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2.20.2013

Bife a cavalo


LONDRES - O amigo leitor já deve ter vivido a situação no Brasil. Entrada do Maracanã ou do Morumbi, algumas horas para o início do jogo e a sensação de que a fome vai apertar até o longínquo apito final. Eis que sobe às narinas a fumaça do churrasquinho mais próximo: o popular filé miau. A oferta é convidativa, apesar da origem suspeita da carne. Como o bicho na brasa não mia, você encara o espeto, sonhando com a picanha da Fogo de Chão.
Foi mais ou menos assim que milhões de europeus basearam sua alimentação nos últimos anos em lasanhas, tortas, hambúrgueres e outros congelados à venda por preços módicos no supermercado mais perto de casa.
No mês passado, a turma descobriu que estava comprando gato por lebre, ou melhor, cavalo por boi. Nem tudo que leva "beef" no nome tem procedência bovina, descobriram os cientistas que encontraram traços de DNA equino nos produtos. Se o hipismo fosse um esporte popular, seu futuro na Europa estaria em risco, de tantos saltadores em potencial que acabaram na panela.
Agora as autoridades anunciam as reações de praxe para enfrentar a crise. A União Europeia fará blitze nas prateleiras. Os governos nacionais mandarão fiscais aos estábulos. E a indústria de alimentos, é claro, vai encontrar um bom motivo para elevar o valor dos produtos.
Se o episódio tem um lado bom, é o fôlego que está dando aos pequenos açougues. Aqueles estabelecimentos simpáticos, de administração familiar, cada vez mais raros na paisagem das grandes cidades. Na imprensa britânica, a toda hora aparece um açougueiro satisfeito, com seu avental lambuzado de sangue, contando como o escândalo está ajudando a salvar o negócio da concorrência desleal das grandes cadeias.
Os consumidores, que andavam assustados, sorriem de volta, embalados pela nostalgia do comércio de antigamente. Dizem ter concluído que vale a pena pagar um pouco a mais pelo conforto de saber que animal vão comer no jantar.
Todos parecem felizes, pelo menos até o supermercado baixar de novo o preço do hambúrguer.

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