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9.27.2013

Cresce procura por cirurgia de retirada de seios

Mastectomia de Angelina Jolie para evitar o câncer de mama deu visibilidade ao tema

Beatriz Salomão
Rio - Efeito Angelina Jolie nos consultórios brasileiros: a procura pela retirada dos dois seios cresceu 50%, desde maio, quando a atriz anunciou ter se submetido ao procedimento. Preocupados com a demanda inesperada, cirurgiões plásticos do Brasil e dos Estados Unidos vão realizar um fórum inédito no Rio de Janeiro, amanhã, para discutir o problema.
Angelina Jolie optou por retirar os seios após descobrir que poderia desenvolver um câncer de mama
Foto:  Reprodução Internet
No encontro, que será realizado no Sofitel, em Copacabana, as sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Plástica vão debater o crescimento e tentar definir um posicionamento único para os profissionais. “Há confusão. Alguns acham que não devem operar a mama sem câncer, mas outros apoiam a medida. Os convênios não querem pagar, já que não tem doença”, alega José Horácio Aboudib, presidente da sociedade. “Mulheres jovens e adultas estão procurando a cirurgia”
No fórum, que terá participação de cirurgiões, geneticistas e oncologistas, serão discutidos os aspectos científicos, éticos, filosóficos e sociais da dupla mastectomia. Além disso, o presidente da sociedade norte-americana, Greg Evans, divulgará dados relativos aos EUA, país onde Angelina operou. “Nos Estados Unidos o problema é bem semelhante. Vamos ver como eles estão agindo e pensar em soluções em conjunto”, disse José.
Depois de descobrir mutação genética que a deixava com 87% de chances de desenvolver câncer de mama, a atriz realizou dupla mastectomia. Daniele Ferreira Neves, oncologista da Oncoclínica, alerta que a retirada dos dos seios deve ser opção preventiva apenas para mulheres que têm mutação genética semelhante à da atriz. A análise dos genes é indicada só para pessoas com três casos de câncer detectados nas gerações mais próximas (até os avós).“Só o fato de ter casos na família sem mutação não justifica a cirurgia.”
Segundo ela, a possibilidade de reconstrução da mama junto à retirada dos seios também motiva a procura. Daniele alerta, porém, sobre riscos, como sangramento, queloides, resultado indesejado, além de chances de o câncer aparecer. “O tumor pode se desenvolver na pele do seio, por exemplo”, disse.
Cirurgia afasta risco de tumor
No dia 14 de maio deste ano, em texto publicado no jornal ‘The New York Times’, Angelina Jolie anunciou a decisão radical para evitar o câncer de mama. Um dos motivos foi a morte da mãe da atriz, aos 56 anos, vítima da doença.
No Brasil, a dona de casa Kelly Cristina Almeida, 30 anos, carrega a mesma mutação genética da atriz e se submeteu à cirurgia no dia 12 de agosto, em Curitiba. Ao contrário de Angelina, Kelly saiu da sala de cirurgia já com a prótese de silicone nos seios. Ela conta que a morte da mãe este ano pela doença e os dois filhos de 5 e 11 anos foram as principais motivações para a mastectomia. “Estou me recuperando melhor do que imaginava. Aos poucos já consegui retomar as atividades diárias”, conta.

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