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8.29.2013

RESERVADO PARA POUCOS


E muitas vezes eu não reconheço as pessoas que amei nos rostos que hoje avisto, falta algo além da aparência, além da distância, além das imagens e também além do ego. Fica difícil captar as essências e restam somente algumas palavras soltas, uns assuntos decorados e umas falas, por deveras, rápidas demais. Começa a desaparecer o antigo entusiasmo e as memórias ficam cada vez mais entre os paradoxos. Começa-se então a inventar desculpas, o tempo fica cada vez mais ocupado e os espaços que antes eram sempre encaixados começam a padecer.

Não é o fim de tudo, é só o começo de um novo princípio, são só as leis que pararam de julgar aqueles lugares, e tudo o que antes existia se torna pouco diante do novo existente. E não é pecado observar e comprovar isso, não é errado permitir outras visitas, que o meu mundo seja um universo paralelo cercado de diversas possibilidades a ser somente um rascunho do medo, um calmante, um desvio, um tédio. Por mais estranha que possa ser essa passagem é melhor essa percepção do que sempre perguntar o que há de errado. Não há nada errado, não tem nenhum problema, nem tudo permanece intacto, para o mundo rodar algumas coisas tem que parar de serem iguais.

Algumas rotas têm que sair de eixo e algumas escolhas têm que ser substituídas. Há sim sentimento eterno e momentos duradouros, mas há também outros horizontes e não é porque outras situações entraram em cena que tudo que se foi não significa nada, significa sim só não é mais tão abrangente como antes, não tem a mesma cor, mas mantém a lembrança do antigo brilho.

E por fim,quando falta essa reciprocidade no olhar, essa falta do que dizer, eu me recordo o porquê de tanto amor, o porquê de tanta saudade, o porquê de tanta história, e daí, apesar de não se ter o que falar, respondo por entre olhares, digo por entre o silencio da minha recordação e recupero o ar. As coisas mudam sim, os sorrisos não se correspondem mais, mas as recordações estão para ambos os lados em evidência. Foi um bom passado - eu penso, e passado de certa forma não passa, ele vive aquecido nos sentimentos, vive afagando a memória com suas doses de conforto e experiência. É por isso que quando falta esse reconhecimento atual eu fico feliz por já ter me encontrado nesses rostos e risos um dia. O tempo passa sim, mas o que foi bom não tem motivo para ser esquecido.


 Larissa Alves
Datilógrafa  Ambulante

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