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12.21.2013

Planejamento e antecipação evitam estresse com tarefas no fim do ano

Sensação de urgência e sobrecarga de funções traz tensão, diz psiquiatra.
Para não estressar, é preciso assumir controle da situação; veja dicas.



Mariana Palma Do G1, em São Paulo



estresse (Foto: TV Globo) 
Excesso de tarefas e falta de controle podem causar
estresse nessa época do ano (Foto: TV Globo)
Passar de ano, entregar o TCC, fechar a meta da empresa, ir à reunião dos filhos na escola, comprar presentes de Natal, planejar a ceia, organizar a viagem de férias: são muitas as tarefas que aparecem quando chega o fim do ano. E o pouco tempo para realizá-las pode transformar esse período, que deveria ser de celebração, em um momento de muito estresse.
“O final do ano traz uma sensação de urgência e a pessoa sente que o prazo acabou. Além disso, há uma sobrecarga de funções e atividades, algumas reais e outras que ela mesma se atribui, que dá essa tensão”, explica o psiquiatra Daniel Barros. Assumir a responsabilidade de preparar a ceia de Natal, por exemplo, é uma obrigação que a própria pessoa cria e isso pode colocá-la em um nível alto de estresse. “O nível de exigência e perfeccionismo pode atrapalhar a celebração e, se a pessoa se estressar muito, ela pode não aproveitar a festa e ficar doente depois”, alerta a psiquiatra e doutora em medicina pela USP, Alexandrina Meleiro.
Deixar para resolver o problema na véspera pode dar a ideia de que o tempo está acabando, o que gera uma pressão muito grande."
especialista em administração do tempo
Sérgio Guimarães
O grande problema é que muitas pessoas costumam deixar para resolver as pendências na última hora e, com isso, acabam perdendo o recurso de disponibilidade de tempo.
“Quanto mais bagunçada for a agenda, maior o estresse porque você caminha por um ambiente sem controle. Deixar para resolver o problema na véspera pode dar a ideia de que o tempo está acabando, o que gera uma pressão muito grande”, explica o especialista em administração do tempo Sérgio Guimarães.
De acordo com o psiquiatra Daniel Barros, isso acontece porque o cérebro não é bom em prever o futuro e o planejamento de longo prazo costuma ser ruim. Com isso, as pessoas acabam sempre adiando as tarefas, mas o problema é que sempre vai chegar o momento em que elas terão que ser realizadas. “Se alguém pede para você fazer alguma coisa hoje, você diz que está corrido e pergunta se pode fazer depois porque acha que no futuro estará mais tranquilo. Mas a questão é que você vai estar sempre na correria, então se der para antecipar, melhor”, defende o médico.
Dicas para evitar estresse:
 
-Faça um planejamento em casa
 
-Abra uma planilha e liste as pessoas que quer presentear
 
-Coloque o quanto pretende gastar com cada presente
 
-Faça uma relação do que precisa comprar para a ceia de Natal ou Ano Novo
 
-Pesquise as lojas e os preços na internet antes de ir ao shopping ou mercado
 
-Faça as compras com antecedência e de uma vez
Por isso, uma das estratégias para evitar esse desconforto nessa época do ano é assumir o controle da situação, não só com antecipação, mas também com planejamento.
“O grande motivador do estresse é a falta de controle. Ou seja, de repente, eu me vejo no meio de um shopping sem saber o que eu quero fazer e aquele ambiente se torna inóspito. Mas se eu me antecipei, já sei o que e onde vou comprar, assumo o controle e o shopping não fica mais com esse tom ameaçador”, exemplifica o especialista Sérgio Guimarães.
A dica, portanto, é fazer um planejamento em casa e listar, por exemplo, todas as pessoas que serão presenteadas e o orçamento para cada presente. “Sente em casa, abra uma planilha, coloque o nome das pessoas e o quanto quer gastar com cada uma delas. Depois, faça uma relação de tudo que você vai precisar para a ceia de Natal. Com as listas prontas, entre na internet para pesquisar os preços”, aconselha o especialista.
Lojas já estão em clima natalino e algumas já apostam em promoções. (Foto: Katherine Coutinho/G1) 
Antes de ir às compras, faça uma lista e se planeje
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Depois de montar essa planilha, é preciso agrupar as demandas para realizá-las em um curto espaço de tempo. “Se você tem relacionado tudo o que vai comprar, já saia de uma vez para fazer tudo. Não compre o presente do seu pai em um dia e o da sua mãe no outro, por exemplo”, diz.
Segundo o especialista, tudo que a pessoa conseguir agrupar, ela faz com mais eficiência, menos tempo e, consequentemente, menos estresse. “Quanto mais você dispersa atividades, mais tempo você vai consumir porque terá que recomeçar sempre. Se eu for três vezes ao shopping, por exemplo, eu preciso procurar vaga no estacionamento três vezes”, exemplifica.
Outra dica importante é dividir as tarefas das festas com os familiares, para tirar a responsabilidade de apenas uma pessoa. “Tem que ter solidariedade. Se a festa for na casa de um, os outros têm que se comprometer em ajudar, a levar comida e arrumar a bagunça. Isso ajuda a deixar o momento prazeroso e com agregação”, defende a psiquiatra Alexandrina Meleiro.
Apesar de o ano estar terminando, o outro começa logo na sequência. As pessoas entram em um espírito de que têm que resolver tudo e perdem a clareza do que é urgente ou não."
psiquiatra Daniel Barros
No entanto, mesmo para quem não conseguir se planejar, ainda dá para evitar estresse, de acordo com o psiquiatra Daniel Barros.
“Tem que entender que, apesar de o ano estar terminando, o outro começa logo na sequência. As pessoas entram em um espírito de que têm que resolver tudo e perdem a clareza do que é urgente ou não, então antes que isso aconteça, é preciso definir as prioridades e, se for o caso, deixar para resolver algumas coisas só no próximo ano”, aconselha o médico.
A psiquiatra Alexandrina Meleiro acrescenta ainda que o que mais estressa as pessoas são os prazos, que geram frustração. “Tem que fazer um cronograma sem data. Ou seja, a tarefa está no plano, mas sem um prazo. Se eu não fizer esse ano, pode ser que faça no outro, mas um dia vai acontecer”, diz.
De acordo com o psiquiatra Daniel Barros, o conflito das festas acontece porque as pessoas se sentem obrigadas a celebrar, mesmo com tantos problemas. “É um paradoxo. É uma época de confraternização e alegria, mas ao mesmo tempo, de tensão e melancolia”, explica. Porém, o médico acredita que a esperança é importante para que o momento seja de comemoração. “Você pode até se entristecer pelo que é, mas deve se alegrar pela esperança do que pode ser”.

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