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12.31.2012

Estaremos nessa muvuca festejando o Ano Novo

Queima de fogos em Copacabana deve bater recorde de público

Cidade está lotada de turistas para o réveillon
Rafael Galdo
Selma Schmidt
Thamine Leta


Banhistas disputam a areia, colorida por guarda-sóis, e até espaço na água na Praia do Leblon, às vésperas do réveillon que deverá reunir 2,3 milhões de pessoas /
Foto: Márcio Alves / O Globo

Banhistas disputam a areia, colorida por guarda-sóis, e até espaço na água na Praia do Leblon, às vésperas do réveillon que deverá reunir 2,3 milhões de pessoas / Márcio Alves / O Globo
RIO - Tradicionalmente o réveillon do Rio é de números superlativos. Mas, este ano, novos recordes já foram batidos e outros ainda serão. A marca de dois milhões de pessoas dos últimos anos na virada em Copacabana deve ficar para trás, garante o prefeito Eduardo Paes. O secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, chega a cravar que serão 2,3 milhões de espectadores. Só no mar, o público dos 13 transatlânticos que ficarão fundeados será de 45 mil turistas, contra os 30 mil trazidos pelos 12 navios na queima de fogos do ano passado. Ao todo, a cidade deve receber 752 mil turistas (5,6% a mais do que os 712 mil do último ano), que devem gastar mais e deixar por aqui US$ 557 milhões (um aumento de 5,8% em relação a 2012).
Ícones do Rio, como o bondinho do Pão de Açúcar e o Corcovado, estão superando todas as expectativas. Na última sexta-feira, a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar registrou movimento 16% maior nesse período de festas do que na mesma época do ano passado. Neste domingo, já foi batido o recorde histórico de visitantes: cerca de 10 mil num único dia. No Cristo Redentor, o crescimento foi de 11%, como atestam as longas filas no Cosme Velho, com 10 mil turistas diários. Isso mesmo com o horário de visitação estendido: das 7h às 21h, em vez de 8h às 20h, das altas temporadas anteriores.
Paes: desafio é manter crescimento
Para Eduardo Paes, o show de Natal com Gilberto Gil e Stevie Wonder ajudou a dar um gás no turismo da cidade:
— Ampliamos muito a oferta hoteleira da cidade, e isso deve acontecer, ainda de forma constante, até 2016, o que significa uma condição melhor para receber turistas. Obviamente, o bom do Rio chama mais turistas.
O desafio, diz Paes, é criar condições para que esse crescimento seja sustentável a longo prazo:
— Estamos avançando na imagem e na percepção da cidade. Também avançamos na informação. A rede hoteleira vai melhorar. Ainda temos que melhorar nos serviços, na sinalização e na infraestrutura.
Mesmo com muito a fazer, segundo o secretário Antônio Pedro, a tendência é de que a cidade bata recorde atrás de recorde nos próximos anos, devido aos megaeventos que receberá a partir de 2013. Já neste fim de ano, até a previsão de 752 mil turistas pode ser superada.
— Muitos visitantes que chegam não são mensurados nas contas oficiais. Há os que vêm no próprio carro, alugam apartamentos pela internet ou se hospedam na casa de amigos e parentes. Em Copacabana, nos últimos dias, já vemos mais turistas do que nos últimos anos — disse ele, acrescentando que o Rio está de olho em atrair turistas nem tão habituais, como chineses e russos.
Até o tempo embarcou na onda. O Climatempo não tem dúvidas de que a virada hoje será mais quente do que a do 31 de dezembro de 2011, quando choveu e a temperatura oscilou entre 24 e 25 graus. Dessa vez, não deve ter chuva, e os termômetros vão ficar entre 26 e 28.
A família de Helenita Carlos, de Minas Gerais, depois de pesquisar o preço de hotéis e pousadas, optou por uma barraca de camping. A família “estacionou” na Praia do Leme, na beira do calçadão, à sombra de coqueiros.
— Não tinha jeito de vir ao Rio pagando um hotel. É caríssimo. Tivemos que encarar o perrengue — disse Helenita.
Apesar de os preços de hotéis estarem impraticáveis para alguns, em Copacabana a ocupação chega a 95%, acima dos 90% esperados, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ). Mais famoso, o Copacabana Palace está com todos os 250 apartamentos ocupados para a virada.
— Este ano, a cidade ganhou quase mil novos quartos — explicou Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ.
Em frente ao Copacabana Palace, ficará o palco principal da festa, que, em ritmo de recordes, terá o maior painel usado numa passagem de ano na orla carioca. Com mil metros quadrados e pequenas placas com 110 mil minilâmpadas de LED, trazidas da Bélgica, o painel gigante começou a ser testado no fim da noite deste sábado. O equipamento é semelhante ao utilizado nas cerimônias dos Jogos Olímpicos de Londres. Aqui, ficará dos dois lados do palco e numa faixa acima do telhado.
— Olhando o palco de frente, o painel vai ter o efeito de um grande vitral, com imagens em movimento. O público verá efeitos de videografismo. Patrimônios do Rio como o Pão de Açúcar, os Arcos da Lapa, o Cristo Redentor e o calçadão de Copacabana serão mostrados, de forma estilizada, desde o início da festa (a partir das 18h) — explica Flavio Machado, sócio-diretor da SR Com, responsável pela organização da festa.
Segurança aposta em tecnologia
Quando o assunto é segurança, nem todos os números são recordes, mas novidades como o balão “grande irmão”, que vigiará tudo do alto com visão de 360 graus, são justificativas da Polícia Militar que aposta, desta vez, em tecnologia. O efetivo da Guarda Municipal é maior: são 1.744 agentes de controle urbano e trânsito em Copacabana e seus acessos — mais do que os 1.611 do réveillon passado. O número total de homens da PM, no entanto, será menor do que o efetivo dos últimos três anos. Nesta segunda-feira à noite, 1.169 PMs vão patrulhar o bairro na virada, quase 25% a menos do que no último réveillon e 16,5% menor do que na virada de 2010 para 2011.
Tantos superlativos, em alguns casos, têm um custo.
— Copacabana está muito cheia. Estava num quiosque ontem (sábado) à noite em que faltou copo de chope. Os garçons pegavam o copo das pessoas que queriam um segundo ou terceiro chope, lavavam e enchiam de novo — conta Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana. — São muitas pessoas cruzando as ruas, o trânsito está complicado e, os supermercados, lotados.
Os preços também estão nas alturas. Um coco, que varia entre R$ 3 e R$ 4, não sai por menos de R$ 5, e o tradicional biscoito de polvilho, de R$ 3, passou a custar R$ 4, mesmo valor de um copo de mate. Tem estacionamento em Copacabana cobrando até R$ 250 na virada. E quem quiser assistir à queima de fogos na festa da laje no pacificado Pavão-Pavãozinho vai desembolsar R$ 1 mil, 300% acima do que era cobrado no ano passado.
Nada que desanime o alemão Tomas Berger e a mulher, a mineira Maria Luiza Novaes, que fazem sua estreia.
— Estou ansiosa. Queremos ficar até o fim dos shows — disse Luiza, que verá uma queima de fogos de 16 minutos, graças a 24 toneladas de bombas.

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