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5.16.2013

Cientistas criam células-tronco humanas por meio de clonagem

Embrião humano é clonado

Notícia assusta o mundo. Cientista diz que meta é obter células-tronco para tratar doenças


Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram clonar embriões humanos. A notícia assustou o mundo, ao trazer à tona a possibilidade de serem criados seres humanos idênticos a outros, vivos ou mortos. Apesar de os pesquisadores da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, nos EUA, garantirem que não têm este objetivo, a preocupação é grande.

“Os cientistas, finalmente, entregaram o ‘bebê’ que pretensos clonadores humanos têm estado à espera: um método confiável para criar embriões humanos clonados”, protestou o médico David King, diretor do grupo britânico Human Genetics Alert. “Isso torna imperativo que nós criemos uma proibição internacional sobre a clonagem humana”, concluiu.

Mas, segundo o líder da pesquisa, o cientista Shoukhrat Mitalipov, a meta é obter células-tronco destes embriões para, com elas, ‘fabricar’ tecidos e órgãos que poderão ser usados em transplantes com risco zero de rejeição. A descoberta, diz ele, pode levar a tratamentos contra várias doenças, entre elas Parkinson e diabetes. Transplante de tecido pancreático, por exemplo, curaria diabéticos. Ao final da coleta de células-tronco, os embriões serão destruídos, garante.

“Levei seis anos para ter sucesso após ter conseguido resultados semelhantes em embriões de macacos”, diz Mitalipov. Em vários laboratórios do mundo, o resultado vinha sendo perseguido há 15 anos.

O experimento é o mesmo que produziu a ovelha clonada Dolly, em 1996. Os pesquisadores transplantaram material genético em óvulos de doadoras cujo DNA havia sido removido. Com isso, cultivaram células-tronco de seis embriões criados em laboratório.

Os óvulos doados não foram fertilizados. Até então, eram usados para obter células-tronco embriões humanos resultantes de fecundação, não aproveitados por casais em clínicas de reprodução in vitro.

Pesquisadores usaram técnica semelhante à da utilizada na ovelha Dolly.
Linha de pesquisa buscava resultado há mais de 15 anos.

Do G1, em São Paulo
393 comentários
Óvulo de doadora com núcleo de célula de pele (Foto: Divulgação/OHSU)Óvulo de doadora com núcleo de célula de pele (Foto: Divulgação/OHSU)
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Depois de mais de 15 anos de fracassos de cientistas de todo o mundo, além de um caso de fraude, cientistas finalmente criaram células-tronco humanas com a mesma técnica que produziu a ovelha clonada Dolly, em 1996. A equipe liderada por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, nos EUA, publicou artigo a respeito na revista "Cell", nesta quarta-feira (15)
Como informa a agência Reuters, para chegar ao resultado, os pesquisadores transplantaram material genético de células adultas em óvulos cujo DNA havia sido removido. Eles cultivaram células de seis embriões criados, em dois casos, a partir de DNA de amostras das peles de uma criança com uma doença genética, e, nos outros quatro casos, de fetos saudáveis.
Em cada um dos casos, o DNA foi inserido em óvulos não fertilizados doados e, após a aplicação de uma sequência de técnicas, foi verificada a replicação das células.
O procedimento, segundo a "Cell", abre uma nova frente para a medicina com células-tronco, que tem sido prejudicada por desafios técnicos, bem como questões éticas.
Até agora, as fontes mais naturais de células-tronco humanas eram embriões humanos, cuja utilização em pesquisa cria dilemas éticos. Para determinados setores, um óvulo fecundado deve ser tratado como um ser humano e, por isso, não pode ser descartado. A técnica divulgada nesta quarta-feira usa óvulos humanos não fertilizados, e, assim, não se enquadraria nessa discussão.
Eliminar a necessidade de embriões humanos pode aumentar as tentativas de utilização de células-tronco e suas descendentes para substituir células danificadas ou destruídas por problemas cardíacos, mal de Parkinson, esclerose múltipla, lesões na medula e outras doenças devastadoras.
Clonagem
A técnica, no entanto, também poderia ressuscitar os temores da clonagem reprodutiva, ou produzir cópias genéticas de indivíduos vivos (ou mortos). Mesmo antes de o estudo ser publicado, um grupo britânico chamado Human Genetics Alert protestou contra a pesquisa.
"Os cientistas, finalmente, entregaram o bebê que pretensos clonadores humanos têm estado à espera: um método confiável para criar embriões humanos clonados", disse o dr. David King, diretor do grupo. "Isso torna imperativo que nós criemos uma proibição legal internacional sobre a clonagem humana, antes que mais pesquisas como essa apareçam. É irresponsável ao extremo a publicação desta pesquisa."
Entre os cientistas, no entanto, o fato de a técnica ter funcionado está sendo saudado como um avanço, como afirmou o biólogo especializado em células-tronco George Daley, do Harvard Stem Cell Institute. "Isso representa uma conquista inigualável. Eles tiveram sucesso onde muitas outras equipes fracassaram, inclusive a minha."
 Cientistas criam células-tronco humanas por meio de clonagem (Foto: Divulgação/OHSU)Montagem mostra diferentes estágios do processo
descrito pelos cientistas na 'Cell'
(Foto: Divulgação/OHSU)
Fraude
Entre os que fracassaram na utilização da técnica está o biólogo Hwang Woo-suk, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul.
Em 2005, Hwang e sua equipe foram manchete em todo o mundo quando anunciaram, na revista "Science", que haviam criado células-tronco embrionárias humanas por meio de transferência nuclear, a mesma técnica que os cientistas de Oregon usaram. A alegação de Hwang acabou sendo desmentida, tornando-se um dos casos mais famosos de fraude científica na última década.
Se o feito da equipe de Oregon se mantiver e puder ser replicado por cientistas em outros laboratórios, o método oferecerá uma terceira, e potencialmente superior, forma de se produzir células-tronco embrionárias.
A pesquisa com células-tronco decolou em 1998, quando cientistas liderados por Jamie Thomson, da norte-americana University of Wisconsin, anunciaram que conseguiram cultivar células a partir de embriões humanos de alguns dias obtidos em clínicas de fertilização, chamadas de blastocistos.
Como os blastocistos eram destruídos quando as células-tronco eram removidas, grupos que acreditam que a vida começa na concepção promoveram intensos protestos. Em 2001, o presidente norte-americano George W. Bush proibiu financiamento público federal nos EUA para pesquisa que criaria mais blastocistos.

