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6.21.2013

Exército pode ser acionado para reforço durante protestos

Secretaria de Segurança identifica dois acusados de vandalismo

Secretário afirma que Segurança é um jogo que ninguém nunca vai vencer

As leis precisam ser cumpridas, custe o que  custar, o direito das pessoas terão que ser respeitados.  

Tais Mendes

O Secretário de Segurança José Mariano Beltrame e da cúpula da segurança do estado Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O Secretário de Segurança José Mariano Beltrame e da cúpula da segurança do estado Gabriel de Paiva / Agência O Globo
RIO – Durante entrevista com a cúpula da Secretaria de Segurança, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que o Exército pode ser chamado para reforçar o policiamento durante os protestos na cidade:
- O Exército já esta no Rio. Não está em função das manifestações, mas eles têm um contingente à disposição da Secretaria. Se necessário for, usarei o Exército.
Beltrame reconheceu não ter conseguido controlar todas as situações que aconteceram durante as manifestações de quinta-feira, e disse que a segurança é um jogo que ninguém nunca vai vencer.
- Se tivéssemos conseguido controlar, o Rio não teria amanhecido do jeito que amanheceu - disse o secretário, afirmando que em algumas situações a ação da polícia foi positiva. - Controlamos muitas outras coisas que poderiam ter tomado dimensões muito maiores.
Dois vândalos já foram identificados
A chefe da Polícia Civil Martha Rocha disse nesta sexta-feira durante entrevista coletiva da cúpula da Secretaria de Segurança que, até agora, dois manifestantes foram identificados e ainda não estão presos.
- A polícia já esta trabalhando e, na terça-feira, identificou dois homens na escadaria da Alerj. Um deles aparece em uma outra cena numa agressão a um policial. Contra ele, já conseguimos um mandado de prisão.
Arthur dos Anjos Nunes, de 21 anos, teve a prisão preventiva decretada no plantão judiciário desta quinta-feira por participação nos atos de vandalismo durante a manifestação de segunda-feira. Arthur foi indiciado por formação de quadrilha e dano ao patrimônio. Ele foi identificado pela polícia em imagens tentando invadir o prédio da Assembleia Legislativa. A prisão é temporária de cinco dias. A Justiça também concedeu um mandado de busca e apreensão na casa de Arthur e de outro suspeito.
Sobre o número reduzido de prisões até o momento, o secretário de Segurança disse que primeiro é preciso cumprir as exigências do Poder Judiciário. Ele, no entanto, acredita os vândalos não são mais minoria:
- Minoria tem que ser repensada. Minoria não produz o que se viu hoje na Cidade. Estamos buscando informações e remodelando planejamentos na medida em que as informações mudam. Estamos procurando identificar pessoas que não são do grupo. Temos imagens e uma série de fotografias, mas temos que catalogar e trabalhar para buscar essas prisões. Há que se prender mais presos e tem que prender mais pessoas. Mas temos que completar os requisitos necessários para essas prisões.
Para Beltrame, a situação de quinta-feira foi atípica.
- Foi complexa e as consequências não são boas para os dois lados, seja para a polícia, seja para os manifestantes. De nada adianta demonizar a polícia. A polícia pode ter seus erros, suas mazelas, seus problemas – falou o secretário, ressaltando que, uma vez identificados, os abusos serão punidos.
O comandante geral da PM Erir Costa Filho disse que haverá uma reunião de planejamento para outros eventos que possam acontecer no Rio, avaliar e captar o que a Inteligência já fez, ainda nesta sexta-feira. Não há informações confirmadas da participação de facções criminosas nas passeatas.
O chefe do Estado Maior da Polícia Militar, coronel Pinheiro Neto, não avaliou com o abuso a ação dos policiais que atiraram bombas na porta do Hospital Souza Aguiar, no Centro:
- Infelizmente o gás dissipa no ar e não há como controlar. Os policiais estavam diante de uma pertubação da ordem para conter vândalos e o equipamento disponível era o gás
O militar também negou que tenha havido truculência policial na região da Lapa. Ele disse que um grupo de três mil pessoas se aglomerou na Cinelândia e depois na Lapa:
- A ordem era não permitir aglomerações no Centro. Havia a necessidade de dispersar. Não houve ataque da polícia.
No final da coletiva, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, fez recomendações para a população para as próximas manifestações.
- Fiquem separados para que a polícia possa identificar - disse.
E o coronel Pinheiro Neto completou:
- Não usem máscaras nas manifestações, Para que se esconder? Não usem disfarces, não levem mochilas e se afastem de quem está praticando ato de vandalismo.
Ministério Público vai apurar atuação da PM
A 2ª Promotoria de Justiça e a Auditoria de Justiça Militar do Ministério Público do Rio de Janeiro (MRPRJ) instauraram, nesta sexta-feira, inquérito para apurar os possíveis abusos praticados pelos policiais militares durante as manifestações desta quinta. Segundo a organização, o intuito é investigar principalmente a ação do Batalhão de Choque no Centro do Rio. A promotoria também instaurou inquérito para investigar o uso excessivo de força pela PM nos protestos realizados nas imediações do Maracanã, no último dia 16.
De acordo com nota divulgada pelo MP, o promotor Paulo Roberto Melo Cunha Júnior aguarda relatório do subcomandante do batalhão, o major Adriano Rodrigues, que deve ter detalhes sobre a utilização de armas não letais durante as ações da polícia, como gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Promotores do MP também visitaram a Escola Nacional de Direito, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, além do Hospital Souza Aguiar nesta manhã; para checar supostas violações e assegurar a integridade física dos manifestantes refugiados. A orientação do órgão é que pessoas com imagens de abusos ou que possam identificar os envolvidos nos atos de vandalismo, entrem em contato com a Ouvidoria do MPRJ pelo telefone 127 ou pela internet (www.mp.rj.gov.br).
O inquérito civil quer que o Comando Geral esclareça as estratégias e regulamentos utilizados pela corporação para as operações de controle de distúrbios civis; a atuação da corporação e de seus organismos, e a existência de normatização sobre a utilização de armas não letais como gás de pimenta, gás lacrimogêneo, armas de choque, balas de borracha e o bastão policial. O prazo dado foi de até 72 horas.
O MP informou também que irá notificar o comandante-geral da PMERJ e os comandantes dos respectivos batalhões, além dos responsáveis pelo 5º BPM (Praça da Harmonia) e 6º BPM (Tijuca).
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