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12.19.2013

Farmacêutica não vai mais pagar a médicos para promover medicamentos

A GlaxoSmithKline, uma das maiores multinacionais 
farmacêuticas, 
decidiu não pagar mais viagens e palestras a médicos para a 
promoção de seus medicamentos.A empresa britânica também 
mudará a forma de remunerar seus propagandistas, 
que deixarão de receber de acordo com o número 
de receitas prescritas pelos 
médicos que eles visitam.
A decisão anunciada é inédita entre as multinacionais 
farmacêuticas e entrará em vigor nos países onde a empresa 
atua a partir de 2014. Nos EUA, um programa piloto já 
está em vigor desde 2011.
Em nota, a GSK no Brasil disse que seguirá as determinações 
da matriz. Informou que a empresa vem tomando uma série 
de medidas com o objetivo de aumentar a transparência de 
suas práticas.
Por décadas, as companhias farmacêuticas têm pago 
médicos para falar a favor de seus medicamentos em 
congressos e conferências. Como formadores de opinião, 
eles influenciam na decisão de outros profissionais.
Vários estudos, no entanto, têm demonstrado que essas 
práticas geram grandes conflitos de interesse e podem 
levar a prescrições inadequadas
 (desnecessárias ou mais caras) aos pacientes.
No Brasil, há um acordo em curso entre a Interfarma 
(associação que reúne as multinacionais farmacêuticas) 
e o CFM (Conselho Federal de Medicina) que pretende 
regular essas questões.
"Estamos tentando construir juntos um caminho onde 
não se tolere qualquer restrição à autonomia dos médicos. 
E não é só palavra posta no papel. Nosso conselho de 
ética existe, funciona e pune", afirma Antonio Britto, 
presidente da Interfarma.
A questão, segundo ele, é que outros segmentos da
 indústria da saúde (farmacêuticas nacionais e indústrias 
de aparelhos e equipamentos em saúde, por exemplo) 
não aderiram ao acordo. "Haverá desvantagem 
 competitiva se não for seguido por todos."
Investigação
No caso da Glaxo, a decisão vem no momento em que a 
empresa é alvo de investigação na China por pagamentos 
ilegais a médicos e oficiais do governo.
Uma das suspeitas é que a empresa pagava médicos para 
viajar a conferências e palestras que nunca ocorreram.
Andrew Witty, o CEO da Glaxo, disse que as mudanças
 não têm relação com as investigações na China e que 
fazem parte dos esforços da empresa de estar em 
consonância com a atualidade.
"Nós já vínhamos nos perguntamos se não haveria 
outras diferentes e mais efetivas formas de operação 
do que talvez os caminhos que nós, como indústria,
 temos operado nos últimos 30, 40 anos?"
A partir de 2014, todos laboratórios farmacêuticos que 
atuam nos EUA deverão tornar públicos os gastos com 
a promoção de medicamentos por profissionais de saúde.
Segundo a Glaxo, a empresa não vai mais pagar aos 
profissionais de saúde para falar sobre seus produtos 
ou doenças que tratam e tampouco apoiá-los 
financeiramente para assistir a conferências médicas.
 A empresa não informou o quanto economizará com 
as medidas.
A Glaxo informou ainda que continuará pagando aos 
médicos honorários de consultoria para pesquisa de 
mercado e que também vai estudar novas alternativas
 para colaborar com a educação médica, com 
informações claras e transparentes.
"Estamos delineando um novo conjunto de 
medidas para modernizar o nosso relacionamento 
com os profissionais de saúde. É o interesse dos 
 pacientes que vem sempre em primeiro lugar."



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