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1.30.2014

Obesidade começa na idade pré-escolar e se arrasta até a vida adulta

Estudo americano com mais de sete mil crianças mostra que sobrepeso aos 5 anos se transforma em problema de saúde pública aos 16 anos

Gina Kolata
Do New York Times

Em 2011, Lu Zhihao, aos 4 anos, 1m10cm e 62kg come asas de frango frito em um mercado de Foshan, província de Guangdong, na China
Foto: Joe Tan / Reuters


Em 2011, Lu Zhihao, aos 4 anos, 1m10cm e 62kg come asas de frango frito em um mercado de Foshan, província de Guangdong, na China Joe Tan / Reuters
NOVA YORK - Para muitos adultos obesos, a sorte foi lançada aos 5 anos de idade. Um estudo com mais de sete mil crianças descobriu que um terço das que tinham sobrepeso no jardim de infância viraram adultos obesos por volta do nono ano de ensino, aos 16 anos de idade. E quase toda criança que era obesa continuou desta maneira.
Algumas dessas crianças perderam o excesso de peso, e outras de peso normal engordaram ao longo dos anos. Mas todo ano, as chances de uma criança ganhar muito peso diminuíam, e aos 11 anos houve poucas alterações adicionais: aquelas que eram obesas continuaram obesas e as de peso normal não ganharam peso.
- A mensagem principal é que a obesidade é estabelecida muito cedo e isso basicamente se arrasta até a adolescência e vida adulta — disse Ruth Loos, uma professora de medicina preventiva na Escola de Medicina Icahn da Mount Sinai, em Nova York, que não estava envolvida no estudo.
Esses resultados, surpreendentes para muitos especialistas, surgiram de um raro estudo que acompanhou a evolução do peso corporal por anos, do jardim de infância ao equivalente ao nono ano de ensino. Especialistas dizem que eles podem redesenhar formas de aproximação para combater a epidemia de obesidade, sugerindo que os esforços devem começar muito antes e com foco nas crianças que apresentam maior risco.
A descoberta, publicada nesta quinta-feira na “New England Journal of Medicine” não explica por que isto acontece. Pesquisadores dizem que pode ser uma combinação de predisposição genética ao sobrepeso e do meio ambiente que estimula o hábito de comer demais. Os resultados fornecem uma possível explicação para por que os esforços para ajudar as crianças a perder peso têm dado poucos resultados.
O combate à obesidade pode ter escolhido uma gama ampla demais de crianças em idade escolar, em vez de começar pelas crianças matriculadas no jardim de infância, com ênfase naquelas que já estavam gordas muito jovens. Estudos anteriores estabeleceram quantas crianças foram gordas em cada idade, mas não se o seu peso mudava á medida que cresciam. Para documentar a extensão da obesidade infantil, eles deram um quadro incompleto de como a condição se desenvolvia, disseram os pesquisadores.
- O que é surpreendente é a diminuição relativa na incidência após essa explosão inicial da obesidade, que ocorre aos 5 anos - disse Jeffrey Koplan, vice-presidente do Instituto de Saúde Global de Emory, em Atlanta. - É quase como se, se você puder passar pelo jardim de infância sem o peso, suas chances fossem imensamente melhores.
Koplan, um ex-diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, não fez parte do estudo, embora seu principal autor, Solveig Cunningham, seja professor assistente da Escola de Saúde Pública na Emory.
O estudo envolveu 7738 crianças em uma amostra representativa do país. Os pesquisadores mediram a altura e o peso das crianças sete vezes do jardim de infância ao nono ano.
Ao entrar no jardim de infância 12,4% eram obesas, o que foi definido como tendo um índice de massa corporal (IMC) no ou acima do 95º percentil e 14,9% estavam em sobrepeso, com IMC em ou no 85º percentil. No nono ano, 20,8% eram obesas e 17% estavam em sobrepeso. Metade das crianças obesas no jardim de infância viraram jovens obesos no nono ano e cerca de três quartos dos muito obesos continuaram obesos. O risco de crianças gordas no jardim de infância ficarem obesas no nono ano foi de quatro a cinco vezes maior que o de seus colegas magros, segundo o estudo.

Cabeçalho da página

OBESIDADE INFANTIL E AVALIAÇÃO EM PRÉ-ESCOLARES

Antonia Dalla Pria Bankoff, Eliana Angélica Moutinho

Resumo

A obesidade, vista como um problema de saúde pública, cada vez mais, torna-se alvo de estudos e pesquisas em que o foco principal é o diagnóstico precoce da patologia. Apesar
de poder instalar-se em qualquer época da vida de um indivíduo, acredita-se que a obesidade tem seu ponto crítico entre o primeiro ano de vida e a idade escolar (Fisberg,
1993). Portanto, nossa proposta de trabalho foi a realização de medidas antropométricas (peso e altura) em crianças pré-escolares, com o objetivo de estimar o quadro de obesidade
e o perfil nutricional de crianças na faixa etária entre 4 e 6 anos utilizando-se de um software denominado Sistema de Crescimento (Siscres). O universo populacional do
estudo constituiu-se de 155 crianças de ambos os sexos com idades entre 4 e 6 anos, que freqüentam a pré-escola da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) convênio
Unicamp/Prefeitura da cidade de Campinas-SP –, sendo 75 do sexo feminino e 80 do masculino. A coleta de dados foi realizada entre os meses de julho e agosto, no horário
normal das aulas, porém que não o fosse após o lanche e/ou almoço. As crianças encontravam- se com o mínimo de roupa possível (feminino com maiô de duas peças e masculino
de sunga) e descalças. Para a obtenção do peso, utilizou-se uma balança antropométrica da marca Filizola com divisões de 100g e carga máxima de 150kg. Para a obtenção da
altura, utilizou-se uma plataforma de avaliação composta por um antropômetro de madeira, gravado com centímetros, com esquadro móvel para o posicionamento da cabeça
da criança e uma fita métrica de 150cm. Através dos dados obtidos, foram construídos histogramas que apresentam a freqüência dos valores para indicadores comparados com
curvas construídas para a população normal, separados por sexo. Os resultados demonstraram que no grupo há uma dispersão das freqüências com acentuado deslocamento
para a direita em ambos os sexos. Para o peso feminino essa dispersão ocorreu em seu valor máximo a 1,5 de desvio-padrão e, ainda, encontraram-se valores acima de z=3,5,
mostrando grande número de casos muito elevados. Esse deslocamento ocorreu também e em maior proporção com o grupo masculino. Para a altura, embora em menor grau, foi observado também um desvio para a direita, aproximadamente 1,0 de desviopadrão e valores acima de z=3,0. Na relação peso/altura os grupos apresentaram deslocamento para a direita com um número muito alto de valores z acima de 4,0. Segundo a análise nutricional, a maior parte do grupo encontra-se dentro dos limites de peso e
altura, porém muitos dos casos apresentam valores muitos próximos aos dos limites mínimo e máximo que os consideram dentro dos padrões de normalidade.

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