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7.24.2013

Papa diz que liberar uso da droga não vai reduzir impacto da dependência

Papa disse que é preciso apoiar quem caiu na "escuridão da dependência".
Francisco chamou hospital de 'santuário do sofrimento humano'.

Do G1 Rio
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24/7 - Papa Francisco abraça ex-dependente químico durante visita ao hospital São Francisco (Foto: Alexandre Durão/G1) Francisco abraça ex-dependente químico durante visita ao hospital São Francisco (Foto: Alexandre Durão/G1)
O Papa Francisco afirmou nesta quarta-feira (24), durante inauguração do Hospital São Francisco, na Tijuca, Zona Norte do Rio, que deixar livre o uso das drogas não vai "reduzir a difusão e a influência da dependência química".
A visita ao centro para tratamento de dependentes na capital fluminense foi a segunda agenda de Francisco no dia. Pela manhã, ele esteve em Aparecida e celebrou missa no Santuário Nacional.
De volta ao Rio, encontrou mais de mil convidados que aguardavam, debaixo de chuva e frio, a cerimônia de inauguração do centro médico. Francisco foi recepcionado por ex-dependentes e discursou pedindo apoio para aqueles que caíram na "escuridão da dependência".
Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química"
Papa Francisco
Francisco foi enfático ao condenar o debate sobre a liberação do uso das drogas e apontou a necessidade de encontrar outros caminhos. "Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química", afirmou.

"É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz no uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constróem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o futuro", afirmou.

O Pontífice começou seu pronunciamento afirmando que o hospital que visitava era um "particular santuário do sofrimento humano". Ele citou São Francisco como modelo de conduta: ele deixou bens materiais para optar pelos pobres. Para o Papa, lembrando que os católicos precisam também abraçar os sofredores. "Precisamos todos aprender a abraçar quem passa necessidades, como fez São Francisco."
Entretanto, Papa advertiu que este não é o valor que prevalece na sociedade e relacionou o tráfico com o mercado "da morte". "Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os mercadores de morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo. A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem", disse.
Em uma mensagem direta aos dependentes que ainda não conseguiram buscar tratamento, disse que é preciso que eles sejam protagonistas da sua vida. "Ninguém pode fazer a sua vida no seu lugar. (...) Não deixem que vos roubem a esperança. Mas digo também, não roubemos a esperança. Pelo contrário, nos tornemos portadores de esperança."
Na solenidade, o estudante Francisco entregou uma imagem de São Francisco feita por um ex-dependente que se tratou no hospital. O prédio desativado, de 1947, vai comportar 80 leitos, mas só deve ser aberto em agosto.

Gota no oceano
Antes de falar, Papa ouviu discurso de Dom Orani, arcebispo do Rio. "Aqui se concentram vários trabalhos de prevenção, recuperação e inserção para pessoas adictas. Recordando o compromisso da mãe Igreja com seus filhos que sofrem", comentou Orani. "Sabemos que este trabalho é uma gota no oceano. Peço sua benção para esta obra, para os irmãos que aqui trabalham e para os que vão se recuperar por meio desta rede", disse o arcebispo.
Emocionados, ex-dependentes químicos deram testemunhos na cerimônia de inauguração do centro de reabilitação. Receberam abraços do Papa. Frei Francisco, diretor do hospital, apresentou ao Papa a missão do centro para tratamento dos dependentes químicos. "Santo Padre, a lepra dos nossos dias se chama droga", disse. "Peço que nos ajude a construir uma Igreja mais serva, mais irmã, mais ouvinte", disse o Frei. O Papa recebeu, então, flores e uma escultura feita por internados na instituição.
Visita do papa à Aparecida leva milhares de fiéis ao santuário nacional (Foto: Reprodução/TV Diário)Visita do papa à Aparecida leva milhares de fiéis
ao santuário nacional (Foto: Reprodução/TV Diário)
Aparecida
Em Aparecida (SP), o Papa mobilizou e comoveu milhares de pessoas nesta quarta. Ele celebrou sua primeira missa aberta ao público desde que chegou ao Brasil, e os 12 mil lugares dentro da Basílica foram ocupados logo cedo. Mesmo com a forte onda de frio, muitos fiéis dormiram ao relento para guardar lugar e conseguir ficar perto do Papa. Ele pediu que os jovens construam “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” e anunciou sua volta à cidade em 2017.
Francisco chegou a Aparecida por volta das 10h15 – após fazer uma viagem de avião do Rio de Janeiro a São José dos Campos e de helicóptero até Aparecida. Após descer no heliponto do Santuário, Francisco seguiu de papamóvel por um curto caminho até a entrada da Basílica, acompanhado do cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno de Assis. Muitas pessoas tentaram se aproximar do carro aberto durante o trajeto, e o Papa chegou a beijar uma criança.
Papa Francisco beija criança no caminho até Basílica de Aparecida (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)Papa beija criança no caminho até Basílica de
Aparecida (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)
Sua primeira parada no Santuário foi a Capela dos 12 Apóstolos, onde teve um momento de veneração da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele foi acompanhado de diversos religiosos. O Papa tem uma devoção mariana muito forte, e costuma visitar igrejas dedicadas à mãe de Cristo. Ele fez uma oração na qual citou a jornada, e mostrou bastante emoção.
Em seguida o Papa se dirigiu para o altar da Basílica, em um cortejo com cardeais brasileiros e de outros países, além de bispos. O Papa apresentou a imagem de Nossa Senhora para os fiéis e iniciou a missa, celebrada em português.
A liturgia da missa desta quarta foi a mesma da celebrada todos os dias 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida – foi decidido manter as leituras tradicionais da data. O Evangelho – uma leitura do livro de João, tratou do primeiro milagre atribuído a Jesus, a transformação de água em vinho durante um casamento em Caná da Galileia, com a presença da mãe de Cristo.
Durante o Evangelho, Francisco pediu que os pastores do povo de Deus, pais e educadores sejam responsáveis por transmitir aos jovens valores para construir “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” a partir de posturas “simples”. Francisco também pediu que a juventude seja encorajada e considerada um “motor potente para a Igreja e para a sociedade”.
Benção
Após a celebração, o papa seguiu para a Tribuna Bento XVI, do lado de fora da basílica, onde abençoou os milhares de fiéis que o esperavam. Francisco pediu desculpas por não falar “brasileiro”, disse que falaria em espanhol e de desculpou novamente. Em todos os intervalos de suas falas, foi ovacionado pelo público.
“Uma mãe se esquece de seus filhos? Ela não se esquece de nós. Ela nos quer e nos cuida”, disse o Papa, antes de pegar a imagem de Nossa Senhora em suas mãos e apresentá-la aos fiéis, abençoando-os.
Em seguida, pediu novamente que todos rezassem por ele – uma tradição em seus discursos e uma das primeiras frases ditas por ele quando foi eleito papa. “Eu peço um favor, com jeitinho, rezem por mim. Necessito. Que Deus os abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de vocês. Até 2017, porque eu vou voltar”.
Em 2017, o Santuário Nacional vai comemorar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. O pontífice foi convidado para participar da celebração pelo arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, e disse ter aceitado.
Pouco antes, quando o pontífice ainda tentava deixar o altar da Basílica, sua conta no Twitter publicou uma mensagem pedindo que os jovens não se esqueçam que a “a Virgem Maria é a nossa Mãe, e é com a sua ajuda que podemos permanecer fiéis a Jesus”.
Trajetos
Após deixar a tribuna, o Papa seguiu de papamóvel aberto – mesmo com o frio – até o Seminário Bom Jesus. O trajeto incluiu parte do estacionamento do Santuário e algumas ruas de Aparecida, e foi todo isolado por grades, para que o público não avançasse sobre o Papa como aconteceu em sua primeira aparição no Rio de Janeiro. Muitos seguranças também cercaram o carro durante todo o trajeto.
O trajeto de 1,1 quilômetro foi acompanhado por milhares de pessoas. No seminário, o Papa almoçou um cardápio bastante simples e regional, composto de salada de alface e tomate, purê de batatas, carne de panela, arroz e feijão, além de doce de abóbora e doce de leite de sobremesa. O almoço foi acompanhado por cerca de 60 pessoas, incluindo parte de sua comitiva e alguns seminaristas.
Ainda no Seminário Bom Jesus, o Papa abençoou uma imagem de oito metros de Frei Galvão que foi retirada da entrada da cidade de Guaratinguetá (SP) especialmente para a benção papal.
 

