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9.06.2013

Dólar recua e vale R$ 2,30; OGX sobe 30% e puxa alta do Ibovespa

  • Moeda americana ficou abaixo de R$ 2,30, nesta sexta, pela primeira vez em quatro semanas
  • BC fez novo leilão de dólares com compromisso de recompra
João Sorima Neto
Com agências internacionais
SÃO PAULO - O dólar comercial se mantém em baixa pelo quinto dia consecutivo nesta sexta-feira e às 16h18m, se desvalorizava 0,90% sendo negociado a R$ 2,301 na compra e R$ 2,303 na venda. Na semana, a moeda americana já recuou mais de 2,6%, e hoje foi a primeira vez em quatro semanas, que o dólar caiu abaixo de R$ 2,30. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 2,319 e na mínima bateu em R$ 2,282. O dólar tem uma dia de baixa global após o número de novas vagas de trabalho nos EUA ficar abaixo do esperado. Ontem,o dólar comercial fechou em baixa de 1,35% cotado a R$ 2,32.
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal índice está em alta desde a abertura e às 16h19m subia 2,61% aos 53.718 pontos e volume negociado de R$ 4,7 bilhões. O Ibovespa é puxado pela alta de mais de 30% das ações ordinárias da OGX, que sobem após a notícia de que a diretoria da empresa exerceu a opção para que Eike Batista, o controlador da empresa, injete US$ 1 bilhão na companhia, conforme compromisso firmado em outubro de 2012. Na máxima do dia, as ações da OGX chegaram a subir 48%. Ontem, o Ibovespa se valorizou 1,23% aos 52.351 pontos, o nível mais alto em três meses.
- A Bolsa sobe puxada pela alta da OGX. Mas a decisão da diretoria da empresa de exigir que o controlador Eike Batista injete até US$ 1 bilhão na empresa não significa que ele honrará esse compromisso, já que não se sabe se ele tem esse capital - diz Ivan Kraiser, analista de renda variável da Legan Asset.
Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA cai 0,18% a R$ 32,26; Petrobras PN tem alta de 1,08% a R$ 17,73; OGX Petróleo ON avança 36,58% a R$ 0,56, a maior alta do Ibovespa; Itaú Unibanco ganha 2,58% a R$ 30,16 e Bradesco PN avança 2,52% a R$ 28,83.
Nesta sexta, o Banco Central fez mais um leilão de linha, uma espécie de empréstimo aos bancos, de até US$ 1 bilhão. Nessa operação, o BC oferta dólares no mercado à vista, com compromisso de recompra no futuro. A taxa de recompra em 2 de abril do ano que vem foi de R$ 2,4147, segundo informou a autoridade monetária.
Na pauta de hoje, os investidores analisam o número do IPCA, inflação oficial brasileira, que subiu de 0,03% em julho para 0,24% em agosto. Ainda assim, em 12 meses, o IPCA está em 6,09%, abaixo do teto da meta de 6,5% estabelecida pelo governo. O resultado veio em linha com o que esperavam os analistas.
Na BM&F, os contratos de juros futuros recuam com a baixa do dólar e refletindo o número da inflação. O papel para janeiro de 2015 recua de 10,45% para 10,30%. As taxas dos papéis para janeiro de 2014 passam de 9,26% para 9,24%. E os contratos com vencimento em janeiro de 2017 sobem para 11,78% de 11,55%.
Nos Estados Unidos, o número mais esperado era o da criação de novas vagas de emprego, que veio abaixo das estimativas, diminuindo a expectativa de que a redução dos estímulos à economia dos EUA comece em setembro. Foram criados 169 mil empregos em agosto, frente a expectativa de criação de 187,5 mil novas vagas. Para a taxa de desemprego, a previsão era de manutenção em 7,4% e o indicador recuou para 7,3%.
O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou nesta sexta-feira que o ritmo das compras de bônus pela autoridade monetária americana deve ser reduzido “mais tarde neste ano” e prosseguindo de maneira gradual.
O desemprego é um indicador acompanhado com lupa pelo Federal Reserve (o banco central) americano para começar a redução dos estímulos à economia. Esse processo, segundo disse o presidente do Fed, Ben Bernanke, deve ser iniciado quando o desemprego ficar mais próximo de 7%.
- O ritmo de criação de vagas claramente começa a apresentar uma redução momentânea.A decepção de hoje, reforçada pela piora em indicadores estruturais, deveria corrigir algum otimismo por parte do mercado com a recuperação econômica em curso - avalia o economista da XP Investimentos, Daniel Cunha.
Nos EUA, os principais índices abriram em baixa, com a questão da Síria, mas viraram para o positivo. O S&P500 sobe 0,26%; o Dow Jones ganha 0,15% e o Nasdaq tem alta de 0,22%. Na Europa, os principais pregões fecharam em alta.
Leilões do Banco Central começam a tirar pressão do dólar
Analistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que os leilões diários de venda de dólares feitos pelos Banco Central já começaram a fazer efeito e investidores se desfazer de posições 'compradas' na moeda americana.
- O dólar recuou com investidores se desfazendo de posições compradas na moeda americana (que apostam na na alta do dólar) no mercado futuro. Com o dólar abaixo de R$ 2,35, certamente muita gente deu ordens de ‘stop loss’ na BM&F. Também contribuem para a baixa entradas pontuais de recursos de estrangeiros na renda fixa, comprando títulos do Tesouro - diz um operador de câmbio.
Segundo ele, as notícias de que empresas brasileiras preparam captações no exterior também ajudam na queda da moeda.
Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso, a queda do dólar, após o anúncio do plano de ação do BC, veio antes do que se esperava.
- Os leilões do BC começaram a surtir efeito mais rápido do que se esperava. Essa queda abrupta do dólar para um nível abaixo de R$ 2,35 indica desmonte de posições compradas, que apostavam num dólar a R$ 2,60 e R$ 2,70, e a entrada de dólares, que não são mais represados, mas sim repassados ao mercado - diz Galhardo.
Ele lembra que a sinalização de novas altas da Selic dadas pela ata do Copom divulgada nesta quinta também acabam atraindo investidores estrangeiros que vêm buscar ganhos nos juros.

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