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5.17.2013

Ex-militar relata execução de casal em Comissão da Verdade de SP

Valdemar Martins de Oliveira disse ter testemunhado mortes na ditadura.
Acidente de trânsito foi forjado, segundo depoimento do ex-soldado.

O ex-militar Valdemar Martins de Oliveira, ouvido nesta quinta-feira (16) na Comissão da Verdade de São Paulo, afirmou que o casal Catarina Abi-Eçab e João Antônio Santos Abi-Eçab foram executados. À época do crime, ocorrido em 8 de novembro de 1968, as autoridades informaram que eles morreram em um acidente de trânsito.
Nascidas em São Paulo, as vítimas eram militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e estudantes de filosofia da Universidade de São Paulo (USP). A versão policial para as mortes era de que um acidente causou a detonação do veículo onde viajavam por carregar explosivos, na BR-116, próximo a Vassouras, no interior do Rio de Janeiro.
Segundo relato de Oliveira à Comissão, no entanto, o casal foi preso no Rio de Janeiro, na tentativa de o governo militar achar culpados pela execução do capitão do Exército dos Estados Unidos Charles Chandler. O ex-militar disse ter testemunhado, de acordo com a Assembleia, Catarina e João Antônio sendo levados, amarrados, amordaçados e já feridos durante sessões de torturas, a um sítio em São João do Meriti, também no Rio, que seria de um coronel do Exército. Depois de interrogatório, João foi levado para outras buscas, e Catarina foi torturada até que não esboçasse reação. Algum tempo depois, João Abi-Eçab foi levado de volta ao sítio, muito ferido, e morto com um tiro na cabeça, assim como outros presos, pelo chefe da operação, Fred Perdigão Pereira, de acordo com depoimento de Oliveira.
O ex-militar disse ter ouvido relatos de que a cena do acidente de trânsito havia sido forjada por militares. Sobre a metralhadora encontrada no local, ele afirmou ter certeza que não era do casal, já que a arma era de uso do Exército.
Em seu depoimento, Oliveira contou ainda que se manifestou contra os assassinatos, e por isso acabou licenciado do Exército, sofreu ameaças e foi vítimas de agressão em 1970. O ex-militar entregou à Comissão da Verdade de São Paulo documentos envolvendo sua situação no Exército, incluindo recibos de pagamento que recebia e cópias das petições judiciais que fez.
"Não roubei, não matei, não torturei, não devo nada a nenhuma Justiça, quero que meu nome seja limpo. Chegou a hora de o povo brasileiro entender o que foi a ditadura", disse, segundo nota da Assembleia Legislativa de São Paulo.

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