Variação genética ligada a um estilo de vida ativo aumenta a longevidade
Pesquisa descobriu que variante, que é ligada à ação da dopamina, é mais prevalente em pessoas que alcançam idades mais avançadas
Estilo de vida: Variação genética ligada a uma vida ativa
social e fisicamente é prevalente em pessoas que vivem muitos anos
(Thinkstock)
CONHEÇA A PESQUISAOs resultados da pesquisa, publicados na edição desta semana do periódico Journal of Neuroscience, também mostraram que roedores com a variante viviam quase 10% de tempo a mais do que os outros.
Título original: DRD4 Genotype Predicts Longevity in Mouse and Human
Onde foi divulgada: periódico Journal of Neuroscience
Quem fez: Deborah Grady, Nora Volkow, Robert Moyzis e equipe
Instituição: Universidade da Califórnia, Estados Unidos
Dados de amostragem: 310 pessoas com mais de 90 anos; 2.902 pessoas de 7 a 45 anos; e camundongos
Resultado: Uma variação genética no receptor de dopamina DRD4 está associado a um estilo de vida fisicamente e socialmente mais ativo. A prevalência dessa variante é alta em pessoas acima dos 90 anos e a presença de tal alteração proporciona vida mais longa em camundongos.
De acordo com os autores do estudo, a variação em questão ocorre no gene que codifica um dos receptores de dopamina, o DRD4. Esse é um dos genes que facilitam a comunicação entre os neurônios no cérebro e desempenham um papel importante no nosso sistema de recompensa.
Leia também:
Pesquisadores identificam genes da longevidade
Corrida em ritmo moderado aumenta expectativa de vida em até seis anos
Estilo de vida saudável adotado já na velhice também aumenta longevidade
Análise — Em um primeiro momento, a pesquisa se baseou nos dados do Estudo 90+, feito na Califórnia com pessoas que tinham uma idade maior do que 90 anos. Após olhar para as características genéticas de 310 idosos e compará-las às de um grupo de 2.902 pessoas de sete a 45 anos de idade, a equipe descobriu que a prevalência da variante foi 66% maior entre os mais velhos. Os cientistas depois fizeram testes em laboratório com camundongos e compararam o tempo de vida entre animais com e sem a variação.
"Embora essa variação genética não influencie diretamente a longevidade, ela é associada a traços de personalidade que vêm se mostrando importantes para uma vida longa e mais saudável. Tem sido bastante documentado o fato de que, quanto maior o envolvimento com atividades físicas e sociais, maior a probabilidade de vivermos mais", diz Robert Moyzis, pesquisador da Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, e coordenador do trabalho.
Opinião do especialista
Roberto Muller
Médico geneticista e chefe do setor de genética do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo
Médico geneticista e chefe do setor de genética do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo
"Tudo o que
envolve comportamento, longevidade e qualidade de vida possui muitas
variáveis, e não somente as genéticas ou as ambientais. São
multifatoriais e podem ser influenciados por fatores como nível
socioeconômico, etnia e o país onde o indivíduo vive.
Como os autores
do estudo destacam no artigo, essa variação genética pode contribuir com
um estilo de vida mais ativo e com a longevidade. Ou seja, pode até
ajudar, o que eu acredito que ocorra, mas não é o único responsável por
isso ocorrer.
Não podemos
achar, por exemplo, que apenas essa variante nos faria viver mais e que
somente quem a carrega será ativo ou terá maior expectativa de vida,
mesmo se fumar ou se alimentar mal, por exemplo."
Nenhum comentário:
Postar um comentário