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8.25.2012

Pesquisa decifra mecanismo de crescimento de tumores

Descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos

Açúcar e câncer
Ao alterar o funcionamento da enzima PFK1, a célula cancerígena é capaz de crescer de modo mais rápido (Thinkstock)
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia descobriram um mecanismo usado pelas células de câncer para regular seu metabolismo e se proliferar pelo corpo. Ao interferirem nesse mecanismo, os cientistas esperam poder desenvolver um novo tipo de tratamento que impeça o desenvolvimento e a metástase de tumores. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira revista Science.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: "Phosphofructokinase 1 Glycosylation Regulates Cell Growth and Metabolism"

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: W. Yi; P.M. Clark; W.A. Goddard III; L.C. Hsieh-Wilson

Instituição: Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos

Dados de amostragem: Camundongos injetados com células de câncer de pulmão humanas.

Resultado: Nessas células cancerígenas, os pesquisadores trocaram as enzimas PFK1 originais por versões mutantes, que não sofriam influência do O-GlcNAc. Desse modo, o câncer parou de crescer nos animais.
Para crescerem, as células cancerígenas precisam mudar algumas atividades realizadas em seu interior, principalmente aquelas relacionadas à produção de energia. O novo estudo mostrou que a enzima Fosfofrutoquinase-1 (PFK1, na sigla em inglês) pode ter um papel importantíssimo nesse processo.
Nas células normais, a enzima costuma agir na transformação de glicose em energia. Nos tumores, ela é alterada pela ação de um açúcar chamado O-GlcNAc. Desse modo, sua atividade na célula passa a influenciar processos como a distribuição de carbono e nitrogênio, e a favorecer o crescimento rápido do câncer.
Ao contrário da maioria das mudanças percebidas nas células cancerígenas, esse tipo de regulação parece ser específica do tumor - a modificação na PFK1 não foi detectada em nenhuma célula normal.
Em simulações de computador, os cientistas bloquearam essa alteração sofrida pela PFK1 e conseguiram reduzir a proliferação de células cancerosas. Quando testaram o mecanismo em camundongos, conseguiram atrapalhar a formação de tumores nos animais. No entanto, ainda são necessários muitos estudos até que o tratamento esteja disponível para humanos.

Opinião do especialista

Emmanuel Dias-NetoBiólogo e pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital A. C Camargo

“Essa pesquisa só vem confirmar uma teoria antiga formulada pelo pesquisador Otto Warburg, ganhador do prêmio Nobel em 1931. Ele havia desenvolvido uma hipótese muito elegante que explicava como as células tumorais conseguiam produzir energia de modo mais eficiente que as normais e, assim, crescer mais rápido. Segundo seus estudos, as células normais produziam a maior parte de sua energia a partir da mitocôndria, enquanto as células do tumor conseguiam produzir quase toda sua energia a partir da quebra da glicose.”
“São várias as enzimas que atuam no processo de quebra da glicose em uma célula normal. Esse trabalho mostra que, no tumor, acontece uma alteração em uma dessas enzimas, que a deixa mais eficiente. A energia adicional dessa célula vem daí. Se agirmos nessa substância que altera o PFK1, podemos impedir o tumor de quebrar a glicose de modo eficiente e ter essa energia de sobra para crescer.”

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