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10.10.2013

Um dia de Merda

Veríssimo é demaaaaaiiiiiss...kkkkkk

Esqueçamos os problemas e vamos rir ou chorar um pouco!
Um dia de MERDA! Por Luiz Fernando Veríssimo

Aeroporto Santos Dumont, 15:30 . Senti um pequeno mal estar causado por uma
cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse
Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde
partiria o voo para Miami, resolvi segurar as pontas . Afinal de contas são só
uns 15 minutos de busão. ” Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela
mijadinha esperta, tranquilo .” O avião só sairia as 16:30.

Entrando no ônibus, sem sanitários . Senti a primeira contração e tomei
consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um
parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu
amigo que me acompanhava e, sutil, falei: “Cara, mal posso esperar para chegar
na merda do aeroporto porque preciso largar um barro”

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de
vontade para trabalhar e segurei a onda . O ônibus nem tinha começado a andar
quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante:

“Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de
1 hora, devido à obras na pista .” Aí o urubu ficou maluco querendo sair a
qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava
para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo
percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio
provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por
enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV mas só
conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso
sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele . E
o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti
um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi,
consternado, que havia cagado .

Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor.
Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a
apreciar na privada . Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal .

Mas sem dúvida, a situação tava tensa . Olhei para o meu amigo, procurando um
pouco de solidariedade, e confessei sério : ” Cara, caguei.” Quando meu amigo
parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou – me a relaxar, pois agora
estava tudo sob controle . ” Que se dane, me limpo no aeroporto ” – pensei .
“Pior que isso não fico .” Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica
recomeçou forte . Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude
evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda .
Desta vez, como uma pasta morna.

Foi merda para tudo que e lado, borrando, esquentando e melando a bunda,
cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés . E mais uma
cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do
freguês ao sair rumo a liberdade . E depois um peido tipo bufa, que eu nem
tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava
todo cagado . Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa . E me caguei pela
quarta vez .

Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu
botar modess na cueca , mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e
quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto . Mas era tarde demais
para tal artifício absorvente . Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba
de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos,
supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a
levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.

Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel
higiênico em todos os cinco . Olhei para cima e blasfemei: “Agora chega, né ?”
Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha
situação (que conclui como sendo o fundo do poço ) e esperar pela minha
salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de
dignidade no meu dia .

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o ” check-in ” e ia
correndo tentar segurar o vôo . Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e
uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte . Ele tinha
despachado a mala com roupas . Na mala de mão só tinha um pulôver de gola “V”.
A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus .

Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo,
aproveitáveis . Minha cueca , joguei no lixo . A camisa era história . As
calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas
pela merda . Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10

Teria que improvisar . A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma
simples privada em uma magnifica máquina de lavar . Virei a calça do lado
avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água..

Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu . Estava pronto
para embarcar . Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão
de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da
cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola “V”, sem camisa .
Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando ” O RAPAZ QUE
ESTAVA NO BANHEIRO” e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do
meu amigo que sorria . A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de
algo . Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o
cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi
não pedir: ” Nada , obrigado . Eu só queria esquecer este dia de merda !!! “







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