O futuro que Haddad promete
- Domingo, 28 Outubro 2012
Ao contrário do rival, que mira o
passado, petista Fernando Haddad olha para a frente e pretende alinhar
São Paulo com o governo federal 247 – Enquanto José Serra, mal orientado
ou por convicação própria, apostou numa campanha negativa, Fernando
Haddad mirou o futuro e, por isso mesmo, deve vencer neste domingo.
Abaixo, seu artigo na Folha: Um novo tempo De uns tempos para cá, nossa
cidade ficou para trás, longe do ritmo geral da nação -a atual gestão
não fez o que era preciso contra a desigualdade Se for eleito prefeito
de São Paulo, meu objetivo central será diminuir a distância que separa a
cidade rica da cidade pobre. Hoje, vivemos numa cidade desequilibrada.
Sofremos com a falta de planejamento urbanístico. Não temos grandes
obras gerando transformação e trabalho. Não temos soluções criativas.
Nos livros de urbanismo, São Paulo só aparece como referência negativa. E
a verdade é que merecemos mais que isso. Quero recuperar a autoestima
desta cidade cheia de energia e de criatividade, com sua extraordinária
capacidade de sonhar e de realizar sonhos. São Paulo como que carrega 31
cidades dentro de si. Cada subprefeitura tem mais de 300 mil
habitantes. Mas, de uns tempos para cá, estamos ficando para trás. Não
estamos acompanhando o ritmo geral da nação. Não estamos contribuindo
como poderíamos para o desenvolvimento do país. Não estamos exercendo
nossa liderança nem ativando nossas vocações de vanguarda. Nossos
indicadores sociais retratam uma realidade perversamente desigual. Falam
de uma cidade com pontos altos no centro expandido, que vão declinando à
medida que nos aproximamos dos bairros mais distantes. As regiões
central, oeste e o início das zonas sul e leste concentram os empregos,
os melhores hospitais, as melhores universidades, a renda, a
infraestrutura urbana e as oportunidades. Mas não são as mais populosas.
As seis subprefeituras do centro expandido contam com 64,1% dos
empregos e 17,1% dos habitantes do município. As demais têm 82,9% dos
habitantes e só 35,9% dos empregos. As regiões menos desenvolvidas são
também aquelas em que a desigualdade gera mais violência. Embora o Plano
Diretor Estratégico de Marta Suplicy já tivesse apontado essa realidade
e indicado ações e instrumentos para enfrentá-la, a atual administração
não fez o que era preciso em matéria de desenvolvimento regional. Nosso
modelo de desenvolvimento continua concentrador e excludente. Se a
cidade vem acompanhando o crescimento econômico do país, o mesmo não se
pode dizer da distribuição da riqueza e de nossa situação
socioterritorial. A dimensão social não tem recebido a atenção
necessária. Com isso, as regiões ricas ficam mais ricas e as pobres
permanecem pobres. Esse desequilíbrio explica por que São Paulo enfrenta
graves problemas de mobilidade, como ruas congestionadas e
trabalhadores gastando horas no trânsito. Se não superarmos o
desequilíbrio, a distância entre moradia e emprego, outros problemas
também não terão solução. Sei que o que me espera, caso eleito, é um
tremendo desafio. E vamos enfrentá-lo. O prefeito de São Paulo tem de
ser o catalisador de todos aqueles que querem caminhos novos e soluções.
De todos os que estão dispostos a se engajar num grande projeto de
transformação social. Se vejo a prefeitura como instrumento dessa
transformação, sei também que isso só será alcançado com uma
administração baseada no planejamento e na definição de metas de
resultados. Trago um plano de governo claro e viável, que nasceu de
conversas e discussões com a cidade. Milhares de pessoas participaram
dos seminários Conversando com São Paulo. Das caravanas e debates por
vários bairros e comunidades, num belo exemplo de compromisso cívico e
citadino. A cidade mais humana que pretendemos construir será boa para
ricos e pobres. Não aceitamos mais uma São Paulo partida, com baixa
qualidade de vida e uma população amedrontada pela violência. Queremos
uma São Paulo unida e à altura de sua grandeza. O candidato do PT,
FERNANDO HADDAD, 49, é mestre em economia, doutor em filosofia e
professor licenciado da USP. Foi ministro da Educação (2005-2012,
governos Lula e Dilma)
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