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3.01.2013

Você sabe que está no Rio quando...

Veja coisas que só se encontra na Cidade Maravilhosa, que faz 448 anos.
Lista vai do mate de galão na praia ao baile sob viaduto em Madureira.

João Bandeira de Mello Do G1 Rio
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Não é só samba que é natural do Rio de Janeiro, como cantam os versos de Zé Kéti sobre a cidade que completa 448 anos nesta sexta-feira (1º). A metrópole de 6,4 milhões de habitantes, que reúne o mar e a montanha, também é cenário para a prática de esportes radicais em meio a arranha-céus e do aplauso ao pôr do sol do Arpoador. Você sabe que está no Rio quando vai à praia e brinda o verão com a dobradinha mate de galão e biscoito Globo. Ou quando pisa no calçadão de ondas preto e branco da orla e nos mosaicos coloridos da escadaria Selarón, que, junto com os Arcos, faz da Lapa um dos cartões-postais cariocas.
No verão de 2010, o prefeito Eduardo Paes tentou proibir a venda de bebidas em galões, entre outras medidas do Choque de Ordem nas praias. Diante da repercussão negativa, voltou atrás e assinou um decreto que torna Patrimônio Cultural e Imaterial os vendedores de mate e limonada em galão, além dos de biscoito de polvilho.
Vendedor de mate de galão e biscoito Globo na Praia de Ipanema (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Vendedor de mate de galão e biscoito Globo na Praia de Ipanema (Foto: João Bandeira de Mello/G1)
Quase sempre lado a lado com o mate, o biscoito Globo tem origem iniciada em São Paulo, onde os irmãos Milton, Jaime e João Ponce aprenderam a receita do biscoito de polvilho na padaria de um primo, em 1953. O negócio veio para o Rio no ano seguinte, onde eles vieram vender seus biscoitos em um congresso eucarístico e, diante do sucesso, estabeleceram-se aqui, onde a fábrica continua até hoje na Rua do Senado, no Centro.
Senadinho era o apelido do restaurante Cosmopolita, na Lapa, frequentado nas décadas de 20 e 30 por personalidades políticas de peso, como Oswaldo Aranha. Em 1933, ele pedia que servissem a carne com acompanhamento farofa, arroz e batatas fritas à portuguesa (chips), tudo carregado no alho, criando o tradicional filé que leva seu nome. Pertinho dali – e bem longe da França –, foi criado o filé à francesa, no Nova Capela. Ao menos, foi criado por um francês, conforme a história repassada há décadas pelos garçons, de um francês, cliente assíduo que inventou a guarnição de batatas palha com cebola, presunto picado e petit pois.
É comum o fechamento de ruas para pedestres em parques e praias nas manhãs dos fins de semana, mas a Lapa tem interdição aos carros é nas noites de sexta e de sábado, a partir das 21h. Além de concentrar a marca da mais tradicional boemia da cidade, com o Circo Voador e as casas de samba relativamente recentes nos sobrados antigos, muitos deles centenários, o bairro da região central ainda reúne milhares de pessoas em shows abertos nos Arcos.
Show de música e luz lota os Arcos da Lapa, no Centro do Rio (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Show de música e luz lota os Arcos da Lapa, no Centro do Rio (Foto: Marina Herriges/Riotur)
Lá em cima, em Santa Teresa, o bondinho, único do tipo que sobrevivia no Brasil como transporte coletivo não turístico, também está parado após um acidente em que seis pessoas morreram, em 2011, mas deve voltar. A Secretaria de Transportes do Estado prevê que, após uma reforma, eles voltem a circular em 2014. Enquanto isso, moradores de bairro, e de fora dele, protestam contra a falta dos bondes.
À exceção de pontos turísticos como Corcovado e Pão de Açúcar, a concentração de turistas estrangeiros nesses locais só perde para Copacabana, bairro que tem uma daquelas misturas de pessoas diferentes de dar inveja a qualquer Nova York.  À qualquer hora do dia, a princesinha do mar reúne de "gringos" a locais passeando ou se exercitando na primeira ciclovia do Rio – junto com Ipanema e Leblon –, além do maior contingente de idosos da cidade.
Turistas de diferentes nacionalidades, idosos e artistas se misturam na Praia de Copacabana (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Turistas de diferentes nacionalidades, idosos e artistas se misturam na Praia de Copacabana, com o típíco calçado de ondas em preto e branco (Foto: João Bandeira de Mello/G1)
Desde o século XIX enfeitando a paisagem da Zona Sul, o Jardim Botânico é o primeiro de seu modelo existente no Brasil. Criado originalmente entre 1808 e 1821 como Horto Real por ocasião da vinda da Corte portuguesa, ele conserva desde 1842 as alamedas de altíssimas palmeiras reais e permanece até hoje com um dos principais institutos de pesquisas botânicas do país, e além de local perfeito para passeios relaxantes.
Do outro lado da cidade, mas também pela chegada da Corte, a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, além do principal espaço verde da Zona Norte ainda é o caminho de chegada no Jardim Zoológico. O bairro ainda tem, bem pertinho, o Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga. Mais conhecido simplesmente como Feira de São Cristóvão, é o maior ponto cultural nordestino fora do Nordeste do país, com música que vai dos tradicionais trios pé-de-serra ao forró moderno, comida típica e farta e um concorridíssimo concurso de quadrilha nas festas juninas a cada ano.
Subindo mais a Zona Norte, já no subúrbio, onde mais se vê um baile sob um viaduto? Há 20 anos, o baile charme do Viaduto de Madureira tornou-se cult, ganhou "filiais" como o que acontece nas últimas sextas-feiras de cada mês na Cinelândia, no Centro, e ainda inspiraram o fictício Baile Charme do Divino, da novela "Avenida Brasil".
A música na rua também é característica, a ponto de ter locais cativos, que, além dos bailes e da Lapa, incluem inúmeras rodas de samba que vão de todo o subúrbio à Pedra do Sal (considerada o berço do gênero, perto da Praça Mauá) e ao bar Bip-Bip, em Copacabana.
Joca do Trombona, de 80 anos, toca há dez na mesma esquina de Ipanema (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Joca do Trombone, de 80 anos, toca há dez na mesma esquina de Ipanema (Foto: João Bandeira de Mello/G1)
As ruas fechadas à noite na Lapa facilitaram o trabalho dos músicos de rua, assim como a lei municipal de 2011 que lhes permitiu tocar em locais públicos sem precisar de licença prévia, desde que não ultrapassem o limite de decibéis. Antes mesmo dela e, também em outro lugares, alguns intrumentiastas já eram tradicionais de seus bairros, como Joca do Trombone, um aposentado de 80 anos que há uma década se apresenta à tarde na esquina das ruas Visconde de Pirajá e Garcia D'Ávila, em Ipanema. Logo após ser fotografado pelo G1, e sem nem saber do tema geral da reportagem, emendou com o "Samba do Avião", de Tom Jobim. Mais carioca, impossível.
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