Os EUA não precisam de autorização da ONU para atacar a Síria', diz Obama
O Brasil não reconhece qualquer ação
militar na Síria sem que haja aprovação das Nações Unidas
Agência Brasil
Brasília – O presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, disse nesta sexta-feira que não depende de autorização da
Organização das Nações Unidas (ONU) para um eventual ataque à Síria. Os
Estados Unidos afirmam ter provas de que foram usadas armas químicas em
ataques na Síria, cuja responsabilidade é atribuída ao governo do
presidente sírio, Bashar Al Assad. “Diante da paralisia do conselho das Nações
Unidas na questão, uma resposta internacional é demandada, e não deve
vir de decisão do Conselho de Segurança. Preferiria trabalhar por meio
de canais multilaterais e ONU, mas acredito que a segurança mundial e
dos EUA demandam [decisões por outros meios]”, disse o presidente
norte-americano durante coletiva de imprensa em São Petersburgo, na
Rússia, onde ocorre a cúpula do G20.
Obama discursa em São Petersburg
Foto: Efe
Obama informou que fará na próxima
terça-feira um pronunciamento aos cidadãos norte-americanos, a fim de
buscar respaldo do Congresso a um eventual ataque à Síria. Perguntado
sobre se o ataque pode ser feito sem a autorização do Congresso, ele
disse que, entre os motivos da consulta, está o de fazer com que o
Legislativo explique ao povo americano “que esta é a coisa certa” a
fazer.
“Há várias decisões que tomo que são
impopulares, mas é o que se há para fazer”, disse, ao reconhecer que
ações desse tipo, envolvendo operações militares, são sempre
impopulares. “Fui eleito para acabar com uma guerra, e não para começar
outras. Mas tenho o dever da proteção, e há tempos difíceis se quisermos
defender aquilo que acreditamos”, acrescentou. Segundo ele, o uso de armas químicas é uma
ameaça à segurança global, principalmente para países vizinhos como
Turquia e Israel. "Há riscos de essas armas caírem nas mãos de
terroristas", alertou. Apesar de não confirmar se fará ou não o ataque,
Obama disse ter condições para uma intervenção “hoje, amanhã ou daqui a
um mês”.O presidente norte-americano acrescentou que continuará a
contatar líderes mundiais “para tomar as ações necessárias”, e pediu
união contra o uso de armas químicas pelo regime de Assad. Também da Rússia, a presidenta Dilma Rousseff
havia informado, anteriormente, que o Brasil não reconhece qualquer ação
militar na Síria sem que haja aprovação das Nações Unidas. Segundo Obama, “a conferência foi unânime à
ideia de que armas químicas foram usadas, e a maioria dos presentes já
aceita e concorda que o governo de Assad é o responsável pelo uso delas.
Isso, claro, foi questionado por [Vladimir] Putin [presidente da
Rússia, país contrário a qualquer ataque à Síria]”, disse Obama. A conversa com o presidente russo foi
“tranquila e construtiva”, segundo Obama, e não abrangeu a questão do
asilo dado pela Rússia a Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa
terceirizada que prestava serviços para a Agência Nacional de Segurança
norte-americana (NSA) e principal responsável pelas denúncias de
espionagem pelo governo norte-americano. “Temos uma relação muito direta [com Putin].
Discutimos a questão da Síria. Foi citado que em todos os pontos de
interesse comum, teremos de trabalhar de forma conjunta”, disse o
presidente dos EUA.
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