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7.01.2013

Asma na infância

Teste genético pode prever se asma na infância pode persistir na vida adulta

Novo estudo americano estabeleceu uma pontuação para determinar esse risco: quanto mais variações genéticas associadas à doença a criança apresentar, maior sua propensão de crescer com o problema

Asma: o tratamento não adequado aumenta os custos da doença e os riscos da criança perder dias letivos
Asma: no futuro, teste genético poderá ajudar médicos a identificar crianças que crescerão com o problema 

No futuro, um teste genético pode prever quais crianças com asma continuarão a ter problemas respiratórios quando se tornarem adultas. Segundo especialistas, isso poderá ajudar os médicos a identificar os pacientes que precisam de cuidados mais intensos na infância e, assim, reduzir o risco de a doença persistir a longo prazo. Essa conclusão faz parte de um novo estudo da Universidade Duke, nos Estados Unidos, que procurou por variações genéticas que estão relacionadas à persistência da asma ao longo da vida. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira na revista The Lancet Respiratory Medicine.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Polygenic risk and the development and course of asthma: an analysis of data from a four-decade longitudinal study

Onde foi divulgada: periódico The Lancet Respiratory Medicine

Quem fez:  Daniel Belsky, Malcolm Sears, Robert Hancox, HonaLee Harrington, Renate Houts, Terrie Moffitt, Karen Sugden, Benjamin Williams, Richie Poulton e Avshalom Caspi

Instituição: Universidade Duke. Estados Unidos, e outras

Dados de amostragem: 880 pessoas com asma

Resultado: Um teste genético poderia prever quais crianças asmáticas têm um maior risco de seguir com o problema na vida adulta. Isso porque aquelas que apresentaram mais variações genéticas entre 15 associadas à doença foram mais propensas a seguir com problemas respiratórios depois de quase 40 anos
Segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde dos Estados Unidos, a asma atinge uma em cada 11 crianças, e metade delas continua sofrendo com o problema quando adultas.
O estudo, feito durante 40 anos, desenvolveu uma pontuação baseada em 15 variações genéticas que haviam sido previamente associadas à asma. Os pesquisadores observaram como a quantidade dessas variantes estava relacionada aos sintomas da doença apresentados ao longo dos anos por 880 pessoas com asma.
Pontuação de risco — Quanto maior a ‘pontuação genética’ do individuo, maior o seu risco de crescer com asma. Isso porque as crianças que apresentaram as maiores pontuações – ou seja, mais variações genéticas relacionadas à doença — também foram mais propensas a continuar apresentando sintomas da condição depois de quase 40 anos de estudo. Além disso, essas crianças tiveram um risco maior do que as outras de faltar na escola ou de ser hospitalizadas por causa dos sintomas.
Segundo os autores do estudo, o histórico de asma na família não parece interferir nessa ‘pontuação genética’, sugerindo que muitos casos da doença ocorrem devido a fatores ambientais, como a exposição à poluição ou a outras substâncias ligadas a problemas respiratórios.
“Acho que estamos vendo cada vez mais medicina genômica com o tempo, principalmente no tratamento do câncer. Ela ainda não entrou no tratamento contra a asma, mas eu acredito que isso vai acontecer. O nosso estudo mostra que isso é possível”, diz Dan Belsky, que coordenou o estudo.

Diagnóstico correto melhora a qualidade de vida do paciente

A Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, resultante de uma interação entre fatores genéticos e múltiplos estímulos, alergênicos ou não, que determinam o aparecimento de tosse, chiado no peito, falta de ar e cansaço, principalmente a noite e pela manhã ao acordar.
Bebê fazendo inalação
A asma é um problema de saúde pública mundial e sua prevalência está aumentando.  A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas têm asma. Globalmente, cerca de 250.000 pessoas morrem prematuramente a cada ano em consequência da doença.
Apesar da dificuldade para se diagnosticar asma na infância, existem evidências que sugerem que metade de todos os casos são diagnosticados até os 3 anos de idade e 80%  até os 6 anos de vida.  Nas crianças, há um predomínio no sexo masculino, relacionado, principalmente, às vias aéreas mais estreitas. Na idade adulta o predomínio passa a ser do  sexo feminino.
Ainda não há cura para a asma, mas com diagnóstico correto, tratamento e educação, o paciente pode obter o controle da doença, ter uma redução do risco de novas crises, o que garante uma boa qualidade de vida.
As causas fundamentais da asma ainda não são completamente compreendidas. Os fatores de risco para a asma são uma combinação de predisposição genética, infecções respiratórias e exposição ambiental a substâncias e partículas inaladas que podem provocar reações alérgicas ou irritar as vias aéreas, tais como:
  • alérgenos domiciliares (por exemplo, ácaros da poeira doméstica, fungos e pelos de animais) 
  • alérgenos exteriores (tais como polens, fungos e pelos de animais) 
  • fumaça de cigarro e outros tipos de fumaça
  • poluição do ar ou exposição a irritantes químicos 
Alguns estímulos podem desencadear as crises, embora não sejam os causadores da asma, como a exposição ao ar frio, excitação emocional extrema, odores fortes, exercício físico e uso de certos medicamentos (aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteróides, beta-bloqueadores – usados no tratamento da hipertensão, doenças cardíacas, enxaqueca e colírios para glaucoma).
Assim, as medidas para controle do ambiente tornam-se fundamentais para controle e exacerbação da doença.
Medidas importantes para o controle do ambiente:
  1. Manter a residência ventilada e dormir em quarto arejado. Usar diariamente aspirador de pó ou pano úmido em toda a residência, principalmente nos locais em que permaneça por mais tempo.
  2. O paciente deve abster-se de espanar, varrer, arrumar camas, gavetas, estantes, etc.
  3. Revestir o travesseiro e o colchão com capa impermeável à passagem de ácaros e suas secreções. Lavar a capa 1X/mês.
  4. Evite usar acolchoados de lã, penas ou algodão, pois se tornam depósito de poeira e são de difícil lavagem.
  5. Evitar ambientes empoeirados, como bibliotecas, sótãos, porões, adegas, tulhas, celeiros, etc.
  6. Se o paciente dormir no mesmo quarto com outra pessoa, esta deverá seguir as mesmas orientações.
  7. Retirar tapetes e carpetes do ambiente.
  8. Evitar o uso de inseticidas, "spray" e aparelhos elétricos repelentes de insetos.
  9. Evitar odores fortes: desinfetantes, água sanitária, fumaça, gasolina, ceras e solventes orgânicos. Evitar ficar em casas pintadas recentemente ou fechadas por muito tempo.
  10. Evitar animais como cão e gato dentro de casa.
  11. Afastar a criança da inalação de fumaça de cigarro.
  12. Retirar os bichos de pelúcia do ambiente.
A asma, como já falado, não tem cura mas tem controle. Atualmente existem tratamentos preventivos, eficazes e seguros que ajudam a diminuir a inflamação dos brônquios e a criança consegue levar uma vida normal e ativa, sem entrar em crises. A duração do tratamento é variável e depende do grau (classificação) da doença. Conforme a criança vai crescendo, as crises vão diminuindo e na maioria dos casos o tratamento é suspenso.
A asma na infância não deve ser negligenciada esperando-se que ela desapareça à medida que a criança cresça. Em geral, crianças com asma leve tem bom prognóstico. Entretanto, as com formas moderada ou grave provavelmente continuarão a ter, no transcorrer da vida, sintomas e consequentemente complicações decorrentes da doença não controlada.
Dra. Priscila Catherino - Colunista do Guia do Bebê
Dra. Priscila Catherino
Pediatra com especialização em Pneumologia Pediátrica
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