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9.27.2012

Transplantes no país têm aumento de 12,7% no 1º semestre

Cirurgias de pulmão dobraram e de coração cresceram 29% frente a 2011.
Três estados da Região Norte foram os que apresentaram mais avanços.

Do G1, em São Paulo e em Brasília
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O número de transplantes feitos no Brasil no primeiro semestre do ano teve um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2011, segundo balanço nacional divulgado pelo Ministério da Saúde, em Brasília, nesta quinta-feira (27), Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.
Ao todo, entre janeiro e junho deste ano, foram feitos 12.287 transplantes, contra 10.905 no mesmo intervalo de 2011. Entre o primeiro semestre do ano passado e o de 2010, foi registrado um acréscimo de 10% nessas cirurgias.
Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, a pasta considerava os transplantes autólogos (a partir da médula do próprio paciente). Neste ano, o levantamento só considerou o transplante de órgãos de outros pacientes.
As operações de pulmão foram as que mais avançaram, chegando a dobrar na comparação com o ano passado. Em seguida, vêm as de coração (alta de 29%), medula óssea (17%), rim (14%), córnea (13%) e fígado (13%).
Ministro Alexandre Padilha e ator José de Abreu assistem ao video da campanha lançada nesta quinta pelo governo para incentivar a doação de órgãos (Foto: Priscilla Mendes/ G!) 
Ministro Alexandre Padilha e ator José de Abreu assistem ao video da campanha lançada nesta quinta pelo governo para incentivar a doação de órgãos (Foto: Priscilla Mendes/ G1)
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a ampliação da doação de órgãos se deve ao “sentimento e confiança que um conjunto da população brasileira passa a ter sobre o seu sistema nacional público de transplantes”.
O ministro destacou que, além da manifestação do desejo da doação, é importante investir em equipes especializadas para fazer a captação dos órgãos. “É essencial uma equipe preparada para fazer captação, conversa com a família, a humanização para esclarecer a morte encefálica. Uma das estratégias fundamentais para isso é a estruturação das equipes. São profissionais capacitados que trabalham em hospitais de referência com capacidade de fazer esse contato, a busca ativa, a captação do órgão”, afirmou.
O total de doadores no país também cresceu: 22%, passando de 997 no primeiro semestre do ano passado para 1.217 em 2012.
Por região, três estados da Região Norte foram os que mais se destacaram no aumento de transplantes: o Acre lidera, com um aumento de 11 vezes, seguido pelo Amazonas (onde triplicou) e Pará (duplicou). Na sequência, aparecem Pernambuco (alta de 74%) e o Distrito Federal (76%).
Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera o ranking, com 4.754 transplantes realizados – a maior parte, de córnea. Depois estão Minas Gerais (1.097), Paraná (937), Rio Grande do Sul (777) e Pernambuco (767).
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes do ministério, foram feitas 7.777 cirurgias de córnea nos seis primeiros meses do ano, contra 6.891 no mesmo período de 2011. Durante esse tempo, alguns estados já eliminaram a lista de espera para esse transplante, como Acre, Paraná, Espirito Santo, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e São Paulo.
Já as operações de rim somaram 2.689 no primeiro semestre, as de fígado chegaram a 801 e as de medula óssea, 862.
De acordo com o ministro, o primeiro semestre deste ano registrou 12,8 transplantes por um milhão de habitantes. No mesmo período do ano passado, esse índice era de 11,2. “Uma coisa muito importante é mais uma vez detectarmos um aumento sustentável do numero de doação por milhão de habitantes”, afirmou.
A meta de 12 doações por milhão de pessoas traçada para 2012, portanto, já foi alcançada. “Nós certamente nesse ano chegaremos a uma taxa de doação muito maior do ano passado, superando as metas que nós tínhamos. As metas que tínhamos para 2013 já serão alcançadas no final de 2012”, declarou.
O órgão mais esperado atualmente no país é o rim. Há 19 mil pessoas na fila de espera, segundo informou o ministro.
Portaria para capacitação
O ministro Alexandre Padilha também assina, nesta quinta-feira, uma portaria para estimular centros de excelência que queiram melhorar os serviços de doação de órgãos e transplantes ou iniciar nesse tipo de cirurgia.
Para se habilitar, é preciso fazer parte da rede pública ou ser uma entidade sem fins lucrativos que atenda pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outros critérios são: ter experiência de dois anos ou mais na área; fazer pelo menos três tipos de transplantes, sendo dois de órgãos sólidos e/ou um de tecido ou, ainda, transplante de medula óssea; e desenvolver pesquisas sobre o assunto.
Redome
Desde 2000, quem deseja ser um doador de medula óssea pode procurar o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que é hoje o terceiro maior banco mundial de doadores voluntários de medula óssea.
Atualmente, estão cadastradas mais de 2,9 milhões de pessoas – em 2000 eram 12 mil.
Facebook
No fim de julho, o Ministério da Saúde apoiou a criação de uma funcionalidade no Facebook que permite que o usuário se declare doador de órgãos.
No primeiro mês após o lançamento, 80 mil brasileiros admitiram ser doadores.
“O que é decisivo para o ato de decisão da família é identificar a manifestação de desejo daquela pessoa em vida”, disse Padilha, que comemorou a parceria do ministério com o Facebook.
“Essa ferramenta do Facebook passa a ser uma forma também de registrar esse desejo de doação em vida”, disse.
Mãe de Nívea, Francisca Castro, conta a história da estudante, que passou por um transplante de coração aos três anos e oito meses. (Foto: Priscilla Mendes/ G1)Mãe de Nívea, Francisca Castro, conta a história da
estudante, que passou por um transplante de
coração aos três anos e oito meses.
(Foto: Priscilla Mendes/ G1)
A estudante Nívea Maria Castro Alves, de 12 anos, foi homenageada pelo ministério. Aos três anos e oito meses de idade, ela passou por quatro cirurgias no coração em Fortaleza até ser transplantada. “A Nívea chegou ao hospital com 15 dias de nascida e acabou fazendo quatro cirurgias no coração”, lembra a mãe da garota, Francisca Castro.
“Um dia a cardiologista virou para mim e disse que não poderia mais mexer no coraçãozinho da Nívea. Ela então foi para o transplante aos três anos e oito meses”, contou Francisca, emocionada, durante a cerimônia. A mãe disse que Nívea ganhou uma nova família, a família da criança que doou o coração a ela. “A Nívea chama a avó dele de avó, a tia de tia. Ganhamos uma nova família”, contou.
 

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