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7.04.2013

Politicos descartam que reforma política se aplique em 2014

Tendência, segundo líderes, é que plebiscito seja feito só no ano que vem.
Líderes da base se encontraram nesta manhã com Michel Temer.



Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília

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Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e vice-presidente da República, Michel Temer, deixam palácio do Jaburu após reunião. (Foto: Nathalia Passarinho/G1) 
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e vice-
presidente da República, Michel Temer, deixam
palácio do Jaburu após reunião. (Foto: Nathalia
Passarinho/G1)
Após reunião com líderes da base aliada na Câmara, o vice-presidente da República, Michel Temer, anunciou nesta quinta-feira (4) que a reforma política não valerá para as eleições de 2014.
Para que as regras fossem aplicadas em 2014, o plebiscito popular sobre a reforma e o projeto que altera as regras políticas e eleitorais teriam que ser concluídos até o dia 5 de outubro, prazo considerado inviável pela maioria dos partidos políticos da Câmara.
“Não há mais condições de fazer qualquer consulta antes de outubro e não havendo condições temporais de fazer essa consulta, qualquer reforma que venha só se aplicará para as próximas eleições e não para esta”, disse Temer.
De acordo com o vice-presidente, a maioria da base aliada na Câmara defende fazer o plebiscito no segundo turno das eleições de 2014. 
“Devo registrar que a maioria daqueles que discutiram aqui estão optando pelo plebiscito junto com as eleições de 2014, no segundo turno das eleições do ano que vem. Mas não há nenhuma dúvida em relação à tese da consulta popular.”


Presente à reunião, que ocorreu na residência oficial do vice-presidente da República, o líder do PTB, deputado Jovair Arantes, afirmou que a decisão foi "sábia" e "importante".
"Foi inviabilizado pelo tempo jurídico. Não podemos fazer a reforma açodadamente porque corremos o risco de fazer um monstrengo", disse.
Tese 'consolidada'
Temer negou que o governo saia perdendo com a impossibilidade de aplicar a reforma política em 2014. Nesta segunda (1º), durante reunião ministerial, a presidente Dilma Rousseff afirmou que “gostaria” que as novas regras valassem já para as próximas eleições.

“O governo propôs o plebiscito, propôs a reforma política, mas sabendo que isso é uma tese que deve ser levada adiante pelo Congresso. Se ela virá agora ou mais tarde, a vitória da tese está consolidada”, argumentou o vice-presidente.
De acordo com ele, o prazo de 70 dias estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral para a realização da consulta popular inviabilizaria a aplicação da nova legislação em 2014. É o TSE que organiza, na prática, o plebiscito, formula as perguntas e faz campanhas na cadeia de rádio e TV para elucidar a população sobre as questões formuladas.
“A esta altura, embora fosse desejável,  temporalmente é impossível. O Tribunal Superior Eleitoral, muito adequadamente, fixou o prazo de 70 a partir dos temas apresentados ao TSE. O que é inexorável tem que ser aceito”, afirmou.
O vice-presidente chegou a dizer que, se o Congresso conseguisse elaborar um projeto de reforma política, o plebiscito poderia ser dispensado. Ele destacou, contudo, que essa "tese" está descartada "no momento".
" É muito provável até, nos chegamos a discutir isso, que o Congresso possa vir a formatar um projeto de reforma política, tanto é que a força motora de todo esse movimento é a ideia da reforma política. Como viabilizá-la? Pelo meio da consulta popular. Mas se o Congresso  realizar a reforma política e ela for adequada às aspirações populares quem sabe até nem se pense em plebiscito. Mas essa é uma tese inteiramente descartada no momento porque os líderes concordaram com a ideia de plebiscito", disse.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participou da reunião e disse que houve "consenso" entre os partidos da base aliada na Câmara em apoiar a realização da consulta popular por meio de plebiscito.
"O ponto fundamental a ser ressaltado é que houve um consenso, no sentido de que o povo tem que ser consultado e essa consulta tem que ser feita por plebiscito. Isso é uma posição unânime na base”, afirmou.
Cardozo e Temer disseram que líderes da base aliada no Senado também serão convidados a participar de uma reunião na residência oficial da vice-presidência, para consolidar a posição sobre a forma de elaboração da  reforma política.
“Subsequentemente vamos fazer uma reunião com líderes da base no Senado. Havendo o mesmo apoio à tese, a base na Câmara e no Senado formalizarão um projeto de decreto legislativo fixando a data e os temas a serem estabelecidos no plebiscito”, explicou Temer.
Adiamento não é derrota
Ao deixar a reunião, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), rebateu que a realização do plebiscito no segundo turno de 2014 seja um tipo de “saída honrosa” para a presidente Dilma, que havia defendido a aplicação das regras nas próximas eleições.

“Vamos construir um entendimento entre Câmara e Senado. Não é uma saída honrosa para a Dilma, é o melhor caminho para o país que estamos construindo”, afirmou.
O ministro da Justiça também negou que Dilma saia de alguma forma derrotada com a decisão de fazer o plebiscito apenas em outubro do ano que vem. “Houve uma proposta muito clara de plebiscito, uma proposta que colocou na pauta a reforma política. Não se pode falar em equívoco quando a presidente coloca um ponto e a base sai unida em torno da proposta.”
 Temem o debate político que o plebiscito permite
Publicado em 04-Jul-2013
A oposição, encabeçada pelo PSDB, e parte da base aliada, com a Globo à frente, se opõem ao plebiscito – uma aspiração popular para a realização da reforma política, para acabar com a corrupção, cuja causa principal é identificada pelo povo no financiamento via empresas.

O povo quer um controle maior sobre sua representação. Quer o fim de privilégios e exige ser ouvido. A voz das ruas se expressa com soberania quando é expressa pelas urnas.

O que se teme é o debate político que o plebiscito permite, retirando da mídia de direita e aliada da oposição o monopólio de informar o povo sobre a reforma política e o país. É disso que se trata.

O Congresso Nacional atendeu o chamado das ruas e aprovou várias leis e reformas. Não tem como não aprovar o plebiscito para a reforma política, que nas pesquisas tem apoio majoritário do povo. E o principal argumento para não consultar o povo, para não devolver a soberania popular ao cidadão eleitor, é elitista e típico do tucanato: o povo não entenderia as perguntas, que são técnicas.

O povo entende, sim, e não quer mais esse sistema político. E todos os partidos terão o mesmo direito de expor suas propostas e correrão o mesmo risco de aprová-las ou não, principalmente o PT, que defende o financiamento público e o voto em lista.

É preciso voltar às ruas, e em Brasília exigir do Congresso Nacional que aprove o plebiscito para a reforma política, que mude um sistema que já caiu nas ruas, desmoralizado e repudiado pela maioria do povo, que já se manifestou contra o financiamento empresarial e exige o controle sobre os mandatos, o fim da coligação proporcional e dos suplentes de senadores.

Conheça os cinco pontos do plebiscito sugeridos pela presidenta Dilma Rousseff

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