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7.12.2013

Snowden pede asilo temporário à Rússia até poder ir à América Latina


 
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O técnico em informática Edward Snowden apresentou nesta sexta-feira um pedido de asilo temporário à Rússia para que possa entrar ao país até conseguir viajar à América Latina. Para tanto, ele prometeu não prejudicar a relação dos russos com os Estados Unidos.
Snowden foi o responsável por revelar o esquema de monitoramento de dados de internet e de telefones feito pelos Estados Unidos a milhões de pessoas e dezenas de governos de todo o mundo.
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Ele está no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde o dia 23 e teve o asilo diplomático aceito por Bolívia, Nicarágua e Venezuela. No entanto, terá dificuldades para viajar devido à ameaça de bloqueio do espaço aéreo europeu.

Tanya Lokshina/AFP
Foto liberada pelo Human Rights Watch mostra Edward Snowden em reunião de ativistas no aeroporto de Moscou
Foto liberada pelo Human Rights Watch mostra Edward Snowden em reunião de ativistas no aeroporto de Moscou
Em comunicado após uma reunião com ativistas de direitos humanos divulgado pelo site WikiLeaks, ele disse esperar que Moscou aceite o asilo e recebeu o apoio da Human Rigths Watch e da Anistia Internacional. As entidades também prometeram ajuda em sua viagem à América Latina.
Pouco após o início da reunião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, voltou a dizer que a Rússia deixaria o delator ficar se não prejudicar a relação de Moscou com os Estados Unidos, uma condição que Snowden não aceitava.
O delator diz ter recebido propostas de asilo de Rússia e Equador, além dos três países que oficialmente as fizeram, e que aceitará quaisquer outras que lhe sejam oferecidas no futuro. No entanto, ele considerou "impossível" viajar à Venezuela, devido ao bloqueio europeu e americano, o qual chamou de "ameaça ilegal".
Para o informante, os Estados Unidos violaram a lei internacional ao pressionar outros países a rejeitar seu asilo, no que considera uma ameaça "aos direitos básicos de qualquer pessoa e nação de viver livre de perseguição e buscar e oferecer asilo".
CARTA
Em uma carta publicada antes do encontro, Snowden criticou os Estados Unidos por fazer "uma perseguição maníaca aberta, a qual põe em perigo os passageiros dos voos que se dirigem a uma série de países latino-americanos".
Para ele, a pressão a diversos países para que não lhe concedam asilo viola a Declaração Universal de Direitos Humanos. "Nunca na história um grupo de países conspirou para pousar um avião presidencial para buscar um refugiado político", afirmou, em referência ao bloqueio à aeronave do presidente da Bolívia, Evo Morales.
Na quinta (11), um desvio de rota do voo da Aeroflot que liga Moscou à Havana, única ligação da Rússia com a América Latina, fez com que dezenas de jornalistas fossem ao aeroporto José Martí, na capital cubana, à espera do delator.
O anúncio não foi feito por nenhum governo, mas a expectativa aumentou devido à publicação de um mapa pelo jornal "Washington Post" em que o avião russo voou mais ao sul, aparentemente para evitar o espaço aéreo americano. Pouco depois, o próprio jornal disse que o desvio se deveu ao mau tempo na Groenlândia.
MONITORAMENTO
A revelação do esquema de espionagem causou uma crise diplomática entre os Estados Unidos e diversos parceiros estratégicos, como a Europa, o Japão e a Rússia. O monitoramento também recebeu fortes críticas de países latino-americanos, como o Brasil.
A América Latina ainda aumentou o tom contra os americanos após o avião de Evo Morales ser bloqueado na Europa quando ele voltava de Moscou, na semana passada. Devido ao incidente, que foi atribuído aos Estados Unidos por diversos países, Bolívia, Nicarágua e Venezuela anunciaram o asilo ao delator.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

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