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6.06.2013

Cirurgia bariátrica pode ajudar no controle da diabetes em pacientes moderadamente obesos

Obesidade


Revisão de pesquisas mostra que a cirurgia, antes reservada apenas para pacientes muito obesos, pode ser usada em pessoas com menor peso para controlar doenças metabólicas. Mas ressalva que ainda são necessários mais estudos de longo prazo para avaliar resultados e complicações


Mais de um terço dos adultos norte-americanos (35,7%) são obesos
Mais de um terço dos adultos norte-americanos (35,7%) são obesos. No Brasil, são 15,8%. Cirurgia bariátrica pode representar uma importante alternativa para a perda de peso e controle da diabetes tipo 2 (AFP)
A cirurgia bariátrica, conjunto de procedimentos de redução de peso, pode ajudar pessoas moderadamente obesas com diabetes tipo 2, informa estudo publicado nesta terça-feira no periódico da Associação Médica de Estados Unidos (JAMA). Os pesquisadores aleram ser necessário ter mais provas antes de promover sua generalização.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Bariatric Surgery for Weight Loss and Glycemic Control in Nonmorbidly Obese Adults With Diabetes A Systematic Review

Onde foi divulgada: periódico JAMA

Quem fez: Melinda Maggard-Gibbons, Margaret Maglione, Masha Livhits, Brett Ewing, Alicia Ruelaz Maher, Jianhui Hu, Zhaoping Li, Paul G. Shekelle

Instituição: Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA, e outras instituições

Dados de amostragem: revisão de estudos publicados de janeiro de 1985 a setembro de 2012

Resultado: Os diabéticos com obesidade moderada perderam mais peso e tiveram um controle melhor da glicose em dois anos depois da cirurgia bariátrica do que com tratamentos não cirúrgicos, como dietas e medicamentos. As evidências são, no entanto, insuficientes para concluir sobre o uso da cirurgia até que mais dados sobre os resultados a longo prazo e suas complicações estejam disponíveis.
"A cirurgia bariátrica para diabéticos que não são muito obesos tem mostrado resultados promissores no controle da glicose", disse Melinda Maggard-Gibbons, principal autora do estudo e cirurgiã da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
O estudo se baseia em uma revisão da evidência que apoia o uso da cirurgia bariátrica para tratar diabéticos com um Índice de Massa Corporal (IMC — calcule aqui o seu) entre 30 a 35 — considerado o mais baixo do espectro de obesidade. Atualmente, recomenda-se a cirurgia apenas para pacientes com IMC acima de 40, ou de 35 a 40 que apresentem doenças como a diabetes.
Os pesquisadores descobriram que os diabéticos com obesidade moderada perderam mais peso e tiveram um controle melhor da glicose em um período de dois anos depois deste tipo de cirurgia do que com tratamentos não cirúrgicos, como dietas e medicamentos.
Os pacientes com um bypass gástrico (técnica de derivação gástrica), um dos procedimentos de cirurgia barátrica mais utilizados, conseguiram melhores resultados — mais perda de peso a curto prazo e melhor controle dos níveis de açúcar no sangue — do que os que se submeteram a uma banda gástrica, cirurgia bariátrica de tipo restritivo.
Cautela — Apesar dos bons resultados, é preciso ter cautela. "Sem dúvida, precisamos de mais informações sobre os benefícios e riscos a longo prazo antes de recomendar a cirurgia bariátrica, em vez de um tratamento não-cirúrgico de perda de peso, para estas pessoas."
O cuidado se justifica, uma vez que os pesquisadores informaram que os resultados surgem de um número relativamente pequeno de pesquisas e que mais estudos são necessários, especialmente sobre como os pacientes reagem depois de dois ou mais anos, e eventuais complicações e efeitos secundários.
O Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula alimentos e remédios, que exerce função similar a que a Anvisa tem no Brasil, aprovou a banda gástrica para pessoas com um IMC entre 30 e 35 e que tenham doenças relacionadas à obesidade.
Mais de um terço dos adultos norte-americanos (35,7%) são obesos (IMC maior ou igual a 30), segundo as estatísticas oficiais. No Brasil, segundo dados divulgados ano passado pelo Ministério da Saúde, o número de brasileiros acima do peso passou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011. No mesmo período, a proporção de obesos aumentou de 11,4% para 15,8%.

