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2.05.2013

Casal que escapou da tragédia morre em colisão


Jovem que ajudou a organizar a festa na Kiss, mas foi convencida pelo namorado a não ir, é vítima de acidente de carro. Moradores de Santa Maria tentam retomar rotina

POR Vania Cunha
Rio  Grande do Sul -  Uma jovem que participou da organização da festa universitária na boate Kiss e foi salva pelo namorado, que a pediu para não ir à casa de show, foi morta em acidente automobilístico uma semana depois da tragédia. Jéssica de Lima Rohl, de 21 anos, era de Santa Maria (RS). Ela foi morta com o namorado, Adriano Veber Stefanel, 20. O acidente aconteceu no sábado, por volta das 21h, na PR-182, no oeste do Paraná. O automóvel das vítimas bateu de frente com uma carreta.
Foto: Ernesto Carriço / Ag. O Dia
Ontem, uma semana após a tragédia, Santa Maria começa a retomar a vida. Para superar as marcas deixadas pela perda dos 237 jovens, uma rede de ajuda foi montada para atender aos milhares de estudantes que retornaram às aulas. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) criou um Centro de Acolhimento e vai contratar 20 profissionais para atender os alunos.
Nos próximos dois anos, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e educadores reforçarão os quadros da UFSM. O espaço, perto da reitoria, será para palestras e atendimentos individuais. Os professores também receberam orientações sobre como lidar com os jovens. A coordenadora do trabalho, Marian Mouro, acredita que, com a retomada da convivência, os jovens vão superar o trauma. A UFSM perdeu 116 alunos e ex-alunos. “A estimativa é de que, com o tempo, apenas 5% apresentem trauma”, analisa.
Na cidade, o clima é de recomeço. A movimentação de pessoas e carros e a reabertura das lojas indicam que Santa Maria tenta superar o trauma. Hoje, Elissandro Spohr, o Kiko, sócio da boate, terá alta e será transferido para um presídio.
Ato ecumênico marca retorno difícil
Dois mil estudantes e alguns pais de vítimas se reuniram ontem para ato ecumênico, na Universidade Federal de Santa Maria. Eles foram recebidos pela Orquestra Sinfônica da faculdade. Todos rezaram de mãos dadas pelas famílias — 116 velas foram acesas em homenagem aos que morreram. Ontem, quatro pessoas receberam alta e agora restam 93 internados.
O padre Francisco Bianchini pediu que os estudantes se lembrem dos que se foram, mas que recomecem suas vidas. “Vamos reconstruir Santa Maria”, disse.
Jandira Maria Ávila, que perdeu o filho Ericson, de 23 anos, fez questão de acompanhar o outro filho, Eric, no retorno às aulas. “Queremos encher o coração de esperança e das boas lembranças dele. A revolta e raiva não ajudam em nada”, desabafou.

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