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8.07.2013

Mulher que 'chora pedras' recebe colírio especial para tratar bactéria

Médicos investigam bactéria presente nas glândulas dos cílios.
Professora de Lins sofre de doença ainda não diagnosticada há 19 anos.

Do G1 Bauru e Marília

Laura recebe colírio especial para tratar bactéria no olho (Foto: Reprodução/TV Tem)Laura recebe colírio especial para tratar bactéria no olho (Foto: Reprodução/TV Tem)
Saber o porquê das suas lágrimas se cristalizam e se existe cura para o problema são respostas que a moradora de Lins (SP) Laura Ponci espera há 19 anos. Com retorno médico agendado para esta quarta-feira (7), a educadora que “chora pedras” sentiu uma expectativa diferente na viagem até Bauru (SP). “Fico muito feliz e emocionada de sair de uma consulta com um pré-diagnóstico . Em Bauru, eles fazem de tudo para descobrir o que eu tenho. Minha expectativa é de ser curada logo”, conta a educadora.
O resultado dos últimos exames, segundo o oftalmologista que estuda o caso, sem outro registro parecido em todo o mundo, mostrou que a paciente tem no olho direito dois tipos de bactérias comuns e que em contato com uma proteína formam as placas. “A primeira hipótese de diagnóstico era que o olho de Laura estivesse formando uma cananiculite, mas o canal lacrimal dela foi aberto e foi verificado que não existe nada de anormal ali. Então o que ela tem, na verdade, é uma conjuntivite onde todos têm uma ‘remela’ mole, no caso dela, a secreção se mistura com uma proteína e cristaliza”, explica Raul Gonçalves Paula.
Na consulta de hoje, o oftalmologista percebeu que o colírio que pediu para a paciente usar durante a última semana reduziu o tempo de formação das placas. A partir de agora, Laura vai usar outro colírio reforçado e especifico.
“Nós temos que tratar a bactéria que está isolada no olho dela e se chama Staphylococcus aureus, presentes nas glândulas dos cílios. Agora ela está com um antibiótico para eliminar essa bactéria”, conta. Segundo Raul, Laura percebe que toda vez que acontece o ‘choro de pedras’, a pele do rosto fica mais oleosa.
“O colírio vai eliminar a bactéria que cria essa conjuntivite crônica diagnosticada no olho dela. A conjuntivite será eliminada pelo antibiótico e, então, não terá mais toxina para ligar com a proteína. Mas se ela tiver uma alteração genética ou química, ela poderá ter um novo quadro e vamos fazer uma análise bioquímica da lágrima de Laura para constatar qual a concentração que ela tem dessa proteína”, ressalta o médico.
Laura está sendo acompanhada por um especialista em Bauru (Foto: Reprodução/TV Tem)Laura está sendo acompanhada por um
especialista em Bauru (Foto: Reprodução/TV Tem)
A doença
Depois de ser consultada por mais de trinta médicos, a maioria com o mesmo diagnóstico de conjuntivite lenhosa, uma doença rara e sem tratamento comprovado no país, Laura, pela primeira vez, vai saber quais as causas que formam as membranas e também como será o tratamento.
A professora tem um tipo de doença ainda não diagnosticada, há 19 anos ela expele uma espécie de membrana branca e firme e o olho direito fica vermelho e dolorido. A frequência do problema foi aumentando com o passar dos anos.
“O que nós precisamos é chegar a um consenso assim que a Laura for curada da parte infeciosa e saber por que a lágrima dela se cristaliza juntamente quando ela tem uma conjuntivite. Nós temos uma proteína na lágrima que, no caso dela, quando entra em contato, a toxina da bactéria cristaliza e por isso as placas são criadas”, afirma Raul.
Agora ela está sendo acompanhada pelos profissionais do Hospital de Olhos de Bauru. Há duas semanas, ela passou por vários exames e foi feita a coleta das placas que se formam no olho de hora em hora. Só nas duas primeiras coletas, sete placas foram colhidas. Laura contou que ela já chegou a expelir mais de trinta placas em um só dia. Uma certeza os médico já têm. O que leva a isso é um processo infeccioso. A constatação veio com as primeiras análises feitas no laboratório.
Professora conta que já passou por mais de 30 médicos (Foto: Reprodução/TV Tem)Professora conta que já passou por mais de
30 médicos (Foto: Reprodução/TV Tem)
Caso raro
O médico oftalmologista ressaltou mais uma vez a importância de registrar todo o caso de Laura, pela raridade, como referência para casos semelhantes que possam surgir desafiando a medicina e chamou atenção até de um especialista que vive no Canadá.
“Nós levantamos mais de 250 trabalhos ao redor do mundo e os casos que encontramos de canaliculite, que é semelhante ao caso dela, porém são mais simples e comuns, mas, exatamente igual ao da Laura, não encontramos nada na literatura médica, com a secreção espontânea. Por isso temos que documentar tudo com muito cuidado até para que sirva de apoio para mundo científico acompanhar se porventura acontecer com outra pessoa”, completa.

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