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7.05.2013

Jovem tenta quebrar tabu sobre sexo.



Lola Benvenutti mantém blog em que 

relata experiências com seus clientes.

Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, se formou no curso de letras em São Carlos, SP (Foto: Felipe Turioni/G1)


Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, 
se formou no curso 
de letras na UFSCar,em São Carlos, 
SP, mas optou por fazer  carreira como garota de 
 programa (Foto: Felipe Turioni/G1)Ela tem 21 anos, 
é recém-formada em l
etras pela Universidade Federal de
 São Carlos(UFSCar), exibe em tatuagens pelo 
corpo frases de Gui marães Rosa e Manuel Bandeira, 
adotou como pseudônimo um nome que faz referência 
a um personagem do escritor russo 
Vladimir Nabokov e assume, sem problemas, 
ser garota de programa. Gabriela Natália da Silva,
 ou Lola Benvenutti,
 mantém um blog em que escreve contos baseados
 nas experiências com seus clientes e chamaa atenção
 ao tentar quebrar o tabu do sexo. "Sempre gostei 
de sexo, então tinha um desejo secretode 
trabalhar com isso e não há nada mais justo, 
faço porque gosto", afirmou em entrevista ao G1.
Lola Benvenutti mantém blog com histórias de seus clientes em São Carlos, SP (Foto: Felipe Turioni/G1)
Lola Benvenutti mantém
blog com histórias dos
clientes em São Carlos (Foto: Felipe Turioni/G1)
A realidade de Gabriela sempre foi diferente da vida de uma parcela
das garotas de programa que são universitárias e optam por se
prostituir para manter as despesas com os estudos. "Tem uma
categoria nos sites de acompanhantes que são de universitárias
e fazem isso porque fazem faculdade particular e precisam pagar,
mas eu nunca precisei disso, sou inteligente, fiz faculdade, optei
por isso, qual o problema?", questionou.
Natural de Pirassununga (SP), se mudou para São Carlos para
fazer faculdade, mas por temer algum tipo de retaliação resolveu
manter sua identidade como prostituta com discrição até concluir
o curso. "Fiquei com um pouco de medo de isso reverberar de
alguma forma na faculdade, então achei melhor terminar a
graduação para colocar o blog no ar", disse.

O site recebe cerca de duas mil visitas por dia e é nele que Lola
 posta sua rotina como prostituta. Entretanto, vê diferença entre
sua história e o fenômeno Bruna Surfistinha, pseudônimo de
Raquel Pacheco, ex-prostituta que fez fama na internet
e teve sua história publicada em livro e roteirizada em um filme.
"Ela teve uma vida diferente da minha, com outras oportunidades",

Além de manter seus contos e servir como contato entre seus

 clientes, que chegam a cinco por dia, o blog serve também para
levantar discussão sobre o prazer no
 sexo. "As pessoas são hipócritas, vivem de sexo, veem vídeo
pornográfico, mas não falam porque têm vergonha. Um monte
 de mulher entra no blog e fala que adoraria fazer o que eu faço,
mas não tem coragem; e dos homens escuto as confissões mais
 loucas e cada vez mais esse tabu do sexo é uma coisa besta".

Barreiras
Apesar da escolha em ser uma profissional do sexo, Gabriela não
desistiu de seguir carreira acadêmica ou dar aulas após a conclusão
 do curso de letras. "Também quero dar aula, mas por hobby, e
além disso também tem a questão financeira, porque dando aula
hoje você quase não se sustenta", analisou. "Acho que as duas
coisas são difíceis de casar, é muito difícil que uma escola que
sabe o que eu faço me permita trabalhar com eles, vou ter
 que derrubar barreiras".

Ainda este ano, ela pretende se mudar para São Paulo, onde
vai continuar trabalhando como garota de programa e acumulando
 um mestrado na Universidade de São Paulo (USP). "Cansei um pouco
de São Carlos e agora quero outras coisas, tanto que o mestrado
 para o qual estou estudando é na USP, converso com alguns
 professores e quero pesquisar na área de prostituição ou fetiche",

Esse tipo de assunto, segundo ela, já é seu objeto de estudo
 desde a adolescência. "Desde os 14 anos estudo o sadomasoquismo,
que hoje está ficando mais popularizado com ajuda do livro
'Cinquenta Tons de Cinza', que é marginalizado para quem

curte, mas abriu um leque para as pessoas que não
conheciam", explicou.
Lola Benvenutti, de São Carlos, diz que sua virgidade era um fardo (Foto: Reprodução/Lola Benvenutti)
Lola Benvenutti considerava sua virgidade um fardo
(Foto: Reprodução/Lola Benvenutti
Interesse pelo sexo
O interesse precoce por sexo começou com uma vontade
 íntima de deixar de ser virgem, o que considerava ser um 'fardo'.
 "Desde os 11 anos queria me livrar desse fardoConfused, mas perdi
 a virgindade com 13 anos e a primeira vez foi péssima, com um
 homem de 30 anos que conheci pela internet", relembrou.
No início, Gabriela ficou em dúvida sobre o prazer causado pelo
sexo."Não fiquei confortável, fiquei um tempo sem fazer pensando
em como era possível as pessoas falarem tanto disso, mas aí
depois de um tempo eu fui gostando e a percepção mudou",

Segundo Gabriela, nunca houve um episódio em sua vida que
despertasse um interesse incomum para sexo. "Todo mundo fica
me perguntando qual foi o fato que desencadeou isso, eu
respondo que nada, meus pais foram ótimos, tive uma
 ótima educação, entrei na faculdade direto, fiz uma boa
 universidade e só", garantiu.

Relação com a família
Como a personagem Tieta, da obra de Jorge Amado, Lola causa
alvoroço quando retorna para sua cidade natal, mas a relação
 com a a família atualmente é estável. "Eu não vou muito pra lá,
 sinto que toda vez que vou, levanto uma poeira de discórdia
e os vizinhos ficam comentando.
Minha  mãe já desconfiava porque nunca pedia dinheiro para ela e a
relação foi muito mais difícil porque ela se importa muito com o que os
 outros dizem, mas a gente se fala", disse.

Com o pai, militar da reserva, há uma relação de respeito e
separação entre Gabriela e Lola. "Meu pai ficou seis meses sem
falar comigo, eu achei que fosse pra vida toda, mas aí teve a minha
formatura e ele veio. Na ocasião, disse que a filha dele era a
 Gabriela, não a outra, deixando bem claro que não compactua
 com isso. Mas ele ficou do meu lado e acho ele um herói porque
não me abandonou", confessou.
Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, se formou no curso de letras em São Carlos, SP (Foto: Felipe Turioni/G1)
Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, se formou
no curso de letras na UFScar (Foto: Felipe Turioni/G

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