Papa Francisco critica a liberação de drogas e o consumismo

Sumo Pontífice discursou para centenas de fiéis no Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus

O Dia
Papa Francisco fez discurso Polo de Atenção Integral à Saúde Mental
Foto:  Márcio Mercante / Agência O Dia
Rio - O dia do Papa nesta quarta-feira em Aparecida (SP), onde celebrou missa de manhã, e no Rio foi marcado por declarações contundentes sobre temas atuais, como o consumismo da sociedade contemporânea e as drogas. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, disse o Pontífice à noite, no Rio de Janeiro.
Ao inaugurar um centro de recuperação para dependentes de drogas no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, Francisco comparou os traficantes a “mercadores da morte”. Foi a primeira vez que ele tratou do tema em seu papado. “A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”.
Em alguns momentos, direcionou sua fala aos dependentes que participavam do evento: “Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês”.
Ele não deixou de ressaltar que o desafio do combate à dependência de drogas é de toda a sociedade: “É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro”.
DINHEIRO E PODER
Durante o dia, no Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, o Papa Francisco rezou missa para 150 mil fiéis, onde destacou o fascínio que “o dinheiro, o poder, o sucesso e o prazer” exercem na vida, especialmente dos mais jovens. “Nossos jovens não precisam de coisas, mas, sobretudo, de valores imateriais, que são a memória de um povo, o coração de um povo”, declarou. Falou ainda da força da juventude como motor para transformar a sociedade e a Igreja.
Emoção e fé
Centenas de fiéis aguardavam desde às 12h a passagem do Papa Francisco pelo Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus. A fiel Evanda Martins, de 75 anos, veio da Barra da Tijuca para ver o Santo Padre e afirmou que o ele "é a melhor coisa que aconteceu à Igreja". "Ele (Francisco) não se compara ao Papa Bento XVI. Francisco está renovando a instituição e trazendo mais jovens para a Igreja", disse ela.
Centenas de pessoas lotaram as ruas da Tijuca para ver o Santo Padre
André Luiz Mello / Agência O Dia
O Papa, que passou o dia em Aparecida, São Paulo, onde celebrou uma missa, chegou ao local por volta de 18h20. Ele seguiu para a capela ao lado do hospital e ajoelhou ao lado de vários freis franciscanos. Alguns pacientes do hospital esperaram por sua benção e o Sumo Pontífice abençoou quatro cadeirantes. Entre 400, foram escolhidos 20 deles, alguns bens debilitados.
Paulo Prata, 81 anos, internado há cinco dias com gastrite foi um dos escolhidos. "Quando o Papa me abraçou, fiquei bastante nervoso. Até sarei depois disso", riu o idoso. Ismael Montano, 53 anos, que está na fila de transplantes de fígado, comemorou. "Pedi ao Papa para ele me abençoar, para vencer a doença. Foi inexplicável quando ele me abraçou", disse.

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