webmaster@boaspraticasfarmaceuticas.com.br

5.24.2013

Sintomas de câncer em crianças



Em meados do século passado a cura do câncer parecia inalcançável. Apesar dos avanços no tratamento e índices de cura cada vez maiores, principalmente em crianças e adolescentes, a palavra câncer ainda hoje denota sentimentos de sofrimento e medo da morte, pois é este o desfecho natural da doença na ausência de tratamento eficaz.
Sabe-se que todo câncer se origina do acúmulo sequencial de transformações genéticas de uma única célula que passa a se dividir descontroladamente, gerando células semelhantes, dotadas de capacidade de invadir tecidos adjacentes ou migrar para outras regiões originando as metástases. As metástases constituem-se na maior causa de morte por câncer.
O termo câncer inclui mais de 200 tipos conhecidos de doenças. Outros termos utilizados são “tumores malignos” e “neoplasias”.
Sua origem é multifatorial, tendo, portanto fatores de risco variados que intervêm em sua etiopatogenia. Estes podem ser genéticos conferindo suscetibilidade distinta a cada indivíduo ou ambientais.
O câncer que acomete crianças e adolescentes é diferente daquele dos adultos em vários aspectos. Do ponto de vista clínico, os tumores da infância e adolescência, em sua maioria, apresentam períodos de latência mais curtos, têm sintomatologia inespecífica, podendo mimetizar outras doenças pediátricas mais comuns, costumam crescer mais rapidamente e são mais invasivos; no entanto, respondem melhor ao tratamento tendo melhor prognóstico.
Há diferenças também quanto aos fatores de risco. De uma maneira geral, não há relação do câncer em crianças e adolescentes com fatores ambientais, havendo poucas medidas de prevenção do câncer para esta faixa etária.
Há dois níveis de principais de prevenção do câncer: primária e secundária. A prevenção primária visa reduzir ou eliminar a exposição do indivíduo a fatores de risco comprovadamente cancerígenos. As medidas de prevenção primária são amplamente divulgadas para a prevenção do câncer em adultos. Exemplos de prevenção primária do câncer em adultos são as campanhas contra o fumo, a orientação dietética, entre outros (Veja no Quadro 1: Dez dicas para se proteger do Câncer). Para as crianças e adolescentes a única prevenção primária do câncer de crianças e adolescentes nos dias atuais é a vacinação contra hepatite B, já incluída no calendário de vacinação do Ministério da Saúde, eficaz na prevenção de um tipo de câncer do fígado. Não se pode negar, no entanto a importância de se orientar e incentivar crianças e jovens quanto à prática de hábitos saudáveis de vida, incluindo as medidas de prevenção do câncer do adulto.
A prevenção secundária, na verdade é a prevenção da evolução de um câncer já instalado porém, ainda em seus estágios bem iniciais antes mesmo que ele se manifeste. São medidas que visam à detecção precoce do câncer por meio de exames de imagem ou laboratoriais. Os exemplos mais comuns são a colonoscopia a partir de determinada idade (detecta câncer no intestino), a mamografia (detecta câncer na mama) e o Papanicolaou (detecta câncer no colo de útero) especialmente para as mulheres, e a dosagem do PSA e o ultrassom transretal (detecta câncer de próstata) para os homens. Para as crianças e adolescentes os testes de rastreamento não se mostraram eficazes e estão reservados para algumas situações clínicas, como síndromes genéticas, ou má formações (Quadro 2)
Outra estratégia de prevenção secundária compreende as medidas para um Diagnóstico Precoce, ou seja, quando alguns sinais e sintomas clínicos já se manifestam. Esta é, de fato, a principal forma de intervenção que, seguida de tratamento eficaz, pode aumentar as chances de cura do câncer na criança e no adolescente além de reduzir a morbidade e as sequelas. Doença relativamente comum entre os adultos, o câncer é raro em crianças e adolescentes e representa cerca de 3% de todos os casos no Brasil em menores de 19 anos de idade. Estima-se a ocorrência anual de cerca de 11.000 casos novos em crianças e adolescentes brasileiros, dos quais 230 casos seriam capixabas.
O câncer na criança e no adolescente corresponde ao conjunto formado por 12 grupos e respectivos subgrupos, cada qual com suas particularidades. Apesar de raro, apresenta-se como um grande desafio na área da saúde em nosso país por ocupar o primeiro lugar como causa de mortalidade por doença dos 5 aos 19 anos de idade e por estar entre as 5 primeiras causas entre 1 e 4 anos de idade.
Felizmente o câncer na criança e no adolescente tem cura na maioria dos casos. Nos países desenvolvidos estes índices chegam a mais de 80%, desde que algumas condições sejam atendidas. Em primeiro lugar, as crianças e adolescentes devem chegar ao centro de referência no início da doença, quando o tratamento pode ser menos agressivo, com menos toxicidades e sequelas. Em segundo lugar, deve haver disponibilidade de serviços especializados e de qualidade para o diagnóstico e tratamento. E por fim, o suporte social é indispensável para se levar adiante o tratamento. As três ações são perfeitamente possíveis de serem executadas no estado do ES.
