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1.17.2013

Perigo ligado à enxaqueca

Se a dor de cabeça vier junto com perturbações visuais, há mais risco de AVC ou enfarte

Rio -  Mulheres que sofrem de enxaqueca com aura — distorção colorida na visão durante crises agudas de dor — têm o dobro de risco de sofrerem enfarte e acidente vascular cerebral (AVC) do que as demais pacientes, que não sofrem com as perturbações visuais. A constatação é de uma pesquisa feita durante 15 anos nos Estados Unidos.

Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
O levantamento, conduzido pela equipe de um hospital especializado em saúde da mulher, analisou quase 28 mil pacientes com idades acima dos 45 anos. No período, 1.435 delas apresentaram quadros de enxaqueca com os distúrbios na visão. Destas, 1.030 tiveram ataques cardíacos, derrames ou mortes por causas vasculares.
PIOR QUE OBESIDADE
Os resultados foram tão altos que a enxaqueca com aura se tornou o segundo maior fator de risco para a incidência de ataques cardíacos e derrame, ficando atrás apenas da hipertensão. O problema está à frente de fatores mais conhecidos, como o diabetes tipo 2, a obesidade e o tabagismo.
Os especialistas explicaram também que ainda não está claro se a enxaqueca com aura é a única responsável pelo aumento no risco das doenças cardiovasculares. Para eles, pode existir um fator comum entra esta variação da doença e o enfarte e o derrame.
Para reduzir os riscos cardiovasculares, os pesquisadores recomendam que as portadoras da enxaqueca com aura não se descuidem em manter uma vida saudável, mantendo dieta equilibrada e a pressão arterial estável, largando o tabagismo e, caso seja diabética, cuidando da doença corretamente.
Já para aliviar crises, os especialistas aconselham que a pessoa não deite completamente, mas se recoste e ponha bolsa de gelo na cabeça.
Apesar de o estudo não ter sido feito com homens, os pesquisadores alertaram que a probabilidade de os resultados serem os mesmos é “bastante grande”.

Enxaqueca e Acidente Vascular Cerebral

 Dr. Alexandre Feldman

Um estudo realizado no Departamento de Neurologia do The Mount Sinai School of Medicine em Nova Iorque e publicado no dia 9 de março de 2007 no Current Cardiology Reports, volume 9, páginas 13 a 19, intitulado (traduzido) AVC e Enxaqueca (onde AVC é a sigla para Acidente Vascular Cerebral), mostra que o risco de AVC é mais elevado em pacientes jovens portadores de enxaqueca.
Os pacientes mais vulneráveis seriam, segundo o estudo, aqueles portadores de enxaqueca com aura. Os portadores de enxaqueca também possuem maior incidência de doenças como foramen oval persistente (um defeito da membrana que divide as duas câmaras superiores do coração, e que resulta numa comunicação anormal entre elas), distúrbios da coagulação do sangue, dissecção (“rasgo”) da artéria carótida, e malformação arteriovenosa. Todas essas doenças aumentam, igualmente, o risco de AVC.
O artigo também mostra que para diagnosticar um AVC provocado por enxaqueca, é preciso eliminar as demais causas de AVC.
O AVC da enxaqueca se caracteriza por uma irreversibilidade da aura (a qual normalmente teria uma duração de apenas 15 a 60 minutos). Os exames, nesses casos, demonstram uma área de infarto na região do cérebro correspondente ao déficit permanente. Daí o termo infarto enxaquecoso, para se referir a esse tipo de AVC.
O artigo termina com a observação de que o tratamento preventivo da enxaqueca com aura pode ser útil na prevenção desse tipo de AVC.
Esta é mais uma razão – importantíssima – para que todos os portadores de enxaqueca tenham acesso a um tratamento adequado! (Clique aqui para saber mais sobre o tratamento da enxaqueca.)
Na minha opinião, remédios apenas não bastam no tratamento adequado da enxaqueca. É vital empreender uma série de ações que envolvem mudanças-chave nos hábitos e estilo de vida, no sentido de mudar o seu destino para melhor. Sobre esse assunto, e principalmente sobre como fazer para realizar essas mudanças com sucesso, escrevi o livro Enxaqueca Finalmente Uma Saída. Clique aqui para saber mais a respeito.

