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11.07.2013

FDA propõe banir gordura trans adicionada a alimentos

FDA ouvirá a indústria por 2 meses antes de efetivar decisão.
Redução poderá evitar 20 mil ataques de coração, segundo especialista.



Do G1, em São Paulo

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Gorduras hidrogenadas ou ácidos graxos trans são alvo de proibição nos Estados Unidos por representar riscos à saúde (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson/files )Gorduras parcialmente hidrogenadas podem ser alvo de proibição nos Estados Unidos por representar riscos à saúde (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson/files )
A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (7) sua intenção de declarar que os óleos parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans em alimentos processados, não são seguros para uso em comida, devido aos riscos que implicam para a saúde.
A FDA afirmou que baseou sua decisão em provas científicas disponíveis e conclusões de painéis de especialistas científicos.
O órgão tornará efetiva sua decisão depois de um período de 60 dias para obter mais informações sobre o tempo que a indústria da alimentação necessita para cumprir com a proibição desse ingrediente. Os prazos serão diferentes para cada alimentos, dependendo da dificuldade que será para substituí-los.
"Apesar de o consumo de gorduras hidrogenadas artificiais, potencialmente perigosas para a saúde, ter diminuído nas últimas duas décadas nos Estados Unidos, continua sendo uma preocupação maior em termos de saúde pública", afirmou a diretora da FDA, Margaret Hamburg.

Segundo a FDA, a ingestão de gordura trans por consumidores americanos diminuiu de 4,6 gramas por dia em 2003 para uma grama por dia em 2012.

"Uma nova redução nas quantidades dessas gorduras na dieta americana poderá evitar 20 mil ataques de coração e 7 mil mortes a mais a cada ano", assinalou.
Natural x artificial
Gorduras trans naturais são encontradas em níveis baixos em alguns alimentos, como carne e produtos derivados do leite. As gorduras trans artificiais são feitas a partir de um processo de hidrogenação do óleo, e são conhecidas como gordura hidrogenada. Esse tipo de gordura pode ser usado, por exemplo, para fazer frituras.

Gorduras trans artificiais também podem ser encontradas em comidas processadas, como biscoitos e bolos, e são as vezes usadas para prolongar a vida dos produtos nos prateleiras.
Uma dieta rica em gorduras trans pode também levar a altos níveis de colesterol ruim no sangue.

O que é a gordura trans?

Paula Sato 

Biscoito, salgadinhos, sorvete e margarina são uma bomba de gordura trans. Fotos: Alfredo Franco, Pedro Rubens e Luna Garcia/DEDOC
Biscoito, salgadinhos, sorvete e margarina são uma bomba de gordura trans. Fotos: Alfredo Franco, Pedro Rubens e Luna Garcia/DEDOC
Desde 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga todos os fabricantes a indicar no rótulo a quantidade de gordura trans presente nos alimentos. Por outro lado, o Ministério da Saúde também tenta acabar com a utilização dessa gordura, seguindo o exemplo de países como Suíça e a Dinamarca, onde ela é proibida. A perseguição tem um bom motivo. Estudos científicos comprovaram que essa gordura é extremamente prejudicial à saúde: além de aumentar os níveis de colesterol ruim, o LDL, também diminui a taxa de colesterol bom, o HDL. E isso significa elevar o risco de arteriosclerose, infarto e acidente vascular cerebral.
A gordura trans é o nome dado à gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial. "Algumas carnes e o leite já têm essa gordura, mas em pequena quantidade. O que preocupa mesmo são as gorduras usada pela indústria", explica Samantha Caesar de Andrade, nutricionista do Centro de Saúde Escola Geraldo Horácio de Paula Souza, da Faculdade de Saúde Pública da USP. A gordura vegetal hidrogenada faz parte do grupo das gorduras trans e é a mais encontrada em alimentos. Ela começou a ser usada em larga escala a partir dos anos 1950, como alternativa à gordura de origem animal, conhecida como gordura saturada. Acreditava-se que, por ser de origem vegetal, a gordura trans ofereceria menos riscos à saúde. Mas estudos posteriores descobriram que ela é ainda pior que a gordura saturada, que também aumenta o colesterol total, mas pelo menos não diminui os níveis de HDL no organismo. Em geral, as gorduras vegetais, como o azeite e os óleos, são bons para a saúde. Porém, quando passam pelo processo de hidrogenação ou são esquentadas, as moléculas são quebradas e a cadeia se rearranja. Essa nova gordura é que vai fazer todo o estrago nas artérias. Esse processo de hidrogenação serve para deixar a gordura mais sólida. E é ela que vai fazer com que os alimentos fiquem saborosos, crocantes e tenham maior durabilidade. O grande desafio atual da indústria é encontrar uma alternativa mais saudável à gordura trans, sem que os alimentos percam suas propriedades.
A gordura trans não é sintetizada pelo organismo e, por isso, não deveria ser consumida nunca. Mas, como isso é quase impossível, o Ministério da Saúde determinou que é aceitável consumir até 2g da gordura por dia, o que equivale a quatro biscoitos recheados. Mesmo tendo isso em mente, um dos grandes problemas para o consumidor é conseguir perceber com clareza quanta gordura trans existe em cada alimento. "A Anvisa determinou que, quando uma porção do alimento possuir até 0,2% da gordura, o rótulo pode dizer que o produto não tem gordura trans, o que não é verdade", explica Samantha Andrade. Ou seja, se a embalagem traz os valores referentes à porção de dois biscoitos e esses contiverem 0,2g de gordura trans, o fabricante pode afirmar que o produto é livre dela. Mas, na verdade, se uma pessoa comer 20 biscoitos terá consumido os 2g da gordura. "Por isso, o melhor jeito do consumidor ter certeza do que está comprando é verificar a lista de ingredientes para checar se não existe gordura vegetal hidrogenada na composição do produto", ensina a nutricionista. Vale lembrar que os alimentos que mais contêm gordura trans são bolachas, pipocas de microondas, chocolates, sorvetes, salgadinhos e todos os alimentos que tem margarina na composição.

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