Em todo o mundo fatores relacionados ao paciente, sua família, médicos e sistema de saúde são determinantes da duração do período desde o primeiro sintoma até o diagnóstico do câncer. Lamentavelmente, em nosso meio, muitos pacientes ainda chegam aos centros de tratamento com doenças em estágio avançado. Contribuem para esses atrasos também, problemas relacionados com a inespecificidade dos sinais e sintomas de determinados tipos de tumor, cuja apresentação clínica pode mimetizar doenças mais comuns na criança e adolescente. Somam-se a estes fatores, as dificuldades de acesso de grande parte da população aos serviços de saúde, assim como a desinformação de muitos profissionais.
Alguns subgrupos, poucos, felizmente, a despeito da presteza do diagnóstico, por características próprias, não respondem satisfatoriamente aos recursos disponíveis pela Medicina atual.
O Projeto Bem-Querer Diagnóstico Precoce do Câncer Infanto Juvenil lançado pela ACACCI em outubro de 2011 em parceria com o Instituto Ronald McDonald e apoio do Governo do Estado do ES vem de encontro a estas necessidades. Além de capacitar os profissionais da Atenção Básica de Saúde acerca do reconhecimento dos sinais e sintomas do CIJ, o Projeto objetiva o fortalecimento e articulação da rede de atenção oncológica, com vistas a viabilizar em tempo hábil a referência dos casos ao Centro de Tratamento.
A criança e o jovem podem ter bom estado geral no início do quadro, o que dificulta a relação com doença de tamanha gravidade, fato que torna ainda mais importante o conhecimento médico acerca da doença. Firmado o diagnóstico, o tratamento deve contar com uma abordagem integral das necessidades da criança ou adolescente dentro do seu contexto familiar e social. A integração das três modalidades de tratamento principais (cirurgia, quimio e radioterapia) com o suporte social e emocional faz-se fundamental. Diante desta visão, a manutenção dos estudos por meio da Classe Hospitalar constitui-se em símbolo de esperança e determinação, onde os investimentos no futuro são preservados e incentivados e mesmo que não se tenha isto como meta, a convivência com seus pares torna a jornada destes jovens e de suas famílias mais amena e suportável.
A suspeita do câncer pode partir de familiares, de professores ou da própria criança ou adolescente. Pode também ser levantada em consulta médica de rotina.
Os sinais e sintomas dependem da localização primária do tumor e do grau de invasão nos órgãos adjacentes. Geralmente são progressivos e persistentes.
Podem ser gerais como febre, vômitos, emagrecimento, sangramentos, ínguas, dores ósseas e palidez. Ou mais localizados, como dores de cabeça, alterações da visão, dores abdominais ou em determinado local.
A febre é queixa comum em pediatria e na maioria das vezes, é manifestação de um processo infeccioso autolimitado. A febre persistente de origem indeterminada, com tempo de evolução superior a oito dias, pode levantar a suspeita de câncer, geralmente num contexto de associação com outros sinais e sintomas.
Normalmente a criança e o adolescente ganham peso e estatura observados em gráficos específicos. Anormalidades na curva precisam ser investigadas, e em grande parte dos casos estão associadas a patologias benignas (infecção urinária por exemplo). A perda de peso inexplicada quando associada à febre e excesso de suor noturno, são sinais de alerta e precisam ser investigados.
A palidez é uma das apresentações clínicas da anemia e em pediatria normalmente está associada à alimentação errônea e/ou verminose e sua manifestação clínica é de irritabilidade, prostração, sonolência, mal-estar, fadiga, dor de cabeça e tonturas. A anemia relacionada ao câncer costuma ser progressiva e vir acompanhada por outros sinais e sintomas de alarme como manchas roxas e/ou sangramentos fáceis sem relação com traumas.
Pequenos hematomas são normais e frequentemente encontrados em crianças em locais de “esbarros” (pernas e braços) e associados às atividades habituais, principalmente em pré escolares e escolares.
Por outro lado, as manifestações cutâneas de sangramento (manchas roxas) e outros sangramentos fáceis (gengivas e narinas) não associadas a traumatismos devem ser valorizadas.
Em nosso meio, a Dengue costuma ser a primeira suspeita para os casos de dor generalizada e, realmente deve ser a primeira hipótese, pois trata-se de doença mais comum. A criança maior pode verbalizar perfeitamente este sintoma. Os menores podem ter a manifestação das dores ósseas de forma mais disfarçada, diminuindo suas atividades habituais, ficando deitada a maior parte do tempo, recusando brincadeiras ou manipulação; ainda podem se manifestar com irritabilidade, dificuldade de dormir e diminuição do apetite.
As ínguas são frequentemente palpadas nas crianças e em geral, estão relacionadas a processos infecciosos sistêmicos ou localizados (dentes, infecções das amígdalas e pele). As ínguas que podem ter o câncer como origem costumam ser maiores que 3 cm, duras, de crescimento lento, indolores, aderidos aos planos profundos, sem evidência de infecção por perto.

