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10.10.2013

Efeito do dólar na inflação faz Copom elevar Selic para 9,5% ao ano

Autoridade monetária decide pela quinta elevação consecutiva dos juros, diante da dificuldade em controlar o avanço da inflação

O presidente do Banco Central Alexandre Tombini
O presidente do Banco Central Alexandre Tombini (Pedro Ladeira/AFP)
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 9,5% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés - ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro, em dezembro. Trata-se da quinta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que apostava de forma quase unânime no aumento de 0,50 ponto. Trata-se da maior taxa de juros desde março de 2012.
No comunicado que acompanhou a decisão, o BC reafirmou que a inflação constitui um risco para a economia. "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".
Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
A decisão do Comitê ocorre no mesmo dia em que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA) de setembro foi divulgado, ficando em 0,35% no mês, acumulando um avanço de 5,86% em doze meses. Para o final de 2013, o mercado aposta que o IPCA recuará para 5,82%, indicando desaceleração, mas ainda acima do centro da meta de 4,5%. Para 2014, as expectativas apontam para o IPCA a 5,95%. "A inflação está vindo um pouco mais comportada, mas está próxima ao teto. Diante disso, acredito que a Selic fechará o ano em 10% e assim permanecerá em 2014", afirma Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.
Outro fator apontado por analistas como preponderante para explicar o aumento dos juros é a volatilidade cambial que vem atingindo o mercado brasileiro desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou que poderia reduzir seus estímulos monetários à economia dos Estados Unidos. A notícia, publicada em maio, fez com que uma onda de recursos fosse drenada dos mercados emergentes e migrasse para os Estados Unidos e, sobretudo, para os títulos do Tesouro americano. Com isso, ocorreu uma desvalorização súbita do real que exigiu, inclusive, uma intervenção cambial do Banco Central.
Em setembro, a volatilidade diminuiu. Mas o câmbio subiu de patamar (próximo de 2,20 reais) e não dá sinais de que volte para 2 reais tão cedo — fato que tem impacto direto na inflação. Exemplo disso ocorreu em setembro, quando justamente dois itens impactados pelo dólar foram os principais motores da inflação: o pão francês, devido ao aumento do preço do trigo importado, e as passagens aéreas, que repassam a alta do combustível de aviação, também vindo de fora.
A dificuldade do Banco Central em trazer a inflação de volta ao centro da meta persiste, tanto que o presidente do BC, Alexandre Tombini, abandonou há meses o discurso de que o indicador deve convergir para 4,5% no médio prazo. Diante da (ainda) pouca eficácia dos juros em ajudar a conter o índice (os efeitos da alta da Selic demoram mais de seis meses para aparecer), a expectativa é que o BC suba os juros em 0,5 ponto porcentual também na próxima reunião, em dezembro, fechando o ano com a Selic a 10%, no patamar de dois dígitos.
Controle de expectativas - A alta de 0,5 ponto desta quarta, aposta consensual do mercado, mostra não só a determinação do BC em tentar controlar o aumento de preços, mas também uma tentativa de recuperar a credibilidade da autoridade monetária afetada ao longo de 2012, quando ficou claro que o governo interferia abertamente na política de juros e forçou uma redução da Selic num momento de inflação acima do centro da meta.
Se o Comitê optasse por um aumento maior, se descolaria das expectativas de mercado, causando instabilidade. Se elevasse a Selic em apenas 0,25 ponto porcentual, a decisão poderia ser entendida como negligente em relação ao avanço inflacionário. A autoridade monetária mostra, agora, querer dosar o remédio de acordo com o esperado. "O BC tem sancionado exatamente os anseios do mercado. Se as apostas majoritárias são de meio ponto, o BC vai conceder isso porque o mercado já está precificando esse aumento", afirma Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora.

Nota Os excessos cometido por essa matéria é inteiramente tranquilo, pois fica por conta do ódio que esta revista nutre pelo governo Dilma.

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