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10.22.2013

Com apenas 15% de visão, jovem no Amapá vai fazer prova do Enem

Desde os 8 anos estudante tem apenas 15% da visão.
Exame acontece nos dias 26 e 27 de outubro de 2013.

Abinoan Santiago Do G1 AP
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Estudando manhã, tarde e noite, Bruno pretende usar a nota do Enem para ingressar no curso de Direito na UNIFAP (Foto: Abinoan Santiago/G1)Estudando manhã, tarde e noite, Bruno pretende usar a nota do Enem para ingressar no curso de Direito na Unifap (Foto: Abinoan Santiago/G1)
O estudante Bruno de Souza de Nazaré, de 19 anos, está no 3º ano do ensino médio na escola Carmelita do Carmo, bairro Buritizal, Zona Sul de Macapá. Com apenas 15% da visão desde os 8 anos, ele vai prestar pela primeira vez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Bruno vai necessitar de uma prova diferenciada com fontes ampliadas. A avaliação será aplicada em 26 e 27 de outubro.
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Bruno diz que os médicos alertaram que existe a possibilidade dele ficar cego repentinamente. Mesmo assim ele estuda o dia todo para fazer o Enem e tentar ingressar no curso de Direito da Universidade Federal do Amapá (Unifap) em 2014.
Bruno de Souza de Nazaré, de 19 anos, está no 3º ano do ensino médio na escola Carmelita do Carmo, em Macapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)Bruno de Souza de Nazaré, de 19 anos, está no
3º ano do ensino médio na escola Carmelita do
Carmo, em Macapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)
"Já nasci com esses problemas nos olhos, que fizeram eu perder boa parte da minha visão. Os médicos dizem que existe a possibilidade de dormir e acordar cego, mas ainda assim a minha preparação para o Enem está muito corrida. Ao acordar às 7h, eu começo logo a estudar. À tarde, eu vou para a escola e, durante a noite, eu fico em casa também estudando até dar sono", relatou o estudante.
Na preparação para o Enem, Bruno conta com a ajuda dos professores que ampliam as fontes das apostilas para o estudante visualizá-las melhor.
"Quando os professores passam algum material, ele é enviado com uma semana de antecedência ao setor de ensino especial da escola para que as apostilas tenham as letras ampliadas. Mesmo assim existem casos em que eu acabo perdendo. Quando acontece isso, tento prestar atenção ao máximo na explicação do professor", contou.
Professora de ensino especial da escola Carmelita do Carmo, Claudete da Silva, de 44 anos (Foto: Abinoan Santiago/G1)Professora de ensino especial da escola Carmelita
do Carmo, Claudete da Silva, de 44 anos
(Foto: Abinoan Santiago/G1)
"Pedimos o material com antecedência para que ele não se sinta excluído dentro da sala de aula, ainda mais neste ano que Bruno está no 3º ano e se dedica bastante aos estudos", afirmou a professora de ensino especial da escola Carmelita do Carmo, Claudete da Silva, de 44 anos.
Outra dificuldade provocada pela baixa visão acontece dentro da sala de aula, quando o professor escreve algo na lousa.
" Às vezes, peço para o professor escrever em letras grandes para eu poder copiar no meu caderno. Eles entendem", disse.
Somado aos estudos, Bruno também opta em ficar em casa durante a noite por causa da deficiência nos olhos.
"As minhas maiores dificuldades acontecem à noite, quando chove e ao andar de bicicleta, uma das coisas que mais gosto, mas isso eu prefiro evitar porque a minha avó fica preocupada. (...) Ela, por exemplo, ao saber que tinha apenas 15% de visão, fez até promessa à Santa Luzia, conhecida como protetora dos olhos e da visão, para que o meu problema não agravasse. Desde os 8 anos de idade, quando parei de perder a visão, ela começou a distribuir folhetinhos da santa durante o Círio de Nazaré", relatou.
Mesmo com todas as dificuldades provocadas pela perda de 85% da visão, o estudante diz tentar levar a rotina com naturalidade.
"Com 19 anos, eu tento levar a minha vida como a mais normal possível. É difícil eu fazer várias coisas à noite, entre elas, ler um livro, por exemplo, porém ainda assim eu tento. (...) Temos que ir atrás do que a gente quer através dos estudos e perseverança porque é a única forma de chegarmos a algum lugar", frisou.

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