hormônios, como estrógeno e progesterona, caem no fim do ciclo menstrual, geralmente na semana antes da menstruação. "Apesar do mecanismo não ser totalmente entendido pela medicina, este resultado parece ter um efeito devastador sobre a serotonina", disse a Dra. Stokes-Lampard, especialista em saúde da mulher.  O mesmo processo pode acontecer também na menopausa, também devido a queda do estrógeno.

Insônia
Dormir mal é uma das causas gerais de distúrbios de comportamento, mas alguns remédios usados para tratamento de insônia podem ativar uma agressividade excessiva, segundo o professor Bazire.  As benzodiazepinas, que às vezes são prescritas também para controle de ansiedade, trabalham na desaceleração das funções cerebrais e, mesmo  afetando 1% dos usuários, pode transformar personalidades já com características de irritabilidade ainda mais agressivas. Trocar o medicamento é a melhor solução.

Doença de Wilson
Conhecida também como degeneração hepatolenticular, é uma doença genética que afeta 1 em cada 30 mil pessoas e causa o acumula de cobre no fígado e no cérebro. "Pequenas quantidades de cobre são essenciais como vitaminas para corpo e são ingeridas por meio dos alimentos, no entanto, os pacientes com esta doença não conseguem expelir o excesso", explica a Dra. Stokes-Lampard. Este acúmulo de cobre afeta os tecidos, inclusive o do cérebro, e pode gerar danos no lobo frontal, área responsável pela personalidade.

Acidente Vascular Cerebral
Perder a cabeça pode ser comum após ter um acidente vascular cerebral. O derrame acontece quando o fornecimento de sangue é interrompido causando a morte das células cerebrais. "A parte do cérebro afetada é a inferior da lobo frontal, que lida com a habilidade de sentir empatia pelas pessoas e controlar as emoções, inclusive a raiva", disse o Dr. Gross.

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