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2.22.2013

Futebol e Ditadura

Como é que esta figura( torturador) continua no comando da CBF: é o fim da picada

Filho de Vladimir Herzog cria petição online para tirar Marin da CBF

Cresce na internet um novo movimento anti-José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Desde o início da semana, mais de 6 mil internautas assinaram uma petição online para tentar remover o dirigente do cargo (acesse AQUI), em um protesto criado por Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto por agentes da ditadura. Durante a repressão, o ex-governador biônico de São Paulo integrou o Arena (partido criado pelos militares) e mostrou simpatia por figuras como Sérgio Fleury, torturador de dissidentes do regime.

Foto: José Cruz/ABr
Petição online espera recolher 100 mil assinaturas para pressionar Marin a deixar o comando da CBF. Foto: José Cruz/ABr

A petição, que visa recolher 100 mil assinaturas, repercutiu de forma rápida. “Fiquei impressionado”, conta Ivo a CartaCapital. O presidente do Instituto Vladimir Herzog diz saber que a ação pode não ter a influência pretendida por ser direcionada a uma entidade privada. “Não podemos interferir, mas vai ficar cada vez mais pública essa indignação das pessoas em ter o Marin como o anfitrião do Mundial. Temos que registrar o nosso protesto e criar situações de incômodo para que ele saia ou ao menos deixe o Comitê Organizador da Copa”.
Segundo Ivo, a decisão de lançar o movimento ocorreu após ver o blog do jornalista Juca Kfouri ser acionado na Justiça para explicar a reprodução de uma “convocação” para um escracho a Marin, organizado pela Articulação Estadual pela Memória, Verdade e Justiça, e um texto sobre um discurso do dirigente contra a TV Cultura. A emissora era acusada por ele de ter “comunistas” infiltrados. Um deles seria o então editor-chefe de jornalismo, Vladimir Herzog.
As críticas à estatal paulista, e também os elogios a Fleury, ficaram registrados no Diário Oficial do Estado (Leia AQUI e AQUI). Em 9 de outubro de 1975, na Assembleia Legislativa, o então deputado estadual José Maria Marin pediu “providências” contra a emissora. “É preciso mais do que nunca uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar não só nesta Casa [TV Cultura], mas principalmente nos lares paulistanos”, disse Marin.
Duas semanas depois, Herzog foi assassinado no DOI-CODI e teve o suicídio forjado pelo regime.
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A petição enfatiza os laços de Marin com a ditadura e destaca que seus discursos apoiaram “movimentos que levaram a tortura, morte e desaparecimento de centenas de brasileiros. O caso mais notório é do jornalista Vladimir Herzog”. “Não podemos permitir que Marin viva a glória de estar à frente do maior evento mundial da nossa história”, diz o texto.
Para Ivo, o dirigente representa “o mais grave do sentido da impunidade”. Sua presença no comando da Copa do Mundo, acredita, vai reforçar para “a percepção de que o Brasil é um país da impunidade e que muitas vezes ela é recompensada da pior forma possível”.
CartaCapital contatou Marin por meio de sua assessoria de imprensa, mas não recebeu resposta.

Jornalista Gabriel Bonis

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