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5.17.2013

Operação de dez horas separa gêmeas siamesas


Meninas eram unidas pela base da coluna. Vários órgãos também estavam grudados

O Dia
São Paulo - Chegou ao fim o drama das gêmeas siamesas Ana Clara e Any Vitória, do Rio Grande do Norte. Nascidas unidas pela base da coluna, elas enfrentaram delicada cirurgia de separação, há duas semanas, e passam bem. As bebês, de 8 meses, foram submetidas a procedimento que durou dez horas e envolveu 15 profissionais de saúde no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Elsivânia soube do problema antes do terceiro mês de gravidez, mas nunca perdeu a fé de que tudo ia dar certo
Foto:  Divulgação
Exames mostraram que além do final da coluna, também estavam unidos o sistema reprodutivo, os órgãos genitais e a medula. O chefe de Cirurgia Pediátrica da unidade, Uenis Tannuri, explicou que cada irmã tinha seus próprios órgãos, mas eles estavam muito ‘grudados’.
“Tivemos que separar todos os órgãos. Contamos com a ajuda de um colega neurocirurgião para a separação da coluna sacral e a cirurgia foi muito bem”, disse o médico à Folha de São Paulo.
A mãe das crianças, Elsivânia Kátia da Costa, 28 anos, soube que daria à luz siamesas antes do terceiro mês de gravidez. “O médico falou que era gestação gemelar e que elas eram grudadas. Fiquei assustada. Mas botei nas mãos de Deus e acreditei que daria certo”.
Foi um sucesso a cirurgia de dez horas que separou as irmãs Ana Clara eAny Vitória, em São Paulo
Foto:  Adriano Vizoni
Ana Clara e Any Vitória tiveram alta terça-feira, mas ainda não voltaram para a cidade em que vive a família, Alto do Rodrigues (RN). Os médicos preferiram que elas permaneçam em São Paulo, aguardando liberação para aguentar uma viagem.
Antes da cirurgia, a rotina de Elsivânia e da família era muito dolorosa. “Tudo era difícil. Até para dar banho, porque quando uma estava dormindo, a outra estava acordada”, exemplificou Maria da Cunha, tia das meninas.
Cerca de 80% dos siameses morrem
O Instituto da Criança, em São Paulo, para onde as gêmeas foram encaminhadas, já tinha experiência de 21 casos semelhantes nos últimos 20 anos. Segundo o médico Uenis Tannuri, o nascimento de siameses é muito raro e 80% deles morrem nos primeiros meses. O especialista acrescentou que o caso das meninas do Rio Grande do Norte foi um dos mais difíceis. “Foi o primeiro envolvendo crianças que eram unidas pela parte posterior, que têm o nome de pigopadas. Estava unida toda a parte da coluna sacral e também alguns órgãos pélvicos”, explica Tannuri.

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