Coluna Econômica - 28/10/2013 – Agência Dinheiro Vivo
A última pesquisa IBOPE traz algumas informações que devem ser relativizadas e outras relevantes.
No
primeiro grupo, os índices de aprovação dos novos candidatos em
comparação com os que participaram de eleições presidenciais. Políticos
como José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva são mais conhecidos do
que Aécio Neves e Eduardo Campos.
Mesmo assim, chamam a atenção as seguintes conclusões:
Na
pesquisa espontânea (na qual os pesquisados indicam seu candidato
espontaneamente) Dilma recebeu 21% das indicações, Aécio 5%, acima dos
4% de Serra, dos 2% de Campos e abaixo dos 6% de Marina.
Entre eleitores com ensino superior, Dilma cai para 15%, Marina
sobepara 11%, Aécio vai para 7%, acima dos 5% de Serra e dos 3% de
Campos.
É curioso avaliar o desempenho de Serra no extrato superior e no
extrato
inferior de renda. No superior, fica com 4%, atrás dos 17% de Dilma,
10% de Marina e Aécio. No extrato inferior, cai para 2%, contra 33% de
Dilma, 3% de Campos, 3% de Marina a 0% de Aécio.
No
caso da pesquisa dirigida (aquelas em que o entrevistado recebe uma
cartela com nomes de candidatos), Dilma Rousseff reina absoluta em
qualquer cenário. Tem 41% de preferência em um cenário com Marina (22%),
Aécio (14%) e Campos (10%). E com expressivos 22% de brancos e nulos.
Sem
Marina, Dilma mantém os 41% contra 14% de Aécio e 10% de Campos. E os
mesmos 22% de brancos e nulos. Entrando Marina no lugar de Campos, Dilma
cai levemente para 39%, Marina vai para 21% e Aécio para 13%.
Dilma mantém 40% em um confronto com Serra (18%) e Campos (10%).
Mas o ponto central de análise é a taxa de rejeição. É ela que determina o teto de cada candidato.
Três
candidatos ficam na faixa de 40% de rejeição – Aécio com 40%, Dilma com
38% e Campos com 39%. Serra salta para expressivos 47% e Marina cai
para cômodos 31%.
À medida que os candidatos se tornem mais conhecidos e a batalha mais acirrada, haverá aumento da taxa de rejeição dos demais.
Nas
eleições, os candidatos não constroem a imagem de forma homogênea. Nas
classes de menor renda, sobressaem as impressões sobre cada candidato,
sua capacidade de se mostrar mais ou menos solidário com os mais pobres.
Fica
evidente nas pesquisas a dificuldade do PSDB em desenvolver um discurso
minimamente atraente para essas faixas. Mas é curioso que o discurso
ecológico de Marina – visando os leitores de média e alta renda – é mais
forte do que sua origem humilde – que poderia provocar alguma
identificação nos eleitores de menor renda. Decididamente, até agora
eles não parecem se identificar com ela.
Há
uma faixa de formação de imagem que passa pelo discurso político, pela
visão programática. Nesse campo, Dilma se alicerça no discurso social do
PT e do lulismo. E Marina herdou o contraponto, do discurso neoliberal –
que está migrando rapidamente do PSDB para ela.
Aécio e Campos são candidatos ainda à procura do discurso.
Aécio
teria algumas boas experiências mineiras para mostrar. Mas parece preso
a um invencível sentimento de inferioridade em relação ao núcleo
paulista do PSDB – que oscila entre o discurso vazio de FHC e o
fundamentalismo de Serra.
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