Artigo sobre célula-tronco reacende polêmica sobre clonagem humana

Grupo britânico chamou publicação de irresponsável.
Para pesquisadora brasileira, intenção do autor não é mau uso.

Dennis Barbosa Do G1, em São Paulo
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Cientistas criam células-tronco humanas por meio de clonagem (Foto: Divulgação/OHSU)Imagens mostram diferentes passos da criação de
células-tronco por meio de clonagem, apresentada
nesta quarta na revista 'Cell' (Foto: Divulgação/OHSU)
O artigo desta quarta-feira (15) da revista "Cell", mostrando uma técnica para criar células-tronco embrionárias por meio de clonagem, já foi publicado sob polêmica, por mostrar um caminho que, em teoria, possibilita criar clones humanos. Os autores fizeram o mesmo procedimento já usado para clonagem de animais, mas alteraram alguns passos.
Um grupo britânico chamado Human Genetics Alert protestou contra a pesquisa. "Os cientistas, finalmente, entregaram o bebê que pretensos clonadores humanos têm estado à espera: um método confiável para criar embriões humanos clonados", disse David King, diretor do grupo, à Reuters. "Isso torna imperativo que nós criemos uma proibição legal internacional sobre a clonagem humana, antes que mais pesquisas como essa apareçam. É irresponsável ao extremo a publicação desta pesquisa."
A pesquisadora brasileira Lygia da Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo (USP), confirma que a equipe de Shoukhrat Mitalipo de fato trouxe a público um novo caminho que poderia viabilizar a clonagem humana, mas ressaltou que o propósito dos cientistas é que se possam aproveitar as possibilidades terapêuticas das células-tronco, não permitir que elas se tornem novas pessoas.
As células-tronco embrionárias são as únicas capazes de se especializar em todo tipo de células do corpo e de se multiplicar sem limite, tendo assim um enorme potencial terapêutico. Essas células são especialmente promissoras para o tratamento de doenças como o mal de Parkinson, a esclerose múltipla, doenças do coração e lesões na medula espinhal.
Intenção
“Ele ajudou a vida de quem quer fazer um clone, mas é claro que não é sua intenção”, diz a cientista, que enfatizou o feito do autor e sua equipe. “Eles conseguiram, mudando o meio de cultura, fazer embriões clonados com uma grande eficiência. Sempre imaginei que precisariam de centenas de óvulos. Foi com um número de óvulos relativamente pequeno”, explicou. Para a pesquisadora, a questão de um eventual mau uso da clonagem deve ser tratada por meio de mecanismos de controle e legislações que punam quem cometer desvios.
O site da revista “Nature” entrevistou Masahito Tachibana, pesquisador japonês que trabalha há cinco anos no laboratório de Mitalipo, e ele afirmou que em breve será publicado um novo texto explicando porque a clonagem de um ser humano não é possível com a técnica apresentada nesta quarta.
Outra questão ética envolvida é o descarte de embriões. Historicamente, o embrião é o resultado da fecundação de um óvulo por um espermatozoide. Como no caso dessa nova pesquisa, o DNA de uma célula já adulta é transferida para um óvulo, não há de fato uma fecundação no sentido clássico. No entanto, como alerta a professora Lygia, com a criação de células-tronco a partir de células já adultas, a definição de embrião fica em cheque.
A transferência de núcleo apresentada por Mitalipo e sua equipe é uma técnica complicada de uma linha de pesquisa que já vinha perdendo força. No ano passado, o Nobel de Medicina foi para trabalhos que mostram que células adultas podem ser "reprogramadas" para se tornar imaturas e pluripotentes (IPS), ou seja, capazes de se especializar em qualquer órgão ou tecido corporal, manipulando-se apenas quatro genes. Essa é, há quase uma década, a principal aposta da comunidade científica, em detrimento dessa reprogramação por meio de clonagem.
Segundo Lygia da Veiga Pereiram, Mitalipo viabilizou uma técnica de “caixa-preta”, pois conseguiu a criação da célula-tronco sem que se saiba exatamente como acontece a reprogramação dentro do óvulo, ao contrário do caminho premiado com o Nobel de 2012, liderado pelo japonês Shinya Yamanaka, que é muito mais simples e já vem sendo aplicado, inclusive no Brasil.
Ainda assim, ela considera o trabalho publicado pela “Cell” importante: “Será que essas células são mais interessantes que as IPS? Será que essa técnica não pode ser usada em fertilização in vitro normal? Que pode ajudar casais a terem filhos?” São perguntas que ficam, por enquanto, em aberto.

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