A atriz estreia como roteirista e diretora em "Na Terra de Amor e Ódio", filme ambientado na Guerra da Bósnia
Marcos Diego NogueiraARTE ENGAJADA
Atriz respeitada e embaixadora da ONU, Angelina abordou
um assunto que a incomodava desde a juventude
"Brad pegou na minha mão e disse: está tudo bem, amor, fique
tranquila." É assim que Angelina Jolie descreve a reação do marido, o
ator Brad Pitt, ao assistir “Na Terra de Amor e Ódio”, que estreia no
Brasil na sexta-feira 23. Segundo a própria atriz, em entrevista por
ocasião do lançamento do seu primeiro filme de ficção como diretora e
roteirista, o marido se preocupou “para eu não passar mal por estar
apresentando meu filme pela primeira vez, ainda mais à família".
A estreia é ousada. São poucos os diretores que arriscam começar sua
carreira com um tema impactante tal como fez Angelina ao abordar a
Guerra na Bósnia. “Tentei fazer um filme tradicional, com bons atores e
personagens, mas é impossível suavizar os acontecimentos desse tipo de
guerra”, diz a estreante, que tinha 17 anos de idade quando começaram os
primeiros ataques contra muçulmanos no leste daquele país. Era o
prenúncio daquilo que se tornaria o mais longo conflito na Europa
ocorrido depois da Segunda Guerra Mundial – o confronto começou em abril
de 1992 e terminou em dezembro de 1995. Naquela época, ela não sabia
com exatidão o que acontecia na Europa, mas carregou ao longo dos anos a
sensação de que algo poderia ter sido feito para que se evitasse a
morte de milhares de inocentes e o estupro de 50 mil mulheres. Angelina
cresceu, tornou-se atriz das mais respeitadas e embaixadora da ONU, e
resolveu estrear como roteirista e diretora de ficção aos 37 anos
contando uma história de amor entre os lados dessa guerra.
“Eu me lembro de ter me sentido culpada e responsável por não ter
feito nada a respeito na época”, diz ela. No filme, Ajla (Zana
Marjanovic) e Danijel (Goran Kostic) estão em lados opostos nessa
batalha entre os servos e os não servos (Ajla é muçulmana) e, enquanto a
tragédia vai tomando cada vez mais espaços em suas vidas, o
relacionamento entre eles se modifica. Essas mudanças conduzem o
espectador.
Angelina, porém, não se aventurou sozinha nessa empreitada e contou
com ajuda para aperfeiçoar seus conhecimentos de direção. Os atores, que
viveram o conflito na pele, deram-lhe dicas para aumentar a veracidade
das cenas. “Constantemente eu perguntava a eles: ‘Isso parece certo? Foi
assim que o filho do seu vizinho morreu?’”, diz Angelina, que carregou
para o set de filmagens também a sabedoria de quem foi dirigida por
grandes mestres. “Clint Eastwood me ensinou sobre ter uma equipe de
pessoas que eu respeitasse e todos se tratassem bem e sem dramas”, diz
ela, que, a considerar a estreia com pé direito, soube escutar seus
mestres.
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