  • A leucemia representa o grupo mais comum e pode se apresentar com palidez, sangramentos ou manchas roxas sem relação com traumas, dores no corpo, febre e infecções oportunistas.
  • O "reflexo do olho do gato", pupila esbranquiçada quando exposta à luz, pode ser sinal de tumor ocular que em geral acomete crianças menores de 3 anos de idade. Este tumor pode também se manifestar por “estrabismo”, ou desvio dos olhos, de surgimento recente.
  • Vômitos e dores de cabeça por mais de duas semanas, principalmente pela manhã, algum sinal neurológico como alteração da marcha ou da visão, ou ainda, aumento da cabeça de forma anormal, em menores de 3 anos de idade podem sugerir tumor do sistema nervoso central.
  • Massa no abdome ou aumento de seu volume isolados ou combinados constituem-se em uma das principais formas de apresentação do câncer em crianças e adolescentes e devem ser sempre investigados.. Podem vir acompanhados de dor abdominal, vômitos, constipação ou diarreia.
  • Outras tumorações em qualquer lugar do corpo sempre precisam ser investigadas.
  • Outras manifestações também são indicativas de investigação imediata:
    • Aumento do volume do olho (uni ou bilateral).
    • Sinais de puberdade precoce: pelos pubianos ou aumento dos órgãos genitais antes da puberdade.
    • Dor abdominal crônica recorrente. Urina com sangue

