Ex-diretor de Aids diz que há pressão religiosa na Saúde
Dirceu, Rui e Barbosa são servidores extremamentes competentes nas sua funções e que não se acha no mercado facilmente, portanto o Padilha precisa rever os seus conceitos, porque a nossa presidenta Dilma pode não gostar dessa atitude.
- Dirceu Bartolomeu Greco foi exonerado por causa de polêmica campanha de prevenção a Aids voltada para prostitutas
BRASÍLIA — O médico infectologista Dirceu Bartolomeu
Greco, disse que foi demitido do cargo de diretor do Departamento de
DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde porque a política
desenvolvida sob sua gestão não “coadunava com a política conservadora
do atual governo”. Em entrevista ao GLOBO, o ex-diretor disse que há
pressões de religiosos na pasta comandada por Alexandre Padilha e falou
da mistura entre religião e saúde pública. Greco, de 60 anos, foi
demitido por Padilha na noite da última terça-feira, 4. Ontem, dois
diretores adjuntos do Departamento de DST e Aids — Eu sou feliz sendo
prostituta”— pediram demissão.
— Em qualquer situação, o papel que o gestor de saúde tem é separar o que é saúde, do ponto de vista lato, do que é decisão individual em relação à religião. São situações completamente separadas. Se você é um fundamentalista e quer andar de burca, é um direito seu. Mas não pode ir contra mim por eu não ser desse jeito — afirmou o médico.
Para ele, as sucessivas decisões do ministro da Saúde de vetar campanhas educativas de prevenção da Aids representam um “risco” ao programa de combate à doença junto a públicos mais vulneráveis, como homens jovens gays e prostitutas. Dirceu era diretor da unidade, referência no combate à doença, desde agosto de 2010. Perdeu o cargo em razão da divulgação nas redes sociais da pasta de uma mensagem elaborada por prostitutas — “Eu sou feliz sendo prostituta” — como parte de uma campanha contra a Aids.
O ex-diretor listou três vetos de Padilha “em um ano e meio” como determinantes para sua demissão do cargo. O primeiro foi a proibição de veiculação, no carnaval deste ano, de um vídeo institucional com cenas de uma relação entre dois homens, para mostrar a necessidade de uso de preservativos. O segundo foi o recolhimento, também por determinação do ministro, de um material educativo com histórias em quadrinhos que abordavam questões de homofobia e sexualidade, enviados a 13 estados das regiões Norte e Nordeste. E, por último, a determinação da retirada da mensagem das prostitutas.
— Há risco (de os vetos prejudicarem o programa de combate à doença)? Claro. Dependerá de como isso será substituído. A campanha para os jovens gays foi substituída e, na avaliação do ministro, a substituição de uma informação por outra seria tão eficaz quanto. Não temos avaliação se a substituição foi eficaz.
Filho da primeira mulher vereadora pelo PT, o infectologista retoma na próxima semana o cargo de professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele passou o dia ontem recolhendo pertences pessoais. Por meio do Twitter, o ministro Alexandre Padilha negou ter cedido a pressões para demitir o diretor e sustentou que apenas vetou uma campanha que não condizia com a linha do ministério.
Confira a entrevista com Greco:
O senhor enxerga a decisão do ministro de demiti-lo como resultado do “conservadorismo” no governo?
Hoje, no país, me arrepio cada vez que se fala em plebiscito para pena de morte, redução da maioridade penal, retirada compulsória de usuários de crack e aborto. O senso comum nacional e internacional tem sido cada vez mais conservador e se reflete, principalmente, dentro do Congresso. Faz três anos, agora, que estou em Brasília. Vi muito progresso, mas ele continua muito dispare, com muitas dificuldades para enfrentar diversidades. O ministério não deixa de ser completamente isento disso. O departamento de Aids sempre foi vanguarda, com capacidade de discutir sexualidade, mortalidade, preconceito e estigma. Toda vez que ocorria uma crise, eu dizia: “O que estamos discutindo não é mais religião, é luta de poder.”
Crises como essa já tinham ocorrido?
Sim. O material voltado para jovens gays no carnaval, e as histórias em quadrinhos que falavam sobre essas coisas todas foram retirados. Este foi o terceiro episódio, três situações em um ano e meio. Do ponto de vista do ministério, a retirada foi por razão técnica, porque não passou pelos caminhos normais de avaliação do material. Esse é um pedaço da minha desavença. Todo ano tem o dia mundial de visibilidade das prostitutas. Nos reunimos com elas na Paraíba, e foram elaboradas várias frases. A que dizia “Eu sou feliz sendo prostituta” não fazia nenhuma apologia. Mostrava que o processo da felicidade deve independer da profissão. Foi uma homenagem a elas. Como sempre, os grupos conservadores pinçam pedaços.
Então existiam várias frases elaboradas?
Sim, como por exemplo: “Um beijo para você que usa camisinha e se protege.” Não era uma campanha. A minha interpretação de profissional, com atuação com HIV/Aids e Bioética desde 1985, com responsabilidade institucional, me levou a tomar a decisão por achar importante. Foi uma linguagem única, com disseminação muito grande. E caiu na mão de quem tem capacidade de pressionar.
Esse tipo de decisão do ministro é uma concessão aos grupos conservadores? O ministério pode estar comprometendo, com essas decisões, programas que são referência, como o de combate à Aids?
Diria que o ministro não tem papel conservador nesse processo, posso até estar enganado. Onde estão essas forças? Como as decisões são tomadas nesse país?
Por que o ministro o demitiu, então?