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(Com Agência France-Presse)

Mulher faz cirurgia bariátrica e muda hábitos após ficar presa em catraca

Estudante ficou ferida após ser obrigada por motorista a passar catraca.
'Antes, não me preocupava em ser gorda', afirmou ao G1.

Do G1 MS
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Estudante diz que cirurgia bariátrica foi um investimento (Foto: Tatiane Queiroz/ G1 MS)Estudante diz que cirurgia bariátrica foi um investimento (Foto: Tatiane Queiroz/ G1 MS)
A estudante Carla Zurutuza, 30 anos, perdeu 37 kg após uma cirurgia bariátrica, que na segunda-feira (13) completou cinco meses, e passou a cuidar da alimentação e fazer exercícios para emagrecer mais. Ela criou coragem para enfrentar o procedimento cirúrgico depois de ficar ferida em um ônibus coletivo em Campo Grande ao ser obrigada pelo motorista a passar pela catraca e 'entalar' no equipamento por ser obesa.

“Antes, eu não me preocupava em ser gorda. Quando vi que era uma limitação na minha vida e me prejudicava eu tive que tomar uma atitude”, disse ao G1.
Depois do incidente, Carla tentou evitar a possibilidade de operar, fez dieta, tomou remédios manipulados para perder peso, mas o resultado não foi o esperado. “Fui parar no hospital porque minha pressão caiu. O médico falou para eu não ficar com essas fórmulas e dietas malucas. Disse que se eu procurasse um médico [especialista] ou um nutricionista, iria emagrecer”.

Ela foi orientada pelos profissionais de que a cirurgia seria a melhor forma. Na época, ela pesava 153 kg. A estudante conta que recebeu críticas da família quando revelou o desejo em fazer a cirurgia. “Minha mãe não aceitava, tinha medo que eu passasse mal, morresse”, relata.

Ainda assim, decidida a mudar de vida, foi internada e entrou no centro cirúrgico para a intervenção no dia 13 de dezembro de 2012. A operação durou 2h30. Dois dias depois, começou a fazer exercícios com fisioterapeuta. “A cada hora eu tinha que caminhar pelos corredores, durante 10 minutos, para evitar trombose e ativar a circulação”, conta.

Agora é mais fácil encontrar roupas que sirvam"
Carla Zurutuza, estudante
Carla teve, ainda, que ficar com um dreno por mais de uma semana. “Foi ruim para dormir, para tomar banho. Depois que tirei foi um alívio”.

Uma nutricionista elaborou uma dieta para a mulher. Nos 30 primeiros dias, tomava apenas líquidos. Depois, passou 25 dias comendo alimentos processados em liquidificador, peneirados e coados. “Senti falta de mastigar. Pedi para que fossem liberados alguns alimentos e deixaram comer gelatina e iogurte”, lembra.

Atualmente, a estudante consome 800 calorias por dia. Na hora do almoço, são duas colheres de arroz, uma de feijão e um pouco de carne. “Não consigo comer mais que isso porque passo mal”.

Com todo o esforço, ela já diminuiu 12 números do manequim, passando do 64 para o 52. “Agora é mais fácil encontrar roupas que sirvam”, diz.

A estudante conta que pretende começar a fazer exercícios físicos tão logo termine a faculdade. Ela explica que tem que conciliar estudo e estágio. “Fui temporariamente liberada [dos exercícios, pelo médico] por falta de tempo”.

Ela diz que está acostumada com os hábitos saudáveis, diz que ficou até mais comunicativa. “Quando perguntam por que estou emagrecendo, digo que operei. É outra vida”.

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