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11.22.2013

Odebrecht leva aeroporto Tom Jobim por R$ 19 bilhões, com ágio de 294%; Confins sai por R$ 1,82 bilhão

  • No total, governo arrecadou R$ 20,8 bilhões: vencedores terão que pagar entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão por ano de outorga
  • Empreiteira foi agressiva na disputa do Galeão porque era última chance de a empresa ter participação na concessão de um grande aeroporto, dizem fontes
  • Leilão de Confins foi mais disputado, com pelo menos seis lances

Ronaldo D’Ercole, Lino Rodrigues, João Sorima Neto, Roberta Scrivano, Henrique Gomes Batista e Geralda Doca (Email)


Ministro Wellington Moreira Franco bate o martelo com o presidente da Odebrecht Transportes, Paulo Cesena, comemorando a vitória na aquisição do Galeão Foto: MichelFilho / Agência O Globo

  batida do  martelo com o presidente da Odebrecht Transportes, Paulo Cesena, comemorando a vitória na aquisição do Galeão
SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA - A operadora do melhor aeroporto do mundo, de Cingapura, vai administrar o Galeão. O consórcio Aeroportos do Futuro, liderado pela Odebrecht em parceria com a Changi, de Cingapura, venceu o leilão de privatização do aeroporto do Galeão com lance de R$ 19.018.888.000,00 bilhões, ágio de 294% em relação ao valor mínimo estabelecido de R$ 4,828 bilhões. A disputa foi para o leilão viva-voz, mas não houve novas propostas.
No total, o governo arrecadou R$ 20.838.888.000,00. O ágio global do leilão ficou em 251,6%, já que o governo esperava arrecadar R$ 5,9 bilhões. Além do Galeão, entram no cálculo os R$ 1.820.000,00 (ágio de 66% em relação ao valor inicial) dados por Confins pelo consórcio Aerobrasil (Flughafen München (Munique)/Flughafen Zurich (Zurique) com CCR) com proposta de R$ 1.820.000,00 (ágio de 66% em relação ao valor inicial). O aeroporto de Minas Gerais teve uma disputa mais acirrada, com pelo menos seis lances.
Os vencedores terão que pagar entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão por ano de outorga. E a Infraero vai pagar junto, já que tem participação de 49% no consórcio.
O leilão durou 1h37m, com início às 10h. A proposta da Odebrecht ficou muito acima das propostas dos demais consórcios. Segundo fontes da Odebrecht ouvidas na BM&FBovespa, esta era a última chance de a empresa ter participação na concessão de um grande aeroporto, já que a companhia ficou fora de Cumbica, Viracopos e Brasília. Por isso, a empresa fez uma oferta tão agressiva, com ágio de quase 300% em relação ao valor mínimo. No leilão viva-voz não houve lances por Galeão que superassem este valor.
O presidente da Odebrecht Transportes, Paulo Cesena, bateu o martelo do lance vencedor. O ágio obtido no lance do aeroporto do Galeão foi o terceiro maior, atrás apenas do aeroportos de Brasília (ágio de 673%) e Guarulhos (373%).
Gustavo do Vale, presidente da Infraero, disse que ela se explica pelo tempo de concessão. Enquanto para Guarulhos, a concessão vence em 20 anos, no Galeão o prazo é de 25 anos.
O governo comemorou o resultado do leilão do Galeão e de Confins. Na avaliação do Planalto, segundo interlocutores, os lances pelo dois aeroportos superaram as expectativas e "confirmaram a posição do governo de que as regras eram competitivas". Para assegurar a concorrência no setor, foram fixadas nos editais cláusulas restritivas à participação dos atuais concessionários, o que gerou controvérsias e desagradou os fundos de pensão das estatais, que via Invepar, já são donos de Guarulhos.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, suspendeu uma reunião de coordenação por duas vezes para acompanhar o certame, que estava sendo transmitido ao vivo pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A ministra, segundo fontes, ligou para a presidente Dilma Rousseff, em viagem ao Ceará, para comentar o resultado.
O presidente da BMF Bovespa, Edemir Pinto, considerou o resultado do leilão “excepcional”.
Demonstração de credibilidade, diz Infraero
De acordo com o presidente da Infraero, o leilão foi uma demonstração de credibilidade do país, das instituições e da capacidade de cumprir contratos, já que atraiu grandes grupos estrangeiros.
- Foram oito grupos internacionais importantes que estão acreditando no país e no negócios dos aeroportos. Isso é muito importante para o Brasil (trazer investimentos privados) já que a Infraero foi a única investidora na infraestrutura aeroportuária nos últimos 40 anos - disse Vale.
O ministro lembrou que o objetivo com a concessão não é só uma mudança física dos terminais aéreos brasileiros, mas a melhoria da qualidade dos serviços.
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) divulgou nota comemorando o leilão:
"O leilão de concessão dos aeroportos de Confins (Minas Gerais) e Galeão (Rio de Janeiro) foi bem-sucedido, resultando em competição, ganhos financeiros para o poder concedente e grande perspectiva de ampliação e melhoria na oferta de serviços e instalações aos usuários e às empresas, consequência dos pesados investimentos que serão feitos ao longo do prazo de concessão, conforme os planos de negócios".
Na disputa pelo Galeão, em segundo lugar ficou o consórcio liderado por Carioca Engenharia, com aeroportos de ADP (Paris) e Amsterdã, que ofereceram R$ 14,5 bilhões. Em terceiro lugar ficou o consórcio formado por Ecorodovias, Invepar e Aeroporto de Frankfurt, com lance de R$ 13,113 bilhões. O valor surpreendeu o mercado e superou, inclusive, o aeroporto de Guarulhos, vencido pela Invepar em fevereiro do ano passado por R$ 16,2 bilhões.
O valor que será pago pelo Galeão também supera o leilão do Campo de Libra, no pré-sal, leiloado mês passado por R$ 15 bilhões. O consórcio vencedor do aeroporto carioca é formado pela Odebrecht Transportes S.A, liderou com participação de 60%. Os outros 40% pertencem à empresa Excelente B.V (Changi). A Infraero, pelo edital, fica com 49% da concessão.
Com a concessão de Galeão e Confis, somando ao movimento de Guarulhos, Viracopos e Brasília, passaram pelos aeroportos privados 85,4 milhões de pessoas em 2012, 44,2% do total nacional. Levando em conta a movimentação internacional, passaram pelos aeroportos 16,8 milhões de pessoas no ano passado, 88,7% do total.

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