A explicação é porque, por três vezes, campanhas não passaram pelo crivo do ministério e não foram aprovadas pela assessoria de comunicação. Como cidadão, penso que não era necessário fazer uma mudança desse tipo. É pensar que com a minha saída se resolve um problema. Vivemos um processo de pressões grandes, internas e externas.
O senhor acredita que a iniciativa do ministro teve alguma intenção eleitoral, uma vez que ele é pré-candidato ao governo de São Paulo?
Isso eu não vou responder. Não tem nenhum sentido eu pensar nisso, afirmar sobre isso. Eu não sei.
— Em qualquer situação, o papel que o gestor de saúde tem é separar o que é saúde, do ponto de vista lato, do que é decisão individual em relação à religião. São situações completamente separadas. Se você é um fundamentalista e quer andar de burca, é um direito seu. Mas não pode ir contra mim por eu não ser desse jeito — afirmou o médico.
Para ele, as sucessivas decisões do ministro da Saúde de vetar campanhas educativas de prevenção da Aids representam um “risco” ao programa de combate à doença junto a públicos mais vulneráveis, como homens jovens gays e prostitutas. Dirceu era diretor da unidade, referência no combate à doença, desde agosto de 2010. Perdeu o cargo em razão da divulgação nas redes sociais da pasta de uma mensagem elaborada por prostitutas — “Eu sou feliz sendo prostituta” — como parte de uma campanha contra a Aids.
O ex-diretor listou três vetos de Padilha “em um ano e meio” como determinantes para sua demissão do cargo. O primeiro foi a proibição de veiculação, no carnaval deste ano, de um vídeo institucional com cenas de uma relação entre dois homens, para mostrar a necessidade de uso de preservativos. O segundo foi o recolhimento, também por determinação do ministro, de um material educativo com histórias em quadrinhos que abordavam questões de homofobia e sexualidade, enviados a 13 estados das regiões Norte e Nordeste. E, por último, a determinação da retirada da mensagem das prostitutas.
— Há risco (de os vetos prejudicarem o programa de combate à doença)? Claro. Dependerá de como isso será substituído. A campanha para os jovens gays foi substituída e, na avaliação do ministro, a substituição de uma informação por outra seria tão eficaz quanto. Não temos avaliação se a substituição foi eficaz.
Filho da primeira mulher vereadora pelo PT, o infectologista retoma na próxima semana o cargo de professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele passou o dia ontem recolhendo pertences pessoais. Por meio do Twitter, o ministro Alexandre Padilha negou ter cedido a pressões para demitir o diretor e sustentou que apenas vetou uma campanha que não condizia com a linha do ministério.
Confira a entrevista com Greco:
O senhor enxerga a decisão do ministro de demiti-lo como resultado do “conservadorismo” no governo?
Hoje, no país, me arrepio cada vez que se fala em plebiscito para pena de morte, redução da maioridade penal, retirada compulsória de usuários de crack e aborto. O senso comum nacional e internacional tem sido cada vez mais conservador e se reflete, principalmente, dentro do Congresso. Faz três anos, agora, que estou em Brasília. Vi muito progresso, mas ele continua muito dispare, com muitas dificuldades para enfrentar diversidades. O ministério não deixa de ser completamente isento disso. O departamento de Aids sempre foi vanguarda, com capacidade de discutir sexualidade, mortalidade, preconceito e estigma. Toda vez que ocorria uma crise, eu dizia: “O que estamos discutindo não é mais religião, é luta de poder.”
Crises como essa já tinham ocorrido?
Sim. O material voltado para jovens gays no carnaval, e as histórias em quadrinhos que falavam sobre essas coisas todas foram retirados. Este foi o terceiro episódio, três situações em um ano e meio. Do ponto de vista do ministério, a retirada foi por razão técnica, porque não passou pelos caminhos normais de avaliação do material. Esse é um pedaço da minha desavença. Todo ano tem o dia mundial de visibilidade das prostitutas. Nos reunimos com elas na Paraíba, e foram elaboradas várias frases. A que dizia “Eu sou feliz sendo prostituta” não fazia nenhuma apologia. Mostrava que o processo da felicidade deve independer da profissão. Foi uma homenagem a elas. Como sempre, os grupos conservadores pinçam pedaços.
Então existiam várias frases elaboradas?
Sim, como por exemplo: “Um beijo para você que usa camisinha e se protege.” Não era uma campanha. A minha interpretação de profissional, com atuação com HIV/Aids e Bioética desde 1985, com responsabilidade institucional, me levou a tomar a decisão por achar importante. Foi uma linguagem única, com disseminação muito grande. E caiu na mão de quem tem capacidade de pressionar.
Esse tipo de decisão do ministro é uma concessão aos grupos conservadores? O ministério pode estar comprometendo, com essas decisões, programas que são referência, como o de combate à Aids?
Diria que o ministro não tem papel conservador nesse processo, posso até estar enganado. Onde estão essas forças? Como as decisões são tomadas nesse país?
Por que o ministro o demitiu, então?
A explicação é porque, por três vezes, campanhas não passaram pelo crivo do ministério e não foram aprovadas pela assessoria de comunicação. Como cidadão, penso que não era necessário fazer uma mudança desse tipo. É pensar que com a minha saída se resolve um problema. Vivemos um processo de pressões grandes, internas e externas.
O senhor acredita que a iniciativa do ministro teve alguma intenção eleitoral, uma vez que ele é pré-candidato ao governo de São Paulo?
Isso eu não vou responder. Não tem nenhum sentido eu pensar nisso, afirmar sobre isso. Eu não sei.
ACHO QUE TEM EGO NESTA PARADA. FALA SERIO.
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