  • Pare de fumar! Esta é a regra mais importante para prevenir o câncer.
  • Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer em pelo menos 40%. Coma mais frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. Sua dieta deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas, verduras e legumes. Dê preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evite gorduras de origem animal (leite e derivados, carne de porco, carne vermelha, pele de frango etc) e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada.
  • Evite ou limite a ingestão de bebidas alcoólicas. Os homens não devem tomar mais do que dois drinques por dia. As mulheres devem se limitar a um drinque.
  • É aconselhável que homens, entre 50 e 70 anos, na oportunidade de uma consulta médica, orientem-se sobre a necessidade de investigação do câncer da próstata. Os homens com histórico familiar de pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos devem realizar consulta médica para investigação da doença a partir dos 45 anos.
  • Pratique atividades físicas moderadamente durante pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana.
  • As mulheres, com 40 anos ou mais, devem realizar o exame clínico das mamas anualmente. Além disto, toda mulher, entre 50 e 69 anos, deve fazer uma mamografia a cada dois anos. As mulheres com caso de câncer de mama na família (mãe, irmã, filha etc, diagnosticados antes dos 50 anos), ou aquelas que tiverem câncer de ovário ou câncer em uma das mamas, em qualquer idade, devem realizar o exame clínico e mamografia, a partir dos 35 anos de idade, anualmente.
  • As mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar o preventivo ginecológico periodicamente. Após dois exames com resultado normal com intervalo de um ano, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Para os exames alterados, deve-se seguir as orientações médicas.
  • É recomendável que mulheres e homens com 50 anos ou mais realizem exame de sangue oculto nas fezes, a cada ano (preferencialmente), ou a cada dois anos.
  • Evite exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar. Se você se expõe ao sol durante a jornada de trabalho, procure usar chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida.
  • Realize diariamente a higiene oral (escovação) e consulte o dentista regularmente. nte.
Fontes: INCA/MS, 2002. Prevenção e Controle de Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(3):317-332 INCA/MS, 2002. Programa nacional de Controle do Câncer da Próstata: documento de consenso INCA/MS, 2003. Consenso para o Controle do Câncer de Mama 

  Principais condições associadas a maior risco de câncer em crianças e adolescentes.

  • Síndrome de Down.
  • Neurofibromatose (doença de von Recklinghausen).
  • Ma formações do trato genitourinário: crianças que nasceram com alterações no sistema urinário, como hipospádia, testículo fora da bolsa.
  • Aniridia: ausência de íris (a manifestação é o incômodo com a presença de luz forte)
  • hemi-hipertrofia: um lado do corpo maior que o outro. Síndrome de Beckwith–Wiedemann.
São condições em que o pediatra deve acompanhar com exames complementares periódicos (rastreamento), dependendo de cada situação
Fundada em 1969, a Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP), com mais de 1.500 membros, é a organização de liderança global, voltada ao tema de crianças e pessoas jovens portadoras de câncer. A visão da Sociedade é a de que “ nenhuma criança deve morrer do câncer “ . Para concretizar esta visão, as missões da SIOP são: (1) assegurar que cada criança e adulto jovem com câncer tenham acesso ao melhor tratamento conhecido e cuidado; (2) garantir que todos os envolvidos com o câncer da criança ao redor do mundo, tenham acesso ao último progresso através de encontros, trabalho em rede, e desenvolvimento de educação continuada; (3) apoiar aqueles cuidadores de crianças e adultos jovens com câncer , para proporcionar as melhores terapias curativas e paliativas; e, (4) defender um apropriado seguimento a longo prazo para crianças e adultos jovens, após o tratamento do câncer. www.siop.nl A ICCCPO é a maior organização deste tipo, representando famílias de crianças com câncer. A ICCCPO deseja ver um mundo onde as questões enfrentadas por crianças com câncer e suas famílias, ambos a curto e longo prazo, sejam compreendidos pelas famílias, profissionais de saúde e a comunidade mais ampla, para assegurar que as crianças recebam o melhor cuidado possível, em qualquer lugar do mundo onde estejam , no momento do diagnóstico e logo depois. A missão da ICCCPO é dividir informações e experiências a fim de melhorar o acesso ao melhor tratamento possível e cuidado para as crianças com câncer, em todos os lugares no mundo. www.icccpo.org.

Nenhum comentário:

Postar um comentário