Principais Conexões entre a Enxaqueca e os Olhos

Enxaqueca e os olhos
1.
A dor da enxaqueca pode, em alguns casos, se manifestar, exclusivamente ou não, na região de um ou ambos os olhos (tanto nos olhos propriamente, quanto acima, abaixo e em torno deles). Essa dor pode ser latejante e/ou em peso ou pressão, e sua intensidade pode variar de muito leve a muito forte, incapacitante.
2. Crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por luzes fortes fortes ou intermitentes. Fixar a visão por muito tempo (e às vezes por nem tanto tempo assim…) numa tela de computador, televisão, cinema, livro, iPad e similares, também pode desencadear crises de enxaqueca.
3. Uma crise de choro pode desencadear uma crise de enxaqueca.
4. Algumas pessoas, horas antes de uma crise de enxaqueca, podem apresentar coceira nos olhos, lacrimejamento e até uma sensação de cisco (argueiro) em um ou ambos os olhos.
5. A maioria das pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam aversão à claridade durante as crises, e até mesmo fora delas.
6. Uma parcela (10 a 15%) dos enxaquecosos pode apresentar a chamada aura de enxaqueca, que compreende alterações visuais como embaçamento e escurecimento parcial da visão, aparecimento de pontos de luz que piscam no campo visual, visão de formas em zigue-zague tremeluzentes. A aura de enxaqueca costuma ocorrer logo antes (15 a 60 minutos antes) de uma crise de dor de cabeça, mas pode ocorrer também no meio da crise, no final, ou vir totalmente desacompanhada de dor de cabeça. Antigamente, dava-se o nome de enxaqueca oftálmica ou enxaqueca retineana às enxaquecas acompanhadas de algumas dessas auras visuais. Para ler mais a respeito de aura de enxaqueca, clique aqui.

ptose palpebral
Ptose Palpebral
7. Numa parcela bem pequena dos portadores de enxaqueca, a pálpebra superior de um dos olhos (do mesmo lado da dor) pode cair parcialmente. Esse fenômeno recebe o nome de ptose palpebral e ocorre durante a crise de dor. Terminada a crise, a pálpebra volta ao normal. Antigamente, a esta forma de enxaqueca era dado o nome de enxaqueca oftalmoplégica.
8. Inchaço ao redor dos olhos pode ocorrer durante a crise de enxaqueca, e pode permanecer por horas e até dias após. Indivíduos com crises muito frequentes podem viver com a cara inchada constantemente!
Atenção: Os fenômenos acima podem também ocorrer em uma série de outros distúrbios de ordem neurológica, graves, como por exemplo derrames cerebrais, glaucoma, câncer e aneurismas. O que nos leva a relembrar a todos vocês um aviso muito importante: JAMAIS tentem se autodiagnosticar em função do que lêem ou vêem. Deixem isto para um médico de sua confiança!
Muitas pessoas me perguntam se existe relação entre a enxaqueca e o fato de suas pálpebras ficarem, por vezes, “pulando” ou “tremendo” (pequenos e rápidos tremores localizados de grupos de fibras musculares, conhecidos como fasciculações). A resposta é não. Não existe relação entre enxaqueca e fasciculações da pálpebra. Apresentar ambos é mera coincidência. A imensa maioria dessas fasciculações é benigna e sua causa não foi até hoje completamente esclarecida pela ciência. Mas fasciculações também podem ser sintomas de doenças neurológicas graves, como esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica. Cabe a seu médico elucidar e diagnosticar.
Por Que?
“Por que minha enxaqueca dói nos meus olhos?” “Por que minha enxaqueca é desencadeada por ficar olhando por muito tempo para a tela?” “Por que minha enxaqueca ocorre quando eu choro?” “Por que eu tenho uma sensação de cisco ou coceira no olho antes de uma crise de enxaqueca?” “Por que eu tenho aversão à claridade durante, e até fora de uma crise de enxaqueca?” “Por que minha vista escurece? Por que eu tenho aura de enxaqueca?” “Por que minha pálpebra cai durante minha crise de enxaqueca?” “Por que eu incho ao redor dos olhos quando eu tenho enxaqueca?” “Qual a explicação científica para tudo isso?”
A resposta é ao mesmo tempo simples e complexa. Em resumo, tudo isso ocorre justamente porque você tem enxaqueca. A causa da enxaqueca é um desequilíbrio, uma desarmonia, entre diversas substâncias, neurotransmissores, hormônios e neurohormônios. Esse desequilíbrio pode se manifestar através dos muitos possíveis sintomas da enxaqueca, dependendo de fatores e predisposições individuais.
Sim, mas e a natureza desse desequilibrio? Bem, essa resposta é tão complexa que daria um livro, e é justamente este livro que eu escrevi para você! Clique aqui para saber mais.
E para você que já leu, não deixe de visitar a página do livro no Facebook (facebook.com/enxaqueca.livro) e, uma vez naquela página, clicar em Curtir (isso ajuda enormemente a divulgar sua existência para quem precisa).

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