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8.06.2012

Os medicos sempre dizem que não tem evidências científicas. Dá para acreditar...

Conselho federal condena práticas da medicina antienvelhecimento

JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
Parecer divulgado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), nesta segunda-feira, condenou a indicação de determinados hormônios para pacientes com níveis normais dessas substâncias com o objetivo de retardar o envelhecimento. Essa técnica é conhecida como antienvelhecimento ou "antiaging".
"Não temos evidências, hoje, de que o uso de hormônios como o de crescimento e a testosterona] em pacientes normais, para modulação do envelhecimento, tem base científica, mas temos o indicativo de que causam malefícios à saúde", afirmou Maria do Carmo Lencastre, integrante da câmara técnica de geriatria do CFM.
De acordo com Lencastre, técnicas como essas são usadas em pacientes com idades variadas: de adultos jovens a idosos. Em alguns casos, o que se busca é o ganho de massa muscular, afirma. O problema é o desequilíbrio hormonal gerado e suas consequências, que vão de diabetes a câncer, explicou o CFM.
Os problemas existem mesmo quando se trata do chamado "hormônio bioidêntico", propagandeado como igual ao produzido pelo corpo e sem efeitos danosos. "Para o hormônio atuar, ele tem que ser idêntico", ressalva Lencastre. "Quando ele é produzido pelo organismo, ele é modulado. Quando damos e ele não é necessário no corpo, o organismo tenta compensar, o que acaba sendo uma sobrecarga."
Matéria publicada pela Folha em maio já relatava o posicionamento da Sociedade Brasileira de Geriatria, contra esse tipo de prática. Em um congresso realizado em maio, a sociedade publicou um alerta e divulgou planos de elaborar regras para coibir o uso dessas terapias junto ao CFM.
Geriatras atacam uso de antioxidante e hormônio contra envelhecimento
Após denúncias dessa prática pelo país e, também, de demandas para que as técnicas fossem reconhecidas pela entidade, a câmara analisou a bibliografia disponível sobre o tema e acabou por condená-la.
Esse parecer foi aprovado pelo conselho e apresentado nesta segunda-feira. Ele deverá ser transformado em resolução nos próximos meses, fortalecendo a proibição da prática no país.
Segundo Carlos Vital, 1º vice-presidente do CFM, o Código de Ética médico já proíbe a aplicação de técnicas sem comprovação científica. A resolução futura, diz ele, vai ampliar essa proibição. Médicos que descumprem as normas estão sujeitos de advertência verbal à cassação. Desde 2009, cinco médicos foram cassados no país por relação com essa técnica.
"A questão da eterna juventude ainda está no campo das fábulas, mas o homem ainda tem essa ambição", disse Vital.

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