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9.24.2012

Sonhos - Fernando Pessoa

Poema da Noite
Sonhos, sistemas, mitos, ideais…
Fito a água insistente contra o cais,
E, como flocos de um papel rasgado,
A ela dando-os como a um justo fado,
Sigo-os com olhos em que não há mais
Que um vão desassossêgo resignado.
Eles a mim como consolarão -
A mim, que de inquieto já nem choro;
Que na êrma mente e no êrmo coração
Sombras, só sombras, sombra, rememoro;
A mim, em tudo, sempre em vão,
Cansado até dos deuses que não são?

Colaboção: Suzana Machado Ávila 

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