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10.12.2012

União Europeia é vencedora do Nobel da Paz

Prêmio deve ser injeção de moral no bloco, abalado pela crise


Criada após a Segunda Guerra Mundial, a UE é vista como peça chave para o estabelecimento da paz na Europa
Foto: TOBIAS SCHWARZ / Reuters
Criada após a Segunda Guerra Mundial, a UE é vista como peça chave para o estabelecimento da paz na Europa TOBIAS SCHWARZ / Reuters
OSLO - A União Europeia (UE) ganhou o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira por "mais de seis décadas de contribuição para o avanço da paz e da reconciliação, da democracia e dos direitos humanos na Europa", em um ato que pretende ser uma injeção de moral para o bloco em sua luta para resolver a crise financeira. Há anos a UE é candidata ao prêmio, mas a vitória desta manhã foi uma surpresa para muitos, já que o bloco vive hoje um período de descrença e graves problemas estruturais.
A UE foi chave para a transformação da Europa "de um continente de guerras a um continente de paz", disse o presidente da comissão do Nobel da Paz, Thorbjoern Jagland, ao anunciar a decisão em Oslo.
- Esta é uma mensagem a Europa para que faça todo o possível para garantir que o que foi alcançado até agora siga adiante - disse Jagland, lembrando o que seria perdido com o colapso do bloco europeu.
Jagland elogiou o bloco, composto por 27 países, pela reconstrução do continente após a Segunda Guerra Mundial e por seu papel na promoção da estabilidade nos antigos países comunistas após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A UE desbancou o cientista político americano Gene Sharp, dissidentes russos e líderes religiosos vistos como os grandes favoritos ao prêmio. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse o Nobel reconhece o papel da UE como “a maior pacificadora na História”.
- Todos estamos muito orgulhosos de os esforços da UE para manter a paz na Europa foram recompensados - disse Van Rompuy durante viagem oficial a Helsinque, na Finlândia. - A Europa atravessou duas guerras civis no século XX, e estabelecemos a paz graças à União Europeia.
Apesar dos elogios ao bloco, a Noruega, país que concede o Nobel da Paz, se recusa a participar da UE. Em 1972 e 1994, noruegueses votaram contra a entrada no bloco em dois referendos, e hoje pesquisas indicam que três em cada quatro noruegueses são contra a adesão.
- Acho um absurdo - disse Heming Olaussen, líder de uma organização que luta contra a adesão norueguesa ao bloco. - Na América Latina e em outras partes do mundo, isto será visto de uma maneira muito diferente do que em Bruxelas. A UE é um bloco comercial que contribui para manter muitos países na pobreza.
O Nobel da Paz para a UE condecora um projeto nascido há 55 anos com a ambição de colocar a Europa definitivamente em um caminho sem guerras e hoje em descrédito, devido a crise da zona do euro. A é inerente à UE, cuja diplomacia procura sempre - ainda que com as dificuldades naturais de se costurar os interesses de 27 países com diferentes histórias, culturas e geografias - a melhor maneira de resolver conflitos sem o uso da força. É fato, no entanto, que a UE chegou mal e tarde à guerra dos Bálcãs e desde então parece ter se empenhado a evitar que um conflito brutal como o dos anos 90 na Bósnia se repita no continente. Dezenas de missões deste tipo foram lideradas pela UE nos últimos anos, alguns em países mais distantes, mas a maioria no próprio continente, onde a mediação do bloco, por exemplo, evitou uma guerra civil na Macedônia.
Apesar de ser cotada para o prêmio há anos, a vitória da UE nesta sexta-feira foi uma surpresa para muitos por causa dos atuais problemas vividos pelo bloco. Afundados na crise, o bloco - outrora visto como um exemplo de integração - começa a ser questionado, e alguns europeus falam em separação da UE.

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