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1.06.2014

Quando chega o segundinho

Como dividir o amor? E o quarto? E o ciúme? As mães contam tudo

Foto: Think Stock
Encantados com a experiência do primeiro filho, muitos casais se animam rápido para ter outro. Se a proximidade de idades entre crianças traz vantagens, como a praticidade na rotina e a amizade que surge pelos interesses comuns, para as mães, embora desejado e planejado, o nascimento do segundo filho pode trazer algumas preocupações.

A mais comum vem antes mesmo de o bebê sair da barriga e diz respeito ao sentimento mais nobre, o amor. Ora, se o primeiro filho representa tudo de mais forte que ela já sentiu, como dividir esse amor com outra pessoa? "É como se, gostando da segunda, filha estivéssemos traindo a primeira", explica Barbara Araujo, professora, 36 anos, mãe de Maya, 3 anos, e Cora, 6 meses. Essa parte costuma ser resolvida facilmente e sem pensar muito. O amor se multiplica, a mãe não deixa de amar o primeiro filho, apenas passa a amar o segundo tanto quanto o primeiro.

O tão falado ciúme
No lado prático da vida, no entanto, as coisas não se resolvem tão rapidamente. Elenira Peixoto, 33 anos, atriz, mãe de Dora, 5 anos, e Maria, 1 ano e 6 meses, conta que até hoje é difícil dividir a atenção: "Desde o nascimento da caçula me sinto perdida na administração afetiva das duas filhotas. Parece que nunca é suficiente o quanto consigo dar para cada uma". O desabafo de Elenira faz sentido, pois o ciúme, tão falado, nem sempre surge pontualmente no nascimento do bebê. Ele pode vir a qualquer momento, quando o primeiro filho perceber, por meio de alguma situação, que perdeu espaço para o segundo. Muitas vezes só aparece quando o bebê começa a andar ou falar e torna-se mais sociável, fazendo com que a criança mais velha reconheça que não é mais o único centro das atenções.

É normal que o ciúme surja. No entanto, dependendo da idade, a criança ainda não consegue identificar o que está sentindo e não sabe como lidar. Nessa hora, os pais podem ajudar. Foi o que fez Luanda de Barros Fonseca, 31 anos, consultora de estilo, mãe de João, 4 anos, e Irene, 1 ano. Meses depois do nascimento da irmãzinha, um dia, João teve uma crise de choro porque a mãe estava amamentando a bebê e pediu para outra pessoa levá-lo à escola. "Depois de espernear, ele finalmente desabafou: `Não aguento mais você e essa minha irmã. Estou bravo com tudo isso. Por que você agora não é só minha mãe?´." Aliviado por ter assumido o que sentia, abraçou a mãe e conversaram. "Precisamos ajudá-los a elaborar e nomear o que sentem, pois, abrindo para o diálogo, tudo fica mais fácil", explica Luanda.

A divisão do espaço
Uma outra grande preocupação é em relação às coisas materiais que precisarão ser divididas e ao próprio espaço físico que o primogênito passa a compartilhar com o novo morador. Algumas mães preferem que os irmãos tenham quartos separados, de forma que cada um seja dono de um cantinho próprio. Outras, como Luanda, acham ótimo que o quarto seja comunitário. Para as crianças, a representação do espaço físico é muito importante em sua compreensão de mundo, por isso a relevância da questão do quarto. Barbara percebeu que foi apenas quando montaram o berço da pequena, já com quase 3 meses, no quarto da mais velha é que ela finalmente aceitou a chegada da novata: "Para nós, caiu a ficha que estávamos escondendo a Cora da Maya. Parei de me sentir culpada por amar a Cora e resolvi deixar claro que ela existe, que amo as duas, dou conta deste amor e, a partir de agora, o espaço é de ambas!". Funcionou. Maya até topou emprestar seus utensílios para o banho da irmã. Com o devido tempo e sua aceitação do processo, a criança mais velha torna-se cada vez mais participativa e colaborativa, passa a dividir com naturalidade e gostar da situação. Ela também ganha autonomia e passa a fazer sozinha algumas coisas, já que a mãe está ocupada com a mais nova.

Luanda acha sensacional que os dois filhos dividam o quarto, pois facilita para sincronizar a rotina. "Eles jantam juntos, tomam banho juntos e dormem na mesma hora." Ela está tão craque na administração do ciúme e da casa com dois que nem a chegada da terceira a assusta. Luanda, que está no sexto mês de gravidez de Tereza, tem enfrentado olhares de espanto na rua quando percebem que tem mais um a caminho, mas não se abala: "Tenho certeza de que com três será megacansativo, mas vai ser muito legal e certamente darei conta dos meus filhos", finaliza.

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