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8.12.2012

Perdemos o ouro

Giba desabafa e consola Bruno

Capitão da seleção consolou levantador no pódio e diz ver jogador como líder da próxima geração do volêi

Inglaterra -  Pouco antes da entrega de medalhas olímpicas para os jogadores de vôlei, uma cena chamou a atenção de quem estava na arena de Earl’s Court, em Londres. Enquanto esperava para subir no palanque de premiação, o levantador Bruno chorava bastante e era consolado pelo experiente Giba após a derrota de virada para a Rússia na decisão.

“Parece que meu chão abriu”, diria Bruno, ao deixar o ginásio. “É o maior sonho de qualquer atleta, a gente esteve tão próximo, lutou muito para isso, sacrificou tanto. É a maior decepção da minha vida, sem dúvida nenhuma”, afirmou o jovem levantador.

Na coletiva de imprensa que concedeu após a partida, Giba falou sobre como ajudou o colega, no momento da cerimônia de premiação. “Falei para ele que eu tinha muito orgulho de estar todos esses anos com ele. Foi um menino que vi entrar no ônibus com o olho brilhando, nas Olimpíadas de Sidney, e hoje estou aqui e já disputei duas medalhas olímpicas com ele”, disse Giba.

“Desculpe o palavrão, mas disse que acho ele muito f***. Mesmo com a pressão toda de ter o pai como técnico, ele bancou tudo isso, manteve a titularidade na seleção, então tenho muito orgulho dele”, contou o veterano.
Foto: André Mourão / Agência O Dia
Giba consola Bruno no pódio | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Bruno estava mesmo abatido ao deixar a arena do jogo. “Espero cicatrizar logo essa ferida. Só quero o mais rápido possível entender isso, mas ainda não tá... Acho que vai demorar um pouco pra cicatrizar”, disse o levantador, que revelou um sonho frustrado com a derrota. "Estou há quatro anos pensando nisso e acho que a dor é grande por causa disso: não poder dar uma medalha de ouro para ele (Bernardinho, pia e técnico) no dia dos pais”.

Para Giba, símbolo de uma geração do vôlei, mas que não disputará as próxima Olimpíadas, Bruno é uma das lideranças que irão substitui-lo na briga pelo ouro no Rio de Janeiro, em 2016. “Vejo muitas pessoas (que podem ocupar a liderança), Bruno, Murilo, Sidão. O bom desse time é que nunca dependeu de um jogador só. Vejo esses três como lideranças e espero que fiquem no time para disputar a medalha em casa”, afirmou.

Giba aproveitou a entrevista para desabafar sobre as críticas que a seleção recebeu, ao chegar a Londres. Para alguns comentaristas, o time não teria forças para disputar o lugar mais alto do pódio olímpico. “Fiquei muito chateado quando cheguei aqui desacreditado, depois de tudo que a gente conquistou. Um grupo que tem mais de trinta títulos, dizerem que a gente estava acabado, perguntarem ‘onde estava aquele Brasil de antes’”, falou Giba.

“Acho que isso (chegar à decisão) cala a boca de muita gente no Brasil. Nós fizemos muito para chegar aqui, e são coisas difíceis de escutar. Depois que você se mata pelo país, escutar jornalistas do próprio Brasil dizendo isso, enquanto no mundo todo todos fazem festa para os jogadores do país deles, é complicado”, afirmou.

“Deixo a seleção triste por isso, mas feliz por ter jogado com homens que somaram muito na minha vida”, concluiu Giba.

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