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3.10.2013

Transtorno psiquiátrico eleva risco de uma pessoa ser vítima de homicídio

Novo estudo mostrou que o distúrbio que mais eleva essa chance é aquele relacionado ao abuso de substâncias tóxicas

A depressão é uma doença tratável que afeta o estado de humor da pessoa
Transtornos mentais: Dependência química e depressão estão entre os distúrbios capazes de elevar a chance de uma pessoa ser vítima de homicídio (Thinkstock)
Um estudo publicado nesta terça-feira no site do periódico British Medical Journal (BMJ) sugere que pessoas que sofrem de algum transtorno psiquiátrico têm um risco maior de serem vítimas de homicídio. Segundo a pesquisa, feita por especialistas americanos e suecos, essa chance pode chegar a ser nove vezes maior dependendo do distúrbio apresentado pelo indivíduo — e o problema que parece ser mais perigoso nesse sentido é a dependência química.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Mental disorders and vulnerability to homicidal death: Swedish nationwide cohort study

Onde foi divulgada: site do periódico British Medical Journal (BMJ)

Quem fez: Casey Crump, Kristina Sundquist, Marilyn Winkleby e Jan Sundquist

Instituição: Universidade Stanford, EUA, e Universidade de Lund, Suécia

Dados de amostragem: 7.253 suecos adultos

Resultado: Em comparação com pessoas sem transtornos psiquiátricos, pessoas com algum desses problemas têm, no geral, um risco cinco vezes maior de ser vítimas de homicídio. Essa chance é nove vezes maior entre aquelas que têm problemas com abuso de substâncias tóxicas; 3,2 vezes maior entre quem tem algum transtorno de personalidade; 2,6 vezes maior entre quem tem depressão; 2,2 maior entre indivíduos com ansiedade; e 1,8 vez maior entre esquizofrênicos.
De acordo com os autores da pesquisa, embora a prática de violência por parte de indivíduos com transtornos mentais seja muito analisada, o risco de essas pessoas serem vítimas, e não autoras, de homicídios é algo “raramente estudado”. Para os pesquisadores, as conclusões desse novo trabalho podem ajudar a desenvolver estratégias mais eficazes para melhorar a segurança e a saúde de pacientes com algum distúrbio psiquiátrico.
Essa pesquisa foi desenvolvida na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, junto à Universidade de Lund, na Suécia. A equipe levou em consideração os casos de pacientes com transtornos psiquiátricos e os registros de homicídio entre 2001 e 2008 em toda a população de adultos suecos. Os distúrbios mentais foram agrupados nas seguintes categorias: transtorno de uso de drogas, esquizofrenia, transtornos de humor (incluindo bipolaridade e depressão), ansiedade e transtornos de personalidade.
O tamanho do risco — Ao todo, 7.253 indivíduos participaram da pesquisa. Desses, 615 morreram vítimas do homicídio, sendo que 141 deles, ou 22%, apresentavam algum transtorno psiquiátrico. Segundo o estudo, apresentar algum distúrbio aumenta, em média, em cinco vezes a chance de morte por homicídio em comparação com não ter o problema. O maior risco foi observado em pessoas com distúrbios relacionados ao abuso de substâncias tóxicas (um risco nove vezes maior). Também elevaram essas chances transtornos de personalidade (3,2 vezes), depressão (2,6 vezes), transtorno de ansiedade (2,2 vezes) e esquizofrenia (1,8 vez).
No estudo, os autores escrevem que existem possíveis explicações para essas conclusões, como o fato de haver uma alta prevalência de abuso de substâncias tóxicas entre pessoas com transtornos psiquiátricos, que é algo associado à violência. Indivíduos com esses problemas, independentemente do uso dessas substâncias, também tendem a ter mais contato com outras pessoas com distúrbios mentais e podem ser menos atentos a situações que representam perigo.
Em um editorial que acompanhou o estudo, Roger Webb e Jenny Shaw, pesquisadores do Instituto da Saúde Mental, do Cérebro e do Comportamento da Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha, acreditam que a pesquisa deve fazer com que os médicos passem a avaliar todos os tipos de risco que pacientes com doenças mentais possam apresentar. E, entre esses tipos, é preciso considerar a chance de o paciente ser vítima de homicídio, bem como de ser o autor de um. “Esses riscos andam juntos, e pessoas com distúrbios mentais, assim como suas famílias, devem receber informações sobre todos os perigos”, escrevem.

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