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1.28.2014

Câncer: Não basta só torcer para que a doença passe longe. É possível, sim, se precaver.

90% dos cânceres são curados quando detectados em estágio inicial; oncologistas recomendam que, se há casos na família, os exames sejam feitos 15 anos antes
Como se sabe, o maior fator de risco para se ter um câncer é a idade avançar, o que explica boa parte do aumento dos casos no País. Mas, o que fazer enquanto isso?
Além de cuidar da alimentação e evitar maus hábitos como o fumo e o sedentarismo, o indicado é procurar um médico. Exames periódicos, chamados de oncocheckup, são necessários para afastar qualquer suspeita – e detectar qualquer alteração precocemente, já que muitos cânceres são silenciosos e vêm à tona apenas quando estão em estágio mais avançado.
“A pessoa tem que procurar um bom médico – um que converse bastante com o paciente, que fique com ele ao menos por uns 30 minutos e o examine dos pés à cabeça. E, com base nos fatores de risco da pessoa, o médico deve pedir os exames apropriados”, recomenda Ademar Lopes, cirurgião oncológico e vice-presidente do Hospital A.C. Camargo Cancer Center.
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Abacate: rico em ácidos-graxos poli-insaturados e em vitaminas do grupo B, essenciais no combate ao câncer . Foto: Getty Images
A hora certa de começar
Para as mulheres, o exame de papanicolau deve ser feito anualmente desde o início da vida sexual, já que detecta casos de câncer de colo do útero. A mamografia deve entrar no calendário a partir dos 35 anos. “Se fizermos diagnóstico precoce e tratamento apropriado, podemos curar 90% dos casos de câncer, a baixo custo e sem mutilação. Se for esperar identificar pelo exame de toque, o estágio já estará avançado”, explica Lopes.
No caso dos homens, o exame de toque que detecta o câncer de próstata deve ser feito anualmente a partir dos 45 anos.

Homens e mulheres devem fazer a colonoscopia a partir dos 50 anos. O exame, que detecta câncer no intestino, deve ser feito a cada cinco anos. “Quase 100% dos cânceres no intestino vem de um pólipo, que é uma verruguinha pedindo para ser retirada. O mais importante é que a pessoa portadora desses pólipos não sente nada”, explica Lopes, alertando para a detecção precoce. “Se o indivíduo já teve casos na família também, deve fazer os exames a cada 3 ou 4 anos. Se alguma alteração foi detectada, ele deve fazer o exame anualmente”, completa.
Em todos os tipos de câncer, o início dos cuidados deve ser antecipado se houver casos na família. A recomendação do vice-presidente do Hospital A. C. Camargo é que os exames comecem a ser feitos quando a pessoa tiver 10 ou 15 anos a menos do que tinha o familiar quando descobriu a doença. Isso significa que, se a mãe da paciente teve câncer de mama aos 40, ela deve fazer mamografia a partir dos 25, 30 anos de idade.
Atenção: alguns cânceres não têm diagnóstico precoce
Apesar de o oncocheckup ajudar na precaução e no adiantamento do diagnóstico, existem cânceres que burlam essa lógica. O câncer de pulmão, por exemplo, não é detectável ainda no começo, assim como o de pâncreas e ovários. Quando aparecem, já estão avançados.
A leucemia é outro exemplo. Surge do nada. A pessoa pode fazer um exame de sangue em um mês e estar com todos os resultados normais e, no mês seguinte, ser diagnosticada com a doença. "Não existe um exame que antecipe o diagnóstico. O anúncio são os sintomas como febre persistente, sangramento e cansaço", explica Gilberto Colli, hematologista do Hospital do Câncer de Barretos. "A partir daí, um exame clínico e um hemograma confirmam a suspeita. A leucemia pode surgir de uma hora para a outra, independente se é criança, jovem ou idoso."
Hereditariedade
Não basta ter tido um parente com câncer para concluir que é algo hereditário. Apenas de 8% a 10% dos cânceres são hereditários e um exame genético detalhado é capaz de identificar essa mutação de genes, para que a prevenção e identificação seja feita ainda cedo.
“Em alguns casos, se for identificado uma chance de ter câncer no intestino por razões genéticas, até uma cirurgia preventiva pode ser feita”, explica Sérgio Serrano, vice-diretor clínico do Hospital do Câncer de Barretos.
Nos casos de familiares que tiveram câncer a partir dos 50 anos, os descendentes, via de regra, não devem se preocupar com hereditariedade. O surgimento da doença, nesse caso, é creditado à idade, maus hábitos e outros fatores. Mas compensa, sempre, relatar ao médico e fazer o oncocheckup.
Prevenção é o melhor remédio
De qualquer forma, a prevenção é a saída mais concreta quando o assunto é câncer. Manter um estilo de vida saudável, fugir do sedentarismo e ter uma dieta rica em antioxidantes, que ‘reparam’ as células que sofreram mutação durante o dia, é a melhor forma de lutar para que essa doença se mantenha longe.
“Não fumar, não beber, se proteger contra o HPV, alimentar-se bem, não se expor excessivamente ao sol, manter um estilo de vida tranquilo com alimentos mais naturais e crus é muito importante”, explica Hezio Jadir Fernandes Junior, diretor do Instituto Paulista de Cancerologia.

E, claro, não se esquecer de manter os exames em dia. "O problema acontece quando a pessoa faz o oncocheckup, sai tranquila e demora muito para voltar no médico de novo. Essa falsa sensação de segurança abre portas para cânceres silenciosos crescerem e não serem detectados no estágio em que já poderiam ser, dificultando a cura", conclui Serrano.
  Elioenai Paes , iG